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sábado, 18 de setembro de 2010

Não haverá mercado para 500 mil demitidos em Cuba, dizem analistas


Governo anunciou corte até março de 2011 para reduzir gastos sociais.

Regime espera que exilados sustentem parentes demitidos, diz cubano.

Amauri Arrais Do G1, em São Paulo


A reforma econômica que vem se processando em Cuba teve esta semana a sua medida mais drástica: o governo, que emprega cerca de 90% dos trabalhadores da ilha, anunciou um corte de 500 mil servidores até março de 2011, como forma de reduzir “vultosos gastos sociais”.

Para ‘cubanólogos’ ouvidos pelo G1, a medida pode ter consequências graves no curto prazo, sem que a massa de desempregados –que pode chegar a 1 milhão em três anos- consiga ser absorvida pelo mercado. Entre as alternativas sugeridas aos sem emprego pelo governo, estão criar coelhos, pintar prédios ou conduzir barcos na baía da Havana (veja quadro).

Mercado privado licenciado pelo governo cubano: regime aposta no crescimento dos negócios próprios para absorver os 500 mil servidores que serão demitidosMercado privado licenciado pelo governo cubano: regime aposta no crescimento dos negócios próprios para absorver os 500 mil servidores que serão demitidos (Foto: Desmond Boylan / Reuters)



Para o jornalista e escritor cubano Carlos Alberto Montaner, que vive entre Madrid e Miami desde 1970, trata-se de um “ajuste brutal, que poderia ser qualificado de ‘neoliberal’ se tivesse sido feito por um governo democrático”.

“Em três anos, planejam despedir 1,3 milhão de pessoas. Isto é mais de 25% da força de trabalho. Não haverá empregos para este número enorme de pessoas. A esperança não admitida pelo governo é de que os familiares e amigos exilados os sustentem do estrangeiro”, afirma.

Autor de “A Revolução Cubana”, o argentino Luiz Fernando Ayerbe também questiona a capacidade da economia cubana de absorver todos os demitidos.

“O problema é: esses trabalhadores vão para onde? O governo diz que eles seriam absorvidos pelo setor privado que estaria em processo de expansão graças às medidas liberalizantes, mas não há garantia que isso vá acontecer. (...) Depende muito de que a economia cubana se ative a ponto de gerar alternativas pra essas pessoas”, diz o professor, que é coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp.

Fonte: G1

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