Governo vai pagar 50% da passagem para custear operação em pequenos aeroportos
Lu Aiko Otta e João Villaverde, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O governo federal vai gastar até R$ 1 bilhão por ano com subsídios diretos às companhias aéreas para permitir voos a pequenos aeroportos regionais. Esse dinheiro, afirmou o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt, sairá do fundo formado principalmente com recursos obtidos com a concessão de grandes aeroportos à iniciativa privada no ano passado.
O governo vai pagar 50% das passagens em até 60 assentos para aeronaves que operarem nesses aeroportos. O fortalecimento da aviação regional é a grande aposta do governo para aumentar a competição entre as companhias e evitar abusos de preços. Os subsídios devem tornar comercialmente viáveis os voos até esses terminais.
Além disso, as companhias regionais terão maior acesso ao aeroporto de Congonhas (SP), hoje muito concentrado nas grandes empresas, como TAM e Gol. O terminal movimenta atualmente quase 17 milhões de passageiros. A ideia é redistribuir os horários de pouso e decolagem (slots), levando em conta a pontualidade e a necessidade de abrir espaço para outras companhias. "Isso vai aumentar a competitividade e melhorar a qualidade", avalia o ministro. E, com mais competição, haverá menos espaço para abuso em preços.
O governo aposta em competição e melhor infraestrutura para coibir aumentos exagerados nos preços das passagens, inclusive na época de grandes eventos, como a Copa. "O setor é livre, mas é claro que se observarmos preços fora da curva podemos fazer uma intervenção", disse o ministro. "Estamos acompanhando." Bittencourt acredita que, com mais empresas operando, tarifas muito caras não se sustentarão.
Obras. Há um mês, a presidente Dilma Rousseff lançou um pacote de medidas para alavancar o setor aeroportuário, com investimentos de R$ 7,3 bilhões para reforma e melhoria de 270 aeroportos regionais. As obras serão incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Para fugir dos entraves formais que atrasam empreendimentos públicos, o governo vai adotar uma estratégia nova. Foi fechado um convênio com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São Paulo, e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para que essas instituições elaborem projetos iniciais das ações necessárias.
Com base nesses documentos, o Banco do Brasil, em parceria com a SAC, contratará empresas que farão o projeto de engenharia e as obras. "Será porteira fechada", comentou o ministro. Ao juntar as duas fases, o governo espera economizar tempo.
Além disso, o BB está autorizado, desde o fim do ano passado, a "driblar" as amarras impostas pela Lei das Licitações quando administrar projetos do setor aéreo. Nesses casos, poderá utilizar o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), que é mais rápido. Na Infraero, por exemplo, o uso do RDC encurtou os prazos de contratação de 120 dias para 60 a 90 dias e os preços ficaram 12% inferiores.
Bittencourt acredita que o Banco do Brasil será mais ágil na contratação das obras.
Custos. O governo analisa também mais medidas para reduzir os custos das companhias aéreas, levando em conta que o setor, de fato, teve aumento estrutural de despesas. Cerca de 60% dos gastos são em moeda estrangeira que, no ano passado, subiu. Além disso, existe pressão no mercado do petróleo. O querosene de aviação ficou três vezes mais caro em dez anos.
Este mês, entrou em vigor a desoneração da folha de pagamentos. Mas a avaliação é que há espaço para avançar nos cortes de tributos. "O ICMS chega a 19% em média e, como incide no combustível, o peso é ainda maior." A redução do PIS/Cofins também está em análise, mas ainda não há decisão.
Fonte: ESTADO DE SP
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