RICARDO GARCIA
WWF divulga lista de animais e plantas recentemente descobertos na região e alerta para os riscos que correm.
Tometes camunani: é piranha, mas não come carne
TOMMASO GIARRIZZOL
Se há peixe temido nos rios da Amazónia são as piranhas. Mas esta tem uma atenuante: é vegetariana. Baptizada com o nome científico Tometes camunani, este peixe é uma das 441 novas espécies de animais e plantas descobertas nos últimos quatro anos na região, segundo uma compilação divulgada pela organização ambientalista WWF.
São 258 plantas, 84 peixes, 58 anfíbios, 22 répteis, 18 aves e um mamífero — neste último caso, um macaco que ronrona como um gato. “Quanto mais os cientistas observam, mais encontram”, afirma Damian Fleming, director dos programas do WWF para o Brasil e a Amazónia, citado num comunicado da organização.
A lista é uma actualização de um trabalho anteriormente publicado pela WWF em 2010, segundo o qual 1200 novas espécies foram descobertas na região entre 1999 e 2009. A organização volta agora ao assunto no âmbito daSemana Eu Amo a Amazónia, uma campanha lançada na segunda-feira passada.
O objectivo é não só mostrar a enorme diversidade biológica da Amazónia, como alertar para os riscos que plantas e animais únicos correm neste momento. A piranha herbívora, por exemplo, vive em rios com forte corrente, em condições específicas que podem ser radicalmente alteradas pela construção de barragens ou pela actividade mineira.
A espécie Tometes camunani, descrita este ano na literatura científica, não é a única que se alimenta exclusivamente de plantas. Em 2002, duas outras piranhas herbívoras do género Tometes tinham já sido descritas por cientistas.
O macaco Callicebus caquetensis é outra das novidades recentes — pelo menos para os cientistas. Os filhotes têm uma característica peculiar: ronronam como gatos quando estão contentes.
É sempre mais difícil descobrir uma nova espécie de mamífero do que de outra classe de animais. Há 5501 espécies de mamíferos conhecidas em todo o mundo, todas elas estudadas, segundo estatísticas da União Internacional para a Conservação da Natureza. Os insectos serão possivelmente um milhão, mas apenas estão descritos cientificamente poucos milhares.
As espécies recentemente identificadas na Amazónia só existem ali e vivem em áreas muito limitadas. “Isto as torna muito mais vulneráveis à ameaça da desflorestação, que destrói três campos de futebol de floresta a cada minuto na Amazónia”, sustenta a WWF, no seu comunicado.
Na Amazónia brasileira, a desflorestação tem vindo a diminuir drasticamente. Em 2012, foram destruídos 4571 quilómetros quadrados de floresta, contra um pico de 27.772 quilómetros quadrados em 2004, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
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