Obra de nova fábrica da Ambev em MG é flagrada com trabalho escravo
Segundo MPT, profissionais trabalhavam sob vigilância armada e comiam comida azeda
Patrícia Basilio - iG São Paulo
Cristiano Sant'Anna/indicefoto.com
Também foram constatadas irregularidades na terceirização da obra
Fiscalização feita pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou 25 trabalhadores encontrados em condições análogas à de trabalho escravo em uma obra de nova fábrica da Ambev em Uberlândia, Minas Gerais.
A ação, realizada em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego (TEM) e a Polícia Militar ocorreu na madrugada do dia 18 de outubro e levou à prisão de um encarregado armado no alojamento ocupado pelos trabalhadores.
Segundo nota publicada no site do MPT, a arma apreendida não tinha registro e o funcionário não possuía porte legal para o uso.
Além de estarem sob vigilância armada, os empregados da obra permaneciam em alojamento com péssimas condições de higiene. Segundo o MPT, não havia colchões para todos eles e alguns eram obrigados a dormir na garagem da casa. Os trabalhadores também denunciaram que a refeição servida era azeda e que havia grande quantidade de insetos no local.
MPT
Arma e faca que eram utilizadas por encarregado em obra da Ambev, em Uberlândia, Minas Gerais
Também foram constatadas irregularidades na terceirização da obra. A empresa Marco Construções e Projetos Ltda, contratada pela Ambev para a execução da obra, quarteirizou parte da construção para outra empresa.
Participaram da operação dois procuradores do MPT, três auditores-fiscais do MTE e dois policiais militares.
“O MPT acompanhou toda a ação e está apurando os fatos. Diante da gravidade dos fatos apurados, serão de pronto, adotadas as medidas judiciais cabíveis para regularizar essa situação e reparar os danos verificados”, afirma o procurador do Trabalho Paulo Gonçalves Veloso.
No primeiro semestre deste ano, a Ambev anunciou investimento de R$ 550 milhões na construção da unidade, que será a quarta fábrica da empresa em Minas Gerais.
Procurada às 17h30 desta quarta-feira (23), a Ambev ainda não se manifestou.
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