Written By Coisas Judaicas on 20/10/2013 | 10/20/2013
Sinagoga de Surabaya, Indonesia, antes de ser destruída
A surpreendente história dos judeus na Indonésia, voltou ao noticiário recentemente, com a divulgação de que a última sinagoga restante no maior país muçulmano do mundo foi destruída no início de 2013. De acordo com um site holandês, “pessoas não identificadas” demoliram o Beith Shalom, a sinagoga em Surabaya, na ilha indonésia de Java.
A sinagoga há muito já estava fora de uso pelos cerca de 20 judeus que permaneceram na ilha. Era, principalmente, local de protestos anti-Israel e na verdade foi fechada por radicais islâmicos em 2009, segundo o Jakarta Globe. Sua destruição acontece agora, no momento em que o Conselho da Cidade de Surabaya estava no processo de registrar o edifício como patrimônio e assim, o trouxe para as manchetes, mas pouca ação foi feita.
A sinagoga, que está situada no leste de Java, foi construída no século 19 por judeus holandeses; a Indonésia foi uma colônia holandesa durante muitos anos, apenas alcançando sua independência após a Segunda Guerra Mundial. Os primeiros judeus chegaram na Indonésia no século 17 com a Dutch East India Company. Até o início do século 20, haviam cerca de 1.000 judeus espalhados entre as cidades e vilas de Padang, Semarang, Medan, Malang, Bandung, Batavia e Jogjakarta, bem como Surabaya. Na década de 1930, a comunidade cresceu ainda mais com os judeus que fugiram da Europa, atingindo um máximo de cerca de 2.000 pessoas.
A Indonésia não tem relações formais com o Estado de Israel e os israelenses estão autorizados a entrar no país apenas mediante convites e vários meses de burocracia para obter os vistos. Na ilha de Bali, a única província hindu no país, regularmente há encontros de Shabbat para judeus expatriados e alguns israelenses que possuem dupla cidadania com outro país, embora estes o façam em silêncio e sem comentar muito. Há um restaurante vegetariano e um Vegan que pertencem a um proprietário israelense na cidade de Ubud.
A sinagoga em Surabaya tinha tijolos pintados de branco e uma estrela de David do lado de fora. No interior dela se reconhecia facilmente um edifício no estilo ortodoxo sefaradita. Um artigo sobre a sinagoga em Latitudes Revista, datado de 2003, descreve a arca como vazia uma vez que os rolos da Torá que aí ficavam, hoje pertencem a uma congregação na vizinha Cingapura.
O artigo cita dois judeus que viviam em Surabaya, em 2003, Leah Zahavi e Isaac Salomão. Eles descrevem a história recente dos judeus na Indonésia como uma comunidade de comerciantes que também viveram anteriormente em outras partes da Ásia, como Índia, Malásia, Cingapura e Hong Kong.
Interior da Sinagoga na Indonésia
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Indonésia foi ocupada pelos japoneses e, europeus de todas as localidades foram enviados para campos de internamento. Os judeus trabalharam de forma forçada nas estradas de ferro, mas não eram mortos, como na Europa. Depois da guerra, quando a Indonésia foi libertada, alguns judeus – muitos dos quais perderam suas casas e posses – deixaram o país, enquanto outros optaram por ficar, fazendo com que a década de 1950 ficasse conhecida como o “Pico da Comunidade Judaica de Surabaya”. Celebrações do decorrer do ano e os feriados eram abertamente celebrada.
Isso chegou ao fim em 1960, quando a agitação fez a Indonésia um lugar mais arriscado para se estabelecer. Um golpe de Estado em meados de 1960, seguido pela violência anti-comunista generalizada, fez muitos judeus temerem por suas existências e até mesmo suas vidas. Com seus passaportes holandeses, muitos foram capazes de sair – e a maioria fez, alguns chegando a Israel, assim como EUA, Austrália e Holanda. Em 1969 , a ‘uma vez’ vibrante comunidade judaica já havia se perdido praticamente.
Os judeus que ficaram não estão listados como tal em documentos oficiais; a Indonésia reconhece apenas seis religiões: islamismo, cristianismo, catolicismo, budismo, hinduísmo e o confucionismo.
Existe uma comunidade judaica ainda menor na pequena fortaleza, de maioria cristã, de Manado. Embora existam poucos judeus na cidade, o governo aparentemente decidiu reforçar o turismo judaico. Em 2010, uma Menorá (Candelabro de 7 braços) de 62 metros de altura, no valor de US $150.000, foi construída sobre uma colina com vista para a cidade. Bandeiras de Israel podem ser vistas, também, em moto-táxis pela cidade.
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