Os políticos da cidade beneficiam com
frequência religiosos com verba pública
Os vereadores de Sorriso (MT) passaram por cima da Constituição, que determina a laicidade do Estado, e aprovaram o Projeto de Lei 95/13 que autoriza a prefeitura a doar dois terrenos à Igreja Pentecostal Nova Jerusalém.
Os lotes têm 450 metros quadrados cada um deles e estão localizados na rua Colorado, em um bairro cujos terrenos se valorizaram nos últimos anos, o Jardim Califórnia. Se a igreja não usá-los em dois anos, terá de devolvê-los.
Sorriso tem 66 mil habitantes e fica a 420 km de Cuiabá. O prefeito é Dilceu Rossato (PR), que já garantiu a sanção da nova lei.
O vereador Bruno Stellato, líder da bancada (majoritária) que apoia o prefeito, defendeu a doação dos terrenos com o argumento de que as igrejas promovem obras sociais. “Essa doação vai atender uma antiga reivindicação dos membros da igreja que sonham em ter sua sede própria.”
Contudo, para o vereador Dirceu Zanatta (PMDB), que é o líder da oposição, a prefeitura, por uma questão de isonomia, teria de doar terrenos para todas as igrejas, o que não é possível.
Ele disse que a prefeitura deveria usar os terrenos do Jardim Califórnia para a construção de parquinhos, entre outras melhorias, já que o bairro é carente de lazer e infraestrutura.
A vereadora Marilda Savi (PSD), presidente da Câmara, defendeu a aprovação da doação dizendo que é melhor que haja nos terrenos uma igreja do que um presídio. “A igreja é uma instituição que faz um trabalho social preventivo [contra a criminalidade].”
Não é a primeira vez que os políticos de Sorriso desrespeitam o Estado laico. Em meados de 2012, a Câmara Municipal aprovou a liberação de R$ 38 mil para a Pastoral Familiar, da Igreja Católica, contratar uma banda para um evento, e igual quantia para que pastores evangélicos promovessem uma Marcha para Jesus.
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