Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A ascendência judaica dos Peixoto e de outros

Cartas

Foto Ilustrativa

Em relação ao belo artigo sobre a família Sulzberger e o jornal The New York Times, gostaria apenas de acrescentar que esta família descrita como sendo de judeus-alemães, esquece ou esconde um ramo que é basicamente de judeus portugueses, no qual sobrenomes como Mendes Peixoto, Campos Pereira, Mendes Seixas, Maduro, Viera e Lopes identificaram os ancestrais próximos de Arthur Ochs Sulzberger, o atual patriarca da família.
Edição 40 - Março de 2003
Entre todos estes ancestrais há também uma brasileira nascida em
Recife, que pertenceu ao enclave holandês formado naquela cidade durante o século XVII.

Os judeus holandeses eram em sua maioria, naquele período, cristãos-novos ibéricos ou seus filhos, que fugiram dos rigores da Inquisição, para desfrutar a relativa tolerância religiosa dos Países Baixos. Quando os holandeses ocuparam Pernambuco, muitos judeus aproveitaram a oportunidade para voltar ao mundo ibérico. Eles permaneceram no Brasil até a expulsão dos ocupantes holandeses. Nestes anos, desenvolveram atividades comerciais e, como era natural, religiosas também. Interagiram com cristãos-novos locais, estabeleceram sinagogas, trouxeram rabinos.

Um destes rabinos, Isaac Aboab da Fonseca, nascido como cristão-novo em Castro Daire, Portugal, é considerado o primeiro rabino do hemisfério ocidental. Ele pertencia a uma velha dinastia rabínica espanhola e que na expulsão dos judeus da Espanha optou por Portugal, país no qual seus descendentes tiveram que se converter ao catolicismo em 1497, e onde nasceu Simão da Fonseca, que alteraria seu nome quando foi para a Holanda integrando-se ao judaísmo. Isaac Aboab casou-se e teve filhos e, destes, netos e netas, descendência que chegou até os nossos dias.

Levantando a genealogia dos primeiros judeus que chegaram aos EUA, o rabino Malcolm H. Stern encontrou a pernambucana Rachel, de quem ele não conseguiu identificar os pais, mas, que baseado em outras evidências, atribuiu-lhe o sobrenome Aboab, entroncando-a na família do primeiro rabino brasileiro. Ainda não temos muitos elementos sobre esta matriarca brasileira. Sabe-se apenas que ela se casou com Moses Cohen, filho de Diogo Mendes Peixoto. O filho do casal, Josuah Cohen Peixoto, nasceu em Caiena, em 1663, mas foi casar-se em Amsterdã com Ester de Jacob Cohen Peixoto, originária de Bordeaux. O casal teve um filho, Daniel Cohen Peixoto, que saiu de Amsterdã para Curaçao. Sua esposa, Grcia de Abraham Campos Pereira, pertencia também a famílias portuguesas. A filha de ambos, Leah Cohen Peixoto, casou-se o curaçaense Samuel Levy Maduro Peixoto, em 1765, e tiveram Moses Levy Maduro Peixoto, que se casou com Judith de Samuel Lopes Salzedo. Eles tiveram Daniel Levy Maduro Peixoto, e este se casou com Rachel Mendes Seixas, de uma família que chegou aos EUA em 1730, vinda de Portugal, onde tinham vivido como cristãos-novos quase dois séculos e meio.

Daniel Levy Maduro Peixoto (1767-1828), foi um médico importante em New York, e de seu casamento com Rachel Mendes Seixas teve dois filhos. Um deles, Judith Salzedo Peixoto, casou-se com David Holis Hays, e tiveram Rachel Peixoto Hays, em 1861. Ela rompeu com a tradição de casamentos entre judeus portuguses (Portogeese Joden) e casou-se com o judeu ale- mão Cyrus Lindauer Sulzberger. O filho deste casal, Arthur Hays Sulzberger, casou-se com Iphigene Bertha Ochs, filha e herdeira de Adolph Simon Ochs, cria-dor do The New York Times. Ele sucedeu ao sogro na direção do jornal, que repassou o cargo ao filho Arthur Ochs Sulzberger, atual presidente do grupo.

Assim, quase oculta na genealogia de uma família da aristocracia judaica norte-americana, onde encontramos rabinos importantes, comerciantes e médicos, empresários e editores do mais conhecido jornal mundial, encontramos também uma pernambucana quase anônima, a recifense Rachel, como a matriarca de todos.

(Fonte: Stern, Malcolm H., First American Jewish Families, 600 Genealogies, 1654-1988, Baltimore, 1991)
Paulo Valadares
Historiador, Sociedade Genealógica Judaica do Brasil - São Paulo, SP

Font: MORASHA

Nenhum comentário: