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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Desenhista Lars Vilks ataca religião em todas as formas

Presumível alvo do atentado em Copenhague, sueco tem cabeça colocada a prêmio pela Al Qaeda desde a publicação de desenhos de cão com cabeça de Maomé. Mas Vilks tampouco poupa judeus ou a Igreja Católica.

Lars Vilks é desenhista e professor de arte


Lars Vilks tem nervos fortes. Quando, em setembro de 2007, a Al Qaeda colocou sua cabeça a prêmio, por 150 mil dólares, o professor de arte sueco, que estava visitando a mostra Documenta na cidade alemã de Kassel, comentou secamente: "Com a cotação do dólar como está, o que é que vai dar para comprar com o preço da minha cabeça?"

O motivo das ameaças fora a divulgação de desenhos seus que mostravam uma criatura com corpo de cão e a cabeça do profeta islâmico Maomé. Sua intenção, explicara na época, era chamar a atenção para a "reserva artificial" dos artistas diante de tabus religiosos.

Também o tabloide satírico francês Charlie Hebdo– cuja redação sofreu um atentado em 7 de janeiro deste ano, em que 12 pessoas morreram – publicou os desenhos de Vilks. A decisão resultou em protestos no mundo islâmico – embora nem de longe tão violentos quanto os de 2007, quando o jornalJyllands-Posten estampou uma série de caricaturas de Maomé, da autoria do cartunista dinamarquês Kurt Westergaard.

Em questão de religião, o sueco Vilks provoca em todas as direções. Quando críticos do "cão-Maomé" afirmaram que ele não seria capaz de publicar, por exemplo, o desenho de um "porco judeu", foi exatamente isso o que fez. Da mesma forma, castiga verbalmente, em numerosos debates, o que descreve como a repressão da liberdade artística na Polônia pela Igreja Católica.

Sob proteção policial desde 2010

Alvo de extremistas por diversas vezes, Lars Vilks se encontra sob proteção policial desde 2010. Em maio daquele ano dois homens jogaram garrafas de gasolina através de uma janela de sua residência. Mais tarde, foi agredido por um espectador e levemente ferido, durante uma aula na Universidade de Uppsala ele.

"Eu recebo o tempo todo ameaças por e-mail e telefone", revelou o provocador convicto numa entrevista. Uma dessas mensagens eletrônicas lhe chegou pouco antes de um atentado terrorista frustrado em Estocolmo.

Em dezembro de 2010, um homem-bomba se detonou em meio a uma movimentada zona de comércio na capital sueca: quase que por milagre ninguém mais perdeu a vida. O e-mail enviado ao desenhista condenava tanto a mobilização militar do país no Afeganistão, quanto o silêncio do povo sueco em relação aos desenhos blasfemos de Vilks.

Em janeiro de 2014, a americana convertida ao islã Colleen LaRose, conhecida como "Jihad Jane" foi condenada a dez anos de prisão por, juntamente com outros fundamentalistas, planejar o assassinato de Vilks. A terrorista chegara a viajar para a Europa em 2008 para esse fim, mas o encontro planejado com os mentores da conspiração nunca se realizou.

"Charlie Hebdo" também publicou caricaturas de Vilks

Atentado em debate sobre liberdade de opinião

O atual estado das investigações indica que o desenhista era o alvo do atentado a tiros de 14 de janeiro de 2015, em Copenhague, em que um homem morreu e três policiais ficaram feridos.

Ele participava de um debate no café e centro cultural Krudttønden, tendo como tema "Arte, blasfêmia e liberdade de opinião", com a presença do embaixador francêsFrançois Zimeray. Protegido por guarda-costas, também dessa vez Vilks escapou ileso.

Como artista, Lars Vilks é mais conhecido pela gigantesca instalação Nimis, feita com madeira encontrada à deriva, na península Kullaberg, sul da Suécia. O alemão Joseph Beuys (1921-1986) comprou a escultura em 1986, em solidariedade com o radical colega sueco. Mais tarde, Nimis passou para as mãos do "artista-empacotador" búlgaro Christo.

AV/afp/rtr/dpa/dw

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