Com histórico de atentados, embaixada dos EUA no Iêmen é fechada após golpe de xiitas
Evacuação de sede é justificada pela deterioração da segurança com tomada de poder da oposição Houthi em país predominantemente sunita
Quatro dias após a oposição xiita Houthi decretar golpe e dissolução do Parlamento do Iêmen, os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (10/02) que a Embaixada norte-americana será fechada em Sanaa e o embaixador Matthew H. Tueller deixará o território nas próximas horas.
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Fachada da embaixada na capital iemenita: alvo de muitos ataques nos últimos anos; os mais marcantes em 2014, 2012 e 2008
Além da atual turbulência política, a decisão foi tomada em virtude do histórico da sede diplomática no país: em 28 de novembro do ano passado, a embaixada dos EUA na capital iemenita foi alvo de um bombardeio orquestrado pelo braço da Al Qaeda no país, também conhecido como AQAP (Al Qaeda na Península Arábica), que não deixou feridos. No entanto, o mesmo local foi palco de uma série de ataques nos últimos anos, incluindo um atentado que resultou na morte de 10 pessoas em 2008.
De acordo com as autoridades norte-americanas, o anúncio de fechamento da embaixada é justificado pela deterioração das condições de segurança com a tomada de poder xiita dos houthis, em um país predominantemente sunita. Segundo a Reuters, os EUA vão pedir auxílio para Turquia ou Argélia enquanto o local permanecer fechado.
Esta é a terceira embaixada norte-americana a ser fechada desde o início da Primavera Árabe, em 2010. Outras duas sedes diplomáticas na Síria e na Líbia já foram evacuadas e tiveram seus serviços restritos. Com o fechamento em Sanaa, a imprensa norte-americana teme que a AQAP amplie seus ataques e influência no exterior. O braço iemenita assumiu a responsabilidade pelo ataque à sede da publicação satírica Charlie Hebdo, que matou 12 pessoas em 7 de janeiro em Paris. Os dois irmãos envolvidos no tiroteio, Said e Cherif Kouachi, eram integrantes do grupo.
EFE
O líder do movimento xiita, Abdel Malek al Huti, realiza discurso hoje em rede nacional após anúncio de fechamento da embaixada dos EUA
Entenda o que se passa no Iêmen
Na última sexta-feira (06/02), o movimento Houthi anunciou a dissolução do Parlamento do Iêmen e a formação de um Conselho Presidencial para administrar o país interinamente por dois anos. O golpe vem em meio a um vácuo de poder no Executivo do país desde a renúncia do presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, há pouco mais de duas semanas.
A renúncia de Hadi aconteceu no dia 22 de janeiro, horas após o anúncio de que o primeiro-ministro iemita, Khaled Bahah, deixaria o cargo. De acordo com o mandatário, o país predominantemente sunita está "em um beco sem saída" depois que o grupo xiita Houthi investiu contra o palácio presidencial e chegou a confinar o então chefe de Estado em sua própria residência para se firmar no controle do país.
EFE
Tropas leais aos Houthis saíram às ruas do Iêmen celebrar golpe orquestrado pelo movimento de oposição
O ex-presidente iemenita também disse se sentir “humilhado” desde que assumiu o Executivo em 25 de fevereiro de 2012, após a renúncia do antecessor, Ali Abdullah Saleh, influenciada pelos protestos populares de 2011. A presidência estava sendo ocupada pelo presidente do Parlamento, Yahia al Raie, já que não existe um vice-presidente no Iêmen.
Os houthis, que pegaram em armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010, sequestraram no mês passado o chefe de gabinete da presidência, Ahmed Awad Mubarak. Nos últimos meses, o grupo tomou o controle de 7 das 17 províncias do Iêmen, incluindo a capital, onde os níveis de tensão aumentaram nas últimas semanas com o ataque às sedes presidenciais.
Há meses, o movimento xiita apoiado pelo Irã reivindica uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades em setembro de 2014. Além disso, a AQAP tem reagido à ascensão dos houthis, atacando suas forças, assim como alvos governamentais e militares, deixando o país em situação caótica.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/
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