A "hidra-papista" e o Brasil-colônia

Calvino rotulava a Igreja Católica como a hidra papista.

A Hidra de Lerna, por exemplo, é um animal mitológico com corpo de dragão e sete (ou mais) cabeças.

No Brasil, a principal das cabeças pode ser simbolizada pela CNBB; a outra pelo Poder Judiciário; a terceira pela bancada católica no Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores, todos voltados para assegurar imunidade e isenções tributárias à ICAR; a quarta pelas entidades ditas filantrópicas; a quinta pelos colégios mantidos pelas várias congregações, mas que drenam recursos estatais; a sexta pelos hospitais também mantidos por congregações religiosas, as quais igualmente sugam recursos públicos; a sétima  pelos chamados Santuários, centros de exploração da credulidade e ingenuidade populares, os quais arrecadam quantias fenomenais, utilizando-se de supostos santos e beatos, a exemplo do santuário de Aparecida (onde a hotelaria e o comércio em geral movimentam somas consideráveis); a oitava pela Maçonaria de rito cristão (lojas adoniramitas, por exemplo), que age em prol dos interesses católicos e até administra instituições ditas "de caridade", como é o caso da Irmandade do Senhor dos Passos, em Florianópolis.

O rol de cabeças é praticamente inesgotável, mas as principais estão elencadas acima.

E ninguém se dispõe a cortar as cabeças da hidra, para desgraça da nossa "república de bananas", como já nos rotularam os argentinos, com sobras de razão, embora lá no país vizinho a religião católica seja até oficial, conforme a Constituição local (Art. 2º.- El Gobierno federal sostiene el culto católico apostólico romano).
Os argentinos, portanto, portam-se como "papa-hóstias" assumidos e subalternos aos interesses da hidra. No Brasil, escamoteamos a qualidade de servos do Vaticano da nossa Constituição. Mas o princípio da primazia da realidade não permite dúvidas: somos uma colônia de hipócritas que nos proclamamos uma república "laica".