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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A visão russa sobre o atentado à AMIA, na Argentina, a imprensa-empresa e as eleições que se avizinham


'Falsa-bandeira' e como começar uma 'revolução colorida' na Argentina
28.01.2015 | Fonte de informações: 

1987-88: Irã assinou três acordos com a Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina. O primeiro acordo Irã-Argentina envolvia ajuda para converter o reator do Tehran Nuclear Research Centre (TNRC) que os EUA haviam fornecido a Teerã, de reator para combustível alto-enriquecido, para reator de combustível (urânio) baixo-enriquecido a 19,75%, e fornecer ao Irã o urânio baixo-enriquecido. 

23/1/2015, Mario, The Vineyard of the Saker

Como começa:

Dezembro, 1992: A embaixada em Buenos Aires informa ao governo argentino que Washington não aceita a continuação do acordo de cooperação nuclear Irã-Argentina. 

Em março de 1992, a embaixada de Israel, e em julho de 1994 o prédio da Asociación Mutual Israelita Argentina, AMIA, foram explodidas, supostamente por carros-bombas. 

Investigações independentes na Argentina e o relatório inicial de Charles Hunter (FBI) mostram que as duas explosões, considerados os danos nos prédios em volta, são inconsistentes com a teoria dos carros-bombas.

Ao contrário de todas as provas materiais, o governo israelense e, depois, Washington, pressionam o presidente argentino Carlos Saul Menem a insistir na ideia de que os iranianos teriam plantado os carros-bomba, em cooperação com o Hezbollah.

O processo judicial dá em nada, até que o presidente Nestor Kirchner indica o juiz Nisman in 2005 para iniciar nova investigação. Nisman tem contatos próximos na embaixada dos EUA, com advogados norte-americanos especialistas em investigações antiterrorismo e com alguns membros da SIDE (inteligência argentina).

Em 2013, Nisman instrui a Interpol a emitir ordens de prisão contra uma lista de iranianos e libaneses importantes:

- Hashemi Rafsanjani, então presidente do Irã 
- Ali Akbar Velayati, então ministro de Relações Exteriores 
- Ali Fallahijan, então chefe da inteligência 
- Mohsen Rezai, então comandante da Guarda Revolucionária 
- Imad Mougnieh, chefe da segurança exterior do Hezbollah
- Ahmed Vahidi, então comandante das forças "Al Quds" [Jerusalém] 
- Mohsen Rabbani, ex-representante diplomático na Argentina
- Ahmad Ashagri, ex-representante diplomático na Argentina
- Hadi Soleimanpour, ex-embaixador do Irã na Argentina.

A presidenta Cristina de Kirchner várias vezes disse que não acredita na existência de alguma 'conexão Irã' (vários funcionários dos EUA questionaram publicamente se haveria prova de envolvimento iraniano [James Cheek]) e usou a recente abertura para consultas entre Washington e Teerã, como uma oportunidade para negociar uma "comissão da verdade" Irã-Argentina, a ser constituída de cinco juízes independentes, nenhum deles iraniano ou argentino.

A oposição e o lobby pró-Israel contestaram a ideia e qualquer possível acordo. 

O toque final: 

Haverá em breve eleições na Argentina, e Cristina de Kirchner não pode ser reeleita, e há forte polarização de candidatos, mas as pesquisas mostram que Scioli, candidato apoiado por Cristina pode vencer no segundo turno. 

É onde entra o juiz Nisman: Ele apresenta uma denúncia, de que a presidenta Cristina de Kirchner teria conduzido negociações secretas com o Irã, por canais não diplomáticos, oferecendo-se para encobrir o envolvimento de oficiais iranianos, de modo que a Argentina pudesse começar a trocar grãos pelo muito desejado petróleo iraniano. Ordena que todos os bens da presidenta Cristina de Kirchner sejam bloqueados. 

A denúncia baseia-se em "suposta prova" apresentada por Stiuso (recentemente demitido da presidência da contrainteligência da SIDE argentina, e agente que teria bons contatos com o Mossad) e outros agentes menos importantes. 

A imprensa-empresa argentina, toda ela de oposição, faz circular amplamente o conteúdo da denúncia, ignorando a declaração oficial feita pela Interpol, de que o governo argentino jamais requerera a suspensão das ordens de prisão contra os iranianos. 

A denúncia, de que teria havido "intenção de encobrir fatos" não tem base legal. A lei argentina penaliza o ato, não a intenção - 'detalhe' que a imprensa-empresa de propaganda da oposição apagou completamente da discussão social. 

No dia em que o juiz Nisman estava convidado pela oposição para falar ao Congresso, ele é encontrado morto no seu apartamento. 

A 'denúncia' de Nisman não sobreviveria por mais muito tempo, mas a morte dele (por suicídio ou não) o elevará à condição de vítima de uma conspiração - o que a imprensa-empresa se encarregará de repetir sem descanso. 

As redes sociais rapidamente converteram o "Je suis Charlie" para "Yo soy Nisman" e organizam-se manifestações públicas diárias, com número já crescente de participantes. 

Só falta, até agora, aparecer lá alguém da embaixada dos EUA, para distribuir sanduíches entre os 'manifestantes'. 

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NOTA DO SAKER:

Fonte: port.pravda.ru

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