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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Holocausto - Maior foi o de russos

Os judeus proclamam a perda de 6 milhões de irmãos.

A cifra de perdas russas (considera os judeus que lá estavam?) seria, portanto, quase quatro vezes maior que a de judeus sob o nazismo.

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URSS: Conquistas do Grande Outubro que devemos agradecer



Aos 92 anos da fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), muito temos que agradecer e não deixar cair no esquecemos, por exemplo, porque a URSS desempenhou um papel fundamental na derrota da Alemanha nazista. A Batalha de Stalingrado foi decisiva para a vitória dos aliados à custa da heroica resistência soviética, com a perda de 23,4 milhões de pessoas, mais de 26 vezes o número de mortes que sofreram os EUA e o Reino Unido juntos. Uma vez concluída a guerra, o “agradecimento” do mundo capitalista foi ao Plano Marshall, desenvolvido sob a condição de que os comunistas fossem excluídos dos parlamentos que recebiam ajuda pós-guerra.

Operário e camponesa erguem foice e martelo.


Para efeito de conhecimento das gerações mais novas, em 30 de dezembro de 1922, há exatos 92 anos foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que reunia, naquela época, sete repúblicas, entre elas a Rússia.

A URSS foi o primeiro Estado socialista do mundo. Esse regime começou a ser estabelecido em março de 1917, após a queda da monarquia czarista totalitária, absolutista e feudal.

O império do Czar (Rei) era incontestável, já que era considerado um ser divino, legítimo representante de Deus na Terra com poder de vida e morte para com os seus súditos.

Seguiu-se ao mesmo ano a derrubada do governo provisório de Kerensky pelos Bolcheviques em novembro, ou melhor, outubro pelo calendário russo da época.

Depois de assumir o poder, os bolcheviques instauraram um governo provisório proletário para governar o país, dirigido por operários, camponeses e intelectuais revolucionários.

O órgão mais importante do novo governo era o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Vladimir Ilitch Lênin.

O governo revolucionário tomou imediatamente diversas medidas inéditas destinadas a modificar total e profundamente a sociedade russa, deixando assombrado o mundo capitalista, feudal e monárquico da época: reforma agrária e fim da propriedade privada da terra; extinção de todos os títulos de nobreza; desapropriação de indústrias, bancos e grandes estabelecimentos comerciais, que passaram para o controle do Estado proletário; nacionalização dos investimentos estrangeiros; criação do Exército Vermelho, com a finalidade de garantir as conquistas da Revolução de Outubro; instituição do Partido Comunista (antigo Partido Bolchevique, fração majoritária do Partido Operário Social-Democrata Russo).

O sistema de partido único, baseado nos organismos de base da sociedade, instalou na Rússia a chamada “ditadura do proletariado” seguindo os preceitos do filósofo e economista Karl Marx em sua obra “O Capital”.

Tudo inspirado no Manifesto do Partido Comunista, publicado pela primeira vez em 1848, historicamente um dos tratados políticos de maior influência mundial, encomendado pela entidade internacionalista Liga dos Comunistas aos teóricos fundadores do socialismo científico Karl Marx e Friedrich Engels.

Todas essas medidas relatadas aqui constavam no “Manifesto” e figuraram na Constituição Provisória já em 1918 na Rússia.
O novo regime enfrentou a forte oposição dos setores ligados ao antigo regime czarista.

Militares, nobres, elementos da burguesia industrial, banqueiros e grandes comerciantes, começaram a atacar e boicotar o novo regime internamente, contando com o apoio militar da França, Inglaterra, Japão e Estados Unidos.

Teve lugar um prolongado estado de guerra civil e combate ao inimigo externo que causou milhões de mortos, vítimas não apenas da guerra, mas principalmente da fome e epidemias, pois a produção agrícola caiu assustadoramente e o sistema de abastecimento ficou totalmente desorganizado, resultado do boicote mundial a jovem república socialista.

A guerra civil terminou quando o Exército Vermelho derrotou os últimos contingentes contra-revolucionários após a assinatura, em 1921, do Tratado de Riga. Em fevereiro desse mesmo ano, o governo criou a Comissão Estatal do Planejamento Econômico (Gosplan), com o objetivo de centralizar o planejamento e a execução da política econômica.

Como a guerra civil tinha devastado o país e a fome atingia grande parte da população, o governo decidiu voltar a utilizar algumas formas de produção capitalistas: os agricultores podiam comercializar os produtos; os comerciantes abriram pequenos estabelecimentos; pequenas fábricas podiam ser dirigidas por particulares; foram igualmente admitidas algumas diferenças de salários; o capital estrangeiro sob controle estatal podia ser investido no país. Essas medidas receberam o nome de Nova Política Econômica (NEP), sem ameaçar as conquistas sociais da Revolução Socialista de Outubro de 1917.

Somente em 1922, a Alemanha reconheceu a União Soviética (Tratado de Rapallo), sendo seguida pela maioria dos Estados ocidentais, com exceção dos Estados Unidos, que só fizeram o mesmo após dois anos.

Em julho de 1923 entrou em vigor uma nova Constituição, que estabeleceu como órgão de governo mais importante o Soviete Supremo, composto por delegados operários e camponeses de todas as repúblicas, encarregados da escolha do Conselho Executivo.

Em 1924 foi adotada a constituição que se baseava na propriedade pública da terra e dos meios de produção de acordo com a Proclamação Revolucionária de Outubro de 1917.
O que devemos agradecer ao Grande Outubro:

Direitos da Mulher: A Revolução Russa de 1917, que defendeu a igualdade de direitos para todos e instituiu o voto da mulher, difundiu o temor de que as feministas no mundo encontrassem no comunismo um sistema mais atrativo e passassem a conspirar junto com os bolcheviques para importar a ideologia aos países ocidentais.

A melhor forma de cortar a raiz de semelhante ameaça foi conceder às mulheres o direito ao voto. A Grã-Bretanha e a Alemanha legalizaram o voto feminino em 1918, e os EUA em 1920, e outros logo tomariam o mesmo caminho. A França foi a única potência que não reconheceria esse direito até 1944.

Legislação Trabalhista: Hoje contamos com uma semana trabalhista de 5 dias, férias gozadas e pagas, licença maternidade, assistência de saúde, além de equipamentos de segurança para os operários, etc. Todas conquistas do Grande Outubro impulsionadas pela pressão que exerceu o exemplo das medidas socialistas sobre o capitalismo.

Graças à URSS foi possível ter tido a noção do lado mais humanitário frente ao capital.

A Segunda Guerra Mundial e a reconstrução depois da vitória: A URSS desempenhou um papel fundamental na derrota da Alemanha nazista. A Batalha de Stalingrado mudou o desenvolvimento da guerra dando vitória aos aliados à custa da heróica resistência russa em uma Europa totalmente invadida pelo nazi-fascismo, restando somente à Grã-Bretanha e à URSS a defesa de seus territórios.

A URSS sofreu a perda de 23,4 milhões de pessoas, número superior ao da própria Alemanha e mais de 26 vezes o número de mortes que sofreram os Estados Unidos e o Reino Unido juntos. Uma vez concluída a guerra, o “agradecimento” do mundo capitalista foi ao Plano Marshall.

O famigerado Plano foi desenvolvido somente sob a condição de que os comunistas fossem excluídos dos parlamentos dos países “democráticos” que recebiam ajuda pós-guerra.

O caminho anti-colonial: Enquanto o imperialismo alimentava a máquina industrial e capitalista da Guerra Fria, a URSS defendia a causa das colônias dominadas e exploradas pelo imperialismo norte-americano e seus aliados europeus.

Estendeu sua ajuda aos países que lutavam pela sua libertação e aos países que recentemente haviam conseguido sua independência. As inclinações soviéticas pela luta libertadora na Índia, África e Oriente Médio ajudaram decisivamente esses povos.

Descobrimentos científicos: Os soviéticos lançaram o primeiro satélite, e logo enviaram o primeiro cachorro, o primeiro homem e a primeira mulher ao espaço. Também desenvolveram diversos desenhos televisivos e o sistema de difusão direta via satélite.

Além disso, os soviéticos também tiveram êxito na aplicação de energia nuclear para fins pacíficos, na criação de próteses ou órgãos humanos artificiais, no primeiro helicóptero e no uso inédito da xerografia.

Em 50 anos de Revolução Socialista, a produção industrial soviética passou de 12 para 85% da alcançada pelos EUA e a pátria de Lenine logrou patamares inéditos de igualdade, segurança, saúde, habitação, emprego, educação e cultura. O socialismo pôs fim à inflação, à discriminação racial e à pobreza extrema.

A esperança média de vida duplicou e a mortalidade infantil caiu 90%. Segundo a UNESCO, nunca uma sociedade tinha elevado tanto o nível de vida da população em tão pouco tempo.

Ao contrário dos Estados Unidos, perpetuamente assolados por epidemias de desemprego, em apenas 20 anos o país dos sovietes atingiu o pleno emprego.

Os direitos laborais nos EUA continuam hoje 80 anos atrás dos soviéticos: os norte-americanos trabalham em média quase 9 horas diárias. Já os soviéticos trabalhavam 7 horas por dia desde 1936.

Os norte-americanos gozam em média 8 dias de férias, amiúde não remunerados. Já os soviéticos tinham direito a um mês de férias inteiramente pagas.

Os EUA são o único país que não contempla a licença maternidade remunerada. Na URSS, as mulheres tinham direito a 20 meses de licença paga.

Os EUA não dispõem de um sistema público de saúde.

Tal não se passaria na URSS, que oferecia cuidados médicos gratuitos a toda população. Os jovens norte-americanos contraem uma dívida média de 80 mil dólares durante a licenciatura.

Na URSS, todos os graus de ensino, do pré-escolar ao pós-doutoramento, eram gratuitos. Na terra do Tio Sam os trabalhadores gastam metade do seu salário em habitação e serviços básicos.

Na URSS, a renda da casa representava 2% do orçamento familiar e os serviços básicos 4%.

A URSS era também uma sociedade mais culta que os EUA. Em 1917, na Quirguízia, menos de 0,2% da população sabia ler e escrever. Em 1970 esse número chegava aos 97%.

Nessa década, a URSS foi reconhecida pela UNESCO como o país do mundo onde se liam mais livros e viam mais filmes. As famílias soviéticas assinavam em média quatro publicações periódicas, o número de visitantes de museus representava metade da população e a frequência a teatros ultrapassava o seu total.

Nos EUA cerca de 25% da população são tecnicamente «iletrados» (incapazes de compreender textos simples).

Com o fim da URSS em 1991, o número de pobres aumentou mais de 150 milhões, a economia e os salários encolheram mais de 50%. 75% dos russos passaram para o nível de pobreza e doenças antes erradicadas atingiram proporções epidêmicas. A esperança média de vida caiu para os níveis do século XIX.

O Decreto da Paz: Uma das mais importantes promessas do Grande Outubro foi cumprida durante o período de existência do Estado socialista entre 1917 e 1991. Foi o primeiro ato do poder soviético, após sua instauração, adotado pelo II Congresso dos Sovietes, por proposta de Lênin, na noite de 7 para 8 de novembro de 1917, algumas horas depois da vitória da insurreição proletária.

O Decreto tirou o país da Primeira Guerra Mundial fazendo valer uma promessa antiga dos Bolcheviques. A URSS existiu até 1991, quando seu governo centralizado foi dissolvido e todas as repúblicas soviéticas declararam a sua independência.

A partir daí a violência interétnica eclodiu e tornou-se endêmica na Armênia e no Azerbaijão, devido à disputa sobre a região Nagorno-Karabakh (Guerra de Nagorno-Karabakh), e se intensificaram na Geórgia com a intervenção militar contra os manifestantes em Tbilisi.

A agitação nacionalista levou a um estado de crise, quando a Lituânia declarou independência e a decisão foi suspensa em junho, devido ao bloqueio econômico decretado por Moscou.

A Guerra da Chechênia foi um conflito bélico ocorrido entre 1994 e 2009. A Rússia atual enfrenta problemas com a Guerra do Daguestão, Guerra Civil na Inguchetia e insurgência no Cáucaso.

O conflito de mais destaque atualmente é o conflito entre a Ucrânia e a Rússia envolvendo a Crimeia, região acompanhada com grande interesse e nova intervenção protagonizada pelas potências ocidentais por se tratar do antigo “celeiro do mundo” - os países envolvidos são ricos em recursos naturais.

Após a queda do socialismo em 1991, iniciou-se uma era de conflitos que perdura até hoje ceifando a vida de milhares de pessoas.

O atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, de forma oportunista, restaurou símbolos soviéticos, como hinos e emblemas, e mesmo pré-soviéticos relativos à Igreja Ortodoxa Russa no sentido de iludir o povo buscando apoio em um momento de conflito armado.

Um artigo recente sobre o saudosismo da época no jornal Gazeta Russa, entre vários depoimentos está o de Ivan, 39 anos, em Nemoskva, que espelha bem o sentimento da população: “Tenho saudade de muita coisa: da estabilidade, do sentimento de orgulho que tive de meu país, da baixa taxa de criminalidade, das garantias sociais e justiça social, boa educação e de muitas outras coisas”.

Aproveitando o saudosismo existente na população, o populismo de Putin defende a volta da URSS, que sabemos ser uma tarefa impossível sem a reconstrução das conquistas sociais e dos órgãos de poder popular do socialismo.


Laércio Júlio da Silva
Administrador hoteleiro formado pela Ecole Hôtelière de Glion, Suíça. Morou e estudou na URSS entre 1974 e 1979. 

Essa matéria foi publicada na Edição 476 do Jornal Inverta, em 12/02/2015












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