Por David Shalom - iG São Paulo | 25/03/2015 06:00
Segundo a médica, a secretária justificou que a população da cidade, "principalmente por ser formada por descendentes de germânicos", estranhava seus dreadlocks, alegando que os pacientes estavam acostumados a um padrão visual entre os médicos. Terezinha ainda teria lhe chamado a atenção para o odor das madeixas, que, segundo ela, "exalava um cheiro forte".
Imediatamente, a médica, que trabalhava no local havia apenas duas semanas quando do momento da reunião, enviou uma carta ao Ministério da Saúde exigindo medidas contra a secretária de Saúde. Nesta terça-feira (24), Thatiane registrou Boletim de Ocorrência por "injúria racial" contra Terezinha em uma delegacia de Santa Helena. A contravenção é considerada menos grave do que o crime de racismo, inafiançável, e normalmente os condenados a respondem em liberdade.
Foi o caso, por exemplo, da jovem Patrícia Moreira da Silva, torcedora do Grêmio que ficou nacionalmente conhecida no ano passado ao ser flagrada chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco".
Em nota, o Ministério da Saúde informou ter notificado o município de Santa Helena para apurar e esclarecer os fatos, conforme as regras previstas pelo Mais Médicos. As autoridades têm um prazo de cinco dias para apresentar justificativas sobre o caso, sendo sujeitas a sanções no âmbito do programa federal caso não o façam.
"As ações de monitoramento são realizadas constantemente pelas coordenações estaduais e supervisores, que acompanham o andamento da iniciativa localmente. É importante destacar ainda que, por meio do Disque Saúde 136, é possível denunciar qualquer situação de racismo no SUS", pontuou a pasta. "O Ministério da Saúde repudia veementemente todas as formas de discriminação étnico-racial, reconhecendo o preconceito como determinante social que impacta diretamente nas condições de saúde e de vida dos brasileiros."
"Sendo uma pessoa negra, obviamente eu já tinha sido vítima de racismo. Afinal, o Brasil, ao contrário do que alguns dizem, é, sim, um país muito racista", diz a médica, natural de Porto Alegre, que anteriormente trabalhou na área nas cidades de Novo Hamburgo (RS) e Rio de Janeiro.
"Mas, como profissional da medicina, isso nunca tinha me acontecido. Até me admirou que a Terezinha tenha se colocado no lugar dos pacientes, como se eles se incomodassem com o meu cabelo. Na minha experiência, pacientes nos procuram preocupados com o atendimento, para sanar um problema, não pela cor da pele, pelo tipo de cabelo. Pior: eu jamais esperaria uma atitude semelhante em Santa Helena, uma cidade minúscula que realmente é carente de médicos."
O iG tentou insistentemente entrar em contato com a secretária municipal de Saúde para esclarecer as denúncias, mas Terezinha não foi encontrada até a publicação desta reportagem.
Em nota, o Ministério da Saúde informou ter notificado o município de Santa Helena para apurar e esclarecer os fatos, conforme as regras previstas pelo Mais Médicos. As autoridades têm um prazo de cinco dias para apresentar justificativas sobre o caso, sendo sujeitas a sanções no âmbito do programa federal caso não o façam.
"As ações de monitoramento são realizadas constantemente pelas coordenações estaduais e supervisores, que acompanham o andamento da iniciativa localmente. É importante destacar ainda que, por meio do Disque Saúde 136, é possível denunciar qualquer situação de racismo no SUS", pontuou a pasta. "O Ministério da Saúde repudia veementemente todas as formas de discriminação étnico-racial, reconhecendo o preconceito como determinante social que impacta diretamente nas condições de saúde e de vida dos brasileiros."
"Sendo uma pessoa negra, obviamente eu já tinha sido vítima de racismo. Afinal, o Brasil, ao contrário do que alguns dizem, é, sim, um país muito racista", diz a médica, natural de Porto Alegre, que anteriormente trabalhou na área nas cidades de Novo Hamburgo (RS) e Rio de Janeiro.
"Mas, como profissional da medicina, isso nunca tinha me acontecido. Até me admirou que a Terezinha tenha se colocado no lugar dos pacientes, como se eles se incomodassem com o meu cabelo. Na minha experiência, pacientes nos procuram preocupados com o atendimento, para sanar um problema, não pela cor da pele, pelo tipo de cabelo. Pior: eu jamais esperaria uma atitude semelhante em Santa Helena, uma cidade minúscula que realmente é carente de médicos."
O iG tentou insistentemente entrar em contato com a secretária municipal de Saúde para esclarecer as denúncias, mas Terezinha não foi encontrada até a publicação desta reportagem.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/
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