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segunda-feira, 23 de março de 2015

PEDOFILIA NA ICAR - Protestos no Chile contra um bispo acusado de encobrir abuso sexual




Barros, nomeado pelo Papa, é apontado por suposta cumplicidade no caso de Karadima




Juan Barros, criticado na igreja no sábado passado. / REUTERS


Vestidos de preto e com bandeiras da mesma cor, cerca de 200 pessoas entraram neste sábado na catedral de Osorno, 950 quilômetros ao sul de Santiago do Chile, para protestar na cerimônia em que o monsenhor Juan Barros Madrid assumia o cargo de bispo da cidade. 

Enquanto no interior da igreja os manifestantes gritavam contra ele com cartazes nas mãos, do lado de fora outras 650 protestavam contra a nomeação do sacerdote que tinha sido acusado de encobrir a trama de abuso sexual de maior impacto público na Igreja chilena nos últimos anos, o caso do sacerdote Fernando Karadima, condenado pela justiça canônica em 2011.

“Tenho pena de que essas manifestações tenham ocorrido na santa missa (...) Não sou amigo de Karadima, sempre apoiei sua condenação (...) Sinto a dor das vítimas, rezo por elas, que carregam essa dor até hoje”, afirmou Barros depois da cerimônia. O cardeal Ricardo Ezzatti, presidente da Conferência Episcopal, repudiou os protestos na catedral de Osorno, e destacou que “toda tentativa de agressão é condenável”. “Somos pessoas civilizadas, podemos dialogar”, afirmou a autoridade máxima da Igreja católica local.

Desde que se soube em janeiro da decisão do Papa Francisco de nomear Barros como bispo de Osorno, vários dirigente ligados à Igreja, entre eles o ex-presidente democrata-cristão Eduardo Frei, afirmaram que era conveniente que ele não assumisse o cargo. As vítimas de Karadima tinham alertado sobre os vínculos de Barros com o ex-pároco de El Bosque, de 84 anos, e seu suposto papel de encobridor dos abusos sexuais cometidos contra jovens paroquianos. O bispo de Osorno foi formado por Karadima e inclusive teve de depor diante da ministra em junho de 2011, no âmbito da investigação judicial contra ele.

Barros assumiu o cargo como bispo da cidade enquanto na igreja os manifestantes gritavam

“Com dor temos de nos resignar diante dessa decisão do Papa Francisco. Uma dor e um temor que conhecemos bem”, afirmaram três vítimas de Karadima, por meio de um comunicado no qual indicam que há algumas semanas o bispo Fernando Chomalí se reuniu com o Papa e o advertiu sobre a consternação que a nomeação de Barros causava no Chile. “Como sobreviventes do abuso de Karadima, e a cumplicidade do bispo Barros, estamos acostumados às bofetadas que recebemos da hierarquia chilena, mas nunca diretamente do Santo Padre”, afirmaram James Hamilton, Juan Carlos Cruz e José Andrés Murillo.

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil

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