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quarta-feira, 18 de março de 2015

Genocídio e memória indígena

Servirá mesmo para alguma coisa a proteção que se está a dar aos denominados Sambaquis, mais conhecidos como "casqueiros" e cemitérios de íncolas, que os nossos antepassados, tidos por civilizados (judeus da península ibérica, eufemisticamente denominados açorianos), bem como franceses, holandeses, ingleses e outros ocidentais, trataram de trucidar, desde os idos de 1492?

Parece-me que para a pobre gente dita "indígena", que foi eliminada com uso dos métodos mais desumanos que se conhecia à época - aqui no Brasil, como, ademais, em toda a América (*) - de nada servirá conhecer o passado truculento dos brancos (e negros ao serviço dos mesmos), que levou ao quase completo extermínio das nações que ocupavam as terras invadidas, ao pretexto católico e de outras religiões de conduzir os brutos ao caminho da fé cristã.

Não sei em outros Estados, mas aqui em SC, foi criado, oficialmente e colocado a atuar de forma cruel, o famoso Batalhão de Pedestres, incumbido de caçar e eliminar os "bugres" (com o auxílio de "bugreiros", os quais conheciam os costumes e as fragilidades dos caçados) que esboçassem qualquer tipo de reação à tomada do território. A história dos dominadores só registra os ataques dos "cruéis indígenas" e as vítimas (brancos e negros), mas não revela, a torpeza dos métodos de que os tais batalhões se utilizavam nos confrontos com os íncolas. 

Sinceramente, parece-me pura hipocrisia fazermos de conta que estamos muito interessados em preservar a cultura íncola, protegendo cemitérios e casqueiros. Penso que isto só serve para dar emprego a antropólogos e a outros propósitos menos nobres, da parte de políticos demagogos.


(*) - Ver a obra de BARTOLOMÉ DE LAS CASAS, frade dominicano, que acompanhou a 2ª expedição de Colombo. Por denunciar os abusos cometidos contra os quase indefesos indígenas, pelos "espanhóis", tal religioso foi punido pelo VATICANO, ao qual não interessava ver o resto do mundo tomar conhecimento das atrocidades que ocorriam.

- Quem quiser aprofundar conhecimentos sobre o genocídio íncola, poderá ler, ainda, "As veias abertas da América Latina", do jornalista uruguaio Eduardo Galeano.

- Um dos nossos historiadores, Sílvio Coelho dos Santos, relata, em “Índios e brancos no Sul do Brasil”, uma entrevista que teria feito com um fazendeiro catarinense: 

“...conheci um indivíduo chamado Júlio Ramos, que participava dessas tropas. Contou-me que uma vez, durante um ataque, uma meninota, de mais ou menos 14 anos, tentava fugir do acampamento. Ele a alcançou, agarrando-a pelos cabelos, e desceu-lhe o facão. Este penetrou pelos ombros descendo até o estômago, cortando que nem bananeira (...)” -
p. 87

E essa gente, com certeza, batia no peito, proclamando-se "cristão" (velho ou novo).

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Suposto cemitério indígena barra obra do elevado do Rio Tavares por tempo indeterminado

Como diz o ditado popular, nada é tão ruim que não possa piorar. A prefeitura de Florianópolis planejava assinar a ordem de serviço para o início das obras do elevado do Rio Tavares, no Sul da Ilha, no próximo dia 23, em meio às comemorações do aniversário da cidade.

Seria a tão aguardada largada para aquela que atualmente é considerada a mais importante obra de mobilidade da Capital, capaz de amenizar o sofrimento diário de milhares de moradores do Sul da Ilha no trânsito. No entanto, uma notificação do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) fez a administração municipal suspender o início das obras por tempo indeterminado.

De acordo com instituto, na região onde será construído o viaduto pode, isso mesmo, pode, não há certeza, existir um sambaqui, que para quem não sabe se trata de um cemitério indígena. O Iphan informou que só autoriza o início da obra depois que a prefeitura procurar, encontrar e remover o dito sambaqui, trabalho que pode se arrastar por meses a fio.

O cemitério é mencionado em uma obra da década de 1950 do padre João Alfredo Horn, religioso que catalogou os principais sítios arqueológicos da Ilha de Santa Catarina, mas os técnicos do Iphan não sabem sua localização exata.

Ainda nesta semana representantes da prefeitura devem ir a Brasília tentar audiência com a presidente nacional do IPHAN, a fim de conseguir a autorização para iniciar a obra com a vigilância de um geógrafo, já contratado pela prefeitura acompanhar os trabalhos.

Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/

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