Bonecos enforcados imitando figuras de Lula e Dilma foram um dos símbolos de ódio que circularam na mídia brasileira neste domingo (Reprodução/Revista Fórum)
Marco Weissheimer
A grande mídia comercial brasileira dedicou um tratamento todo especial aos protestos marcados para este domingo (15) contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. Desde o início da manhã, os principais veículos de comunicação do país passaram a transmitir ao vivo os protestos em diversas cidades, com apresentadores inclusive convidando a população a se somar aos mesmos. A Globonews, tv por assinatura da Rede Globo, foi uma das principais protagonistas desse tipo de comportamento, exibindo a todo tempo manifestantes pedindo a intervenção dos militares, a volta da ditadura e a derrubada de Dilma.
O comportamento da Globonews já causou ao menos uma baixa em suas fileiras de comentaristas. Francisco Carlos Teixeira, professor de História Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desistiu da emissora, de quem era colaborador. “Eu não posso aceitar e eu não posso estar presente em num processo onde há uma criminalização do movimento social”, disse Teixeira, em entrevista ao programa PCOTV, do Partido da Causa Operária (PCO), reproduzida em sua página no Facebook.
Ao vivo na Globonews: Faixa com suástica pede derrubada de Dilma. Comentarista da TV fala em manifestação pacífica. (Reprodução TV)
Desde o início da manhã, as grandes redes de comunicação do país exibiram imagens de manifestantes com cartazes e faixas, em inglês inclusive, pedindo a intervenção dos militares para derrubar o governo eleito nas urnas em 2014, o impeachment de Dilma Rousseff e mesmo o extermínio físico da presidenta, de petistas, comunistas e esquerdistas em geral. Uma dessas faixas, exibida ao vivo pela Globonews, trazia uma suástica no canto superior esquerdo. Apesar dessas manifestações de ódio e pedidos reiterados de interrupção da democracia, os jornalistas que comentavam essas imagens insistiam em dizer que as manifestações eram “pacíficas”.
No Rio de Janeiro, um homem que vestia uma camiseta do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLN) foi expulso por manifestantes em Copacabana aos gritos de “Vai pra Cuba”. Muitos dos manifestantes que gritavam contra a corrupção vestiam camisas da CBF. Em Brasília, manifestantes carregavam uma faixa que pedia: “Fora Paulo Freire!”. Enquanto seguiam as transmissões ao vivo das manifestações, as redes sociais exibiam imagens de ódio como uma foto de bonecos de Lula e Dilma enforcados em um viaduto e da sede do PT em Jundiaí, interior de São Paulo, que foi alvo de um ataque com fogo.
Nenhum dos atos a favor da presidenta Dilma Rousseff, realizados na quinta-feira, em Porto Alegre, e na sexta, em dezenas de outras cidades do país, tiveram transmissão ao vivo, como acontece com os atos da oposição neste domingo.
Em São Paulo, caminhão de som repleto de faixas pedindo intervenção militar contra Dilma. (Reprodução/Facebook)
Caixa de Pandora
O deputado federal Renato Simões (PT-DF) afirmou, em um texto publicado em sua página no Facebook, que, “quando se abre a caixa de Pandora da direita em manifestações de ódio como as de hoje, o resultado para a democracia é imprevisível”.
“No território das ruas sempre ocupado desde então pela resistência democrática das esquerdas, trava-se hoje uma batalha presencial e pela cobertura facciosa da mídia privada cuja versão marcará a disputa política nos próximos meses de forte instabilidade política”, acrescentou.
Pedidos de intervenção militar em inglês: outra novidade dos atos deste domingo. (Reprodução: Facebook)
Demonstrações explícitas de fascismo foram abertamente dadas não só por manifestantes isolados mas pela fala de “lideranças” dos atos desde dia 15, advertiu Renato Simões. “Aqui em Brasília o Fora Dilma se estendeu ao Congresso, aos políticos em geral, ao Supremo e à própria democracia.O atentado do fim da manhã à sede do PT Jundiaí e a estridente parcialidade da cobertura do ato da Paulista pela rede Globo, que superfatura abertamente a já forte presença na manifestação mostra que está plantado em São Paulo o epicentro do golpismo, e em comum apontam para a necessidade de forte unidade em defesa da democracia e das reformas estruturais da política e da mídia tão necessárias e urgentes”.
Fonte:
http://www.sul21.com.br/
Demonstrações explícitas de fascismo foram abertamente dadas não só por manifestantes isolados mas pela fala de “lideranças” dos atos desde dia 15, advertiu Renato Simões. “Aqui em Brasília o Fora Dilma se estendeu ao Congresso, aos políticos em geral, ao Supremo e à própria democracia.O atentado do fim da manhã à sede do PT Jundiaí e a estridente parcialidade da cobertura do ato da Paulista pela rede Globo, que superfatura abertamente a já forte presença na manifestação mostra que está plantado em São Paulo o epicentro do golpismo, e em comum apontam para a necessidade de forte unidade em defesa da democracia e das reformas estruturais da política e da mídia tão necessárias e urgentes”.
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