Como se já não bastasse a vergonhosa reserva de mercado que se faz, quando se submete os jovens bacharéis a exames rigorosos (ao invés de se pressionar as escolas a ministrarem cursos decentes, pelos quais são regiamente pagas), agora esta notícia típica de país que se mantém colônia cristã, em detrimento de outra religião.
E se fosse alguém portando um quipá judaico? Teria sido igualmente constrangido?
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Por iG São Paulo | 18/03/2015 13:53 - Atualizada às 18/03/2015 15:23
Candidata reclama que não havia proibição no edital. Segundo OAB, próximos editais devem levar em consideração o caso
Muçulmana denuncia ter sofrido constrangimento durante prova do XVI Exame de Ordem da OAB por usar véu islâmico durante a primeira fase no último domingo (15).
Reprodução/Facebook
Estudante do 9° semestre de Direito, Charlyane Souza é brasileira e seguidora do Islamismo. No domingo, ela conta ter sido interrompida por duas vezes e ter perdido cerca de uma hora da prova, que durava cinco horas, por causa de sua vestimenta, apesar de ter sido revistada pela coordenação antes do início da prova.
O edital do exame previa a proibição do uso de objetos de chapelaria, como bonés e gorros. Ela, que usa o véu como vestimenta, achou que seria revistada para checarem se ela não portava fones de ouvido ou qualquer instrumento proibido, mas não imaginou os contrangimentos que teve de enfrentar durante a prova.
"Após aproximadamente 40 minutos do início da prova, a coordenadora, que na ocasião representava a FGV, foi até a sala e pediu para que eu a acompanhasse até a Coordenação (novamente). E lá, ela disse que de acordo com o edital eu não poderia realizar o exame usando 'objetos de chapelaria." A estudante argumenta que o véu é parte de sua vestimenta, tendo em vista que o hijab (véu islâmico) é de uso obrigatório para mulheres muçulmanas em locais públicos.
Charlyane conta ainda que a coordenadora pediu a ela algum documento que comprovasse sua fé religiosa e que a aluna deveria ter comunicado previamente por e-mail a necessidade de atendimento especial. A estudante foi liberada para retomar a prova.
"Nessas alturas eu já havia me descontrolado emocionalmente", diz, que se sentiu alvo de preconceito.
A estudante conta que foi interrompida uma segunda vez pelo vice-presidente da comissão do Exame de Ordem, que perguntou se ela se sentiria desconfortável em fazer a prova sem véu. Diante da resposta afirmativa, uma sala individual foi providenciada.
Ela voltou a fazer a prova, mas não teve tempo suplementar por conta das interrupções.
Mudanças no edital
Em nota divulgada pela Coordenação Nacional do Exame de Ordem, a OAB afirma que serão estudados novos procedimentos em relação ao véu para os próximos editais.
Claudio Pereira de Souza Neto ratificou que a fiscalização "não pode em hipótese alguma sobrepor a liberdade religiosa dos candidatos". O coordenador disse ainda que, em 16 edições de exame unificado, esta foi a primeira vez que algo similar aconteceu.
"Diante do ineditismo do ocorrido, sem precedente similar que tenha chegado à Coordenação Geral do Exame ao longo de suas 16 edições, a OAB estudará novos procedimentos para que constem no edital itens levando em consideração o respeito ao credo. Para que nesses casos específicos de religiões que exijam o uso do véu tenhamos procedimentos fiscalizatórios específicos."
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