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segunda-feira, 16 de março de 2015

Sabesp mantém contratos que privilegiam grandes consumidores





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Nacional



Foto: Mídia Ninja

Clientes "premium" têm desconto de até 75% na conta. Mesmo com a crise de abastecimento, quanto eles mais consomem, menos pagam pelo litrod'água.

13/03/2015

Por Rafael Tatemoto,

De São Paulo (SP)



A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgou, nesta semana, os contratos com clientes que têm tarifas diferenciadas em relação ao consumidor comum. Ou seja, mesmo em meio à crise de abastecimento, eles pagam menos pelo litro d'água, quanto mais consomem. Antes de divulgar os contratos, a estatal havia disponibilizado somente os nomes das empresas que se beneficiam dos descontos. Essas informações estão disponíveis no site da companhia.

Ao todo, 537 clientes são privilegiados pelos chamados Contratos de Demanda Firme, voltados para aqueles que têm consumo mensal acima de 500 mil litros. Juntos, eles consomem 3% de toda a água vendida pela Sabesp e têm descontos que podem chegar a até 75%.

A lógica desse tipo de contrato é a inversa àquela que rege o consumo comum. Em alguns casos, a tarifa é inferior ao que se cobra de clientes residenciais. Todo os compradores premium pagam tarifa inferior à aplicada a clientes comerciais e industriais, que pagam até R$ 13,97 por cada mil litros.

É impossível determinar, entretanto, o que cada um dos beneficiados gasta e o quanto paga, já que a divulgação individual dos contratos omitiu os valores e os nomes. Somente há dados parciais de 294 nomes divulgados pelo portal El País há cerca de um mês.

Ainda assim, segundo dados da Agência Pública, os Contratos de Demanda Firme foram os responsáveis pelo consumo de 24 bilhões de litros em 2015, o mesmo que uma cidade de 450 mil habitantes consome em um mês. Desde que foi criada, em 2005, a disponibilidade de água para essa modalidade aumentou 92 vezes. De 266 milhões de litros para os atuais 24 bilhões.

Foto: Reprodução/Sabesp


Em 2014, quando a escassez de água já se apresentava como uma ameaça ao abastecimento, 42 consumidores assinaram esse tipo de contrato. Segundo informações da Agência Pública, eles seriam os responsáveis pelo consumo de 1,8 bilhão de litros, o equivalente aos gastos de 115.000 famílias de quatro pessoas, sendo os grandes responsáveis pelo aumento de 5,4% no aumento da venda de água nesse modelo de fornecimento.

Na lista, há condomínios de luxo, bancos, hospitais, shoppings, igrejas, indústrias, supermercados, colégios, clubes de futebol, hotéis e entidades como a Bolsa de Valores de São Paulo, a concessionária da linha 4 do Metrô, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e a SPTrans.

Quase 20% desses contratos correspondem a condomínios comerciais. Em seguida, estão: comércio varejista (13,75%), indústria farmacêutica (7,42%), hospitais (6,85%), indústria automotiva (6,57%) e alojamento/alimentação, onde estão incluídos hotéis e indústrias alimentícias (5,26%). A maior parte desses consumidores (40,84%), todavia, faz parte da categoria "outros". Nela estão, por exemplo, empresas de comunicação, igrejas, bancos, escolas e fábricas.

Consumo

Alguns exemplos da lista parcial divulgada pelo El País, como o do shopping Eldorado, são emblemáticos. Considerando que cada habitante consome 130 litros mensais, o estabelecimento gasta o equivalente a 1.200 famílias de quatro membros.

Outro caso a ser destacado é o do hotel de luxo Hilton, na avenida Nações Unidas, no distrito financeiro da capital paulista. O local, que tem um spa e uma academia funcionando 24 horas por dia, além de uma piscina com vista panorâmica, consome por mês o mesmo que 751 famílias de classe média. O estabelecimento gasta R$ 6,76 por cada metro cúbico (m3), enquanto a tarifa comercial padrão é R$ 13,97. O valor estabelecido em contrato é menor, inclusive, do que uma família paga (R$ 7 por m3).

Na lista parcial do El País, o primeiro lugar é ocupado pela Viscofan, fábrica de tripas de celulose para embutidos. Cerca de 60 milhões de litros de água são consumidos. A fábrica paga R$ 3,41 por mil litros de água, enquanto as empresas com contratos convencionais pagam R$ 13,97 pela mesma quantidade.

Pelos contratos divulgados sem os nomes, a campeã consome 98.322.000 litros mensais, o mesmo que 6.300 famílias. Dos 523 nomes dessa nova lista, há 101 clientes que consomem de 5 mil a 100 mil m3 (equivalente a mil litros) mensais; 118, consomem entre os 2 mil e 5 mil m3 /mês; e 304 clientes gastam de 500 m3 a 2 mil m3, mensalmente.

Na listagem, aparecem grande grupos de comunicação como a Abril (da revista Veja) e a Globo, além de shoppings, como o Pátio Higienópolis, e indústrias, como a Mahle Metal Leve. 

Greve

Diante das prováveis perdas por conta da queda do consumo em razão da crise de abastecimento, a Sabesp tem adotado medidas para garantir o repasse aos seus acionistas. O aumento da tarifa já foi anunciado. De outro lado, uma série de demissões nos quadros da empresa foi iniciada.

Os funcionários da Sabesp convocaram, na noite de terça-feira (10), uma greve geral a partir do dia 19 de março, por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia no Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema).


O sindicato exige a readmissão dos 400 funcionários dispensados pela companhia somente neste ano. De acordo com o presidente do Sintaema, Rene Vicente, a Sabesp pretende chegar aos 600 demitidos. Ele ainda disse que os trabalhadores são essenciais em todas as situações do abastecimento, principalmente em um momento como este de crise hídrica.

Na última semana, a Sabesp iniciou um plano de reestruturação em seu quadro de pessoal. De acordo com o Sintaema, 300 dispensas já haviam sido homologadas em todo o estado, sendo 70% na área operacional.

Por meio de nota, a Sabesp informou que a direção da empresa respeita a decisão aprovada em assembleia e se coloca à disposição para o diálogo. A nota afirma que “a empresa esclarece que as atividades essenciais serão preservadas, garantindo a prestação de serviços aos clientes”.

Fonte: 

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