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domingo, 15 de março de 2015

Trabalhismo - Opus Dei: o sofrimento das "domésticas" da organização



REFÉM
Rodinalva julião diz que o Opus Dei
isola as numerárias auxiliares,respon-
sáveis pelos serviços domésticos, para 
que não consigam sair.
O fundador do opus dei, o espanhol Josemaría Escrivá de Balaguer, costumava dizer que a espiritualidade é mais importante que a sabedoria para quem deseja se entregar a Deus. É o preceito de número 946 de seu livro mais popular – Caminho. Escrivá fazia uma ressalva: “Quanto a elas (as mulheres), não é preciso ser sábias; basta que sejam sensatas”. A baiana Rosidalva Julião afirma que não era uma mulher sensata quando ingressou num centro do Opus Dei para lavar, limpar e fabricar os instrumentos de martírio corporal usados pela controversa organização da Igreja Católica.
Em menos de dois anos, ex-integrantes e familiares de membros ativos do Opus Dei publicaram seis livros no Brasil. A mais recente ofensiva editorial revela a vida cotidiana das mulheres entre as paredes da Obra de Deus, tradução da expressão latina Opus Dei. Rosidalva é a personagem real de dois títulos: O Opus Dei e as Mulheres (Panda Books) e Sob o Jugo do Opus Dei – este último lançado no fim de junho. Seu depoimento ilumina, pela primeira vez, uma figura obscura da organização. Rosidalva era numerária auxiliar, única categoria restrita ao sexo feminino.
Dois tipos de membros vivem em centros do Opus Dei: os numerários e as numerárias auxiliares. Os homens são separados das mulheres. Os numerários são leigos celibatários de ambos os sexos. Têm curso superior, e a maioria desempenha suas atividades em postos estratégicos da sociedade. A força do Opus Dei é, segundo os preceitos, “a santificação no meio do mundo”. No Brasil, a organização começou a atuar no fim dos anos 50. Boa parte dos primeiros numerários foi recrutada entre os melhores alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
As numerárias auxiliares, não. De origem humilde, elas são recrutadas em zonas rurais e nas periferias das grandes cidades. Na prática, são as domésticas do Opus Dei. Com algumas diferenças. Não podem casar, namorar nem fazer sexo. Sua carteira de trabalho é assinada pela secretária ou administradora do centro. Ao ingressar na Obra, a aceitação das regras é automática. Uma delas é doar o salário. Como a própria organização as remunera, elas vivem uma situação ambígua: nem sequer chegam a receber o dinheiro e passam a depender da administração para todas as suas necessidades. “Eu era uma escrava”, afirma Rosidalva. “Diziam que meu salário era para Deus. Mas eu tinha de assinar os recibos.”
Eu era uma escrava. Trabalhava, e não via a cor do dinheiro. Diziam que meu salário era para Deus, mas eu tinha de assinar os recibos Rosidalva Julião, ex-numerária auxiliar da Opus Dei
Ela foi recrutada aos 20 anos, no ponto de ônibus. Havia acabado de chegar a São Paulo, vinda de Salvador. Esperava conseguir um emprego e terminar o ensino médio para fazer faculdade de Fisioterapia. “Conheci uma auxiliar no ponto de ônibus. Ela disse que trabalhava num lugar maravilhoso, que eu iria lidar com administração e poderia estudar”, diz Rosidalva. “Depois de seis meses, eu queria ir embora, mas insistiam que Deus tinha me escolhido e que eu estava virando as costas. Era uma pressão terrível. Eu não queria ter vocação, mas afirmavam que eu tinha. Jesus Cristo era meu amigo. Virou meu patrão.”
Quando precisam de um médico ou dentista, as auxiliares são encaminhadas a profissionais ligados à Obra. Em geral supernumerários – a categoria dos membros casados. Elas raramente saem à rua. Quando isso acontece, costumam ser acompanhadas. Não podem ir ao cinema. Só lhes é permitido ler os livros autorizados pela instituição. Jorge Amado e José Saramago, por exemplo, são escritores vetados pelo Opus Dei. A TV é trancada a chave.
Uma vez por semana, as auxiliares são submetidas à “conversa fraterna”. No ritual contam à “diretora espiritual” tudo o que pensaram e sentiram, usando o que o fundador chamava de “sinceridade selvagem”. São aconselhadas, como os demais numerários, a começar sempre pelos “sapos mais gordos”. “Em duas ocasiões, fiz as malas para ir embora, mas tive de desfazer”, diz Rosidalva. “Não tinha nenhum dinheiro, não conhecia ninguém fora do centro e minha família estava longe.”
No Sítio da Aroeira, no município paulista de Santana do Parnaíba, as numerárias auxiliares são responsáveis também pela fabricação de instrumentos de martírio corporal: o cilício – uma tira de arame com pontas usada no alto da coxa durante duas horas por dia – e as disciplinas – um chicote de corda trançada usado para açoitar as nádegas nuas uma vez por semana. “Para fazer o cilício, é preciso cortar os arames com um tipo de alicate de bijuteria. Como no início eu não sabia fazer direito, sem querer cortava enviesado. Aí machucava mais, porque ficava pontudo, entrando mais na carne”, diz Rosidalva. “O padre elogiou esse fato e pediu à diretora para me dizer que estava muito bem-feito. A orientação era experimentar o cilício depois de pronto. Se não machucasse, era necessário desmanchar e refazer.”
O uso do cilício e da disciplina é a característica que mais instiga a imaginação do público no que se refere ao Opus Dei. O objetivo da mortificação corporal é evocar o sofrimento de Cristo para fazer a caridade. Pode parecer estranho que, no século XXI, uma organização formada em sua maioria por profissionais liberais e acadêmicos use instrumentos de martírio. No Ocidente, porém, o respeito à autonomia do indivíduo é uma conquista de toda a sociedade. No Estado laico, toda escolha deve ser respeitada, desde que não viole a lei. Apesar de a Igreja Católica criticar o que considera um excesso de liberdades individuais no mundo moderno – especialmente quando se trata de escolhas na área da moral sexual –, as práticas de qualquer um de seus fiéis são merecedoras do direito à tolerância garantido a todas as fés.
A crítica de alguns dissidentes é que não escolheram seguir regras como a mortificação corporal. Além de produzir o cilício e as disciplinas, as numerárias auxiliares também são obrigadas a usá-los. “Por fazer cilícios e hóstias, fiquei com tendinite”, afirma Rosidalva. “Por usar o cilício, tenho até hoje pontinhos brancos nas coxas.”
ATAQUE EDITORIAL
Os dois últimos lançamentos mostram o cotidiano das mulheres entre as paredes da Obra

Aos 32 anos, casada e com um filho pequeno, ela diz ter decidido escrever o livro “para conseguir viver”. “O Opus Dei era como uma infecção dentro de mim. Bloqueava toda a minha vida. Consegui um emprego de camareira de hotel. Quando fui arrumar os quartos, paralisei. Não conseguia me mexer, porque me lembrava dos centros. Fiquei desempregada”, diz. “Logo que saí, tinha pesadelos recorrentes. Sempre estava presa em um quarto quando começava a encher de água, pegar fogo ou ser invadido por ratos e baratas. Agora, botei tudo para fora e quero esquecer.” Hoje, Rosidalva é secretária de uma paróquia católica, em São Paulo.

Guerra de mães 
Rosidalva divide as páginas do livro Sob o Jugo do Opus Dei com Josefa Rodrigues – mãe de uma numerária auxiliar. Desde o ano passado, Josefa e o marido, Francisco, movem uma campanha pelo site Orkut, chamada “Opus Dei – Libertem Taís!!!”. Filha do meio do casal, Taís foi levada a um centro do Opus Dei aos 17 anos para trabalhar. “Não sabíamos o que era Opus Dei. A Taís estava terminando o ensino médio e estávamos desempregados. A diretora do centro ligou perguntando se ela não queria fazer uma experiência. Quando surgisse um emprego melhor ou ela pudesse fazer faculdade, sairia”, diz Josefa. “Achei ótimo, porque estava em um lugar seguro, da nossa Igreja, que sempre foi referência para tudo na nossa vida. Então, autorizei.”
Taís nunca mais saiu. Hoje tem 23 anos e tornou-se numerária auxiliar. “Minha filha desistiu de fazer faculdade, afastou-se da família, virou um zumbi. Só então começamos a investigar e descobrimos o que era o Opus Dei. Ficamos horrorizados, mas já era tarde”, diz Josefa. “Não tenho nada contra ser empregada doméstica, mas não acredito que alguma mãe deseje esse futuro para sua filha. Ninguém escolhe essa vocação. A gente é pobre, mas hoje pobre chega à faculdade. Até entrar no Opus Dei, a Taís era uma ótima aluna e queria estudar.”
Francisco é caseiro de um sítio no município paulista de Itupeva. Ganha R$ 600 por mês. Em abril de 2006, comprou um computador em 18 prestações de R$ 120. Com a ajuda da filha caçula, ele e a mulher transformaram a internet numa arma. Mantêm ativa no Orkut a comunidade usada para denunciar o Opus Dei. Enviaram e-mails a todos os bispos do Brasil, ao Núncio Apostólico e até para a Embaixada do Brasil no Vaticano. “Imagina eu, um jardinheiro que não sabe nem falar. Agora estou no Orkut, no MSN”, diz Francisco.
O Opus Dei gerou algum barulho no início de sua história. Escrivá fundou a organização em 1928 e apoiou a ditadura franquista na Espanha. A Obra passou a maior parte de seus quase 80 anos aumentando sua influência na Igreja Católica sem chamar a atenção do mundo. Só ficou conhecida do grande público a partir de 2003, ao se tornar tema de um dos maiores best-sellers de todos os tempos – O Código Da Vinci, de Dan Brown. Mas esta era uma obra de ficção. A série de livros de não-ficção só foi possível no Brasil por causa da internet.

Em 2003, um grupo de ex-numerários tomava chope e comia frango à passarinho no Senzala, tradicional bar de São Paulo, quando decidiram montar o site www.opuslivre.org. “A partir daí, o que era individual tornou-se coletivo. Pessoas separadas pela distância e pelo tempo se encontraram na rede e descobriram que sentiam as mesmas coisas, tinham os mesmos problemas”, diz o ex-numerário Márcio Fernandes da Silva. Ele é um dos três autores de Opus Dei: os Bastidores (Verus Editora), o primeiro livro contra a Obra, lançado em 2005. Hoje, além do site, os dissidentes compartilham confissões em comunidades do Orkut. Uma delas, a “Opus Dei Brasil”, tem quase 800 membros.

A internet uniu Josefa, Rosidalva e Betty Silberstein – a primeira mãe de um numerário a denunciar publicamente os meios de recrutamento da Obra. Betty escreveu uma espécie de manual, em 2005 – Opus Dei – A Falsa Obra de Deus – Um Alerta às Famílias Católicas. Organizou também o último lançamento, Sob o Jugo do Opus Dei. Ela e o marido, administrador de empresas, bancaram a edição de ambos. “Os centros não têm placas dizendo que são do Opus Dei. Crianças e adolescentes são levados pelos pais ou por amigos porque oferecem atividades educativas, recreação, palestras. Sabemos apenas que é algo da Igreja Católica. E por isso confiamos”, diz Betty. “Escrevo porque, se tivesse alguma informação, meu filho jamais teria entrado num centro. É nosso dever de mãe saber aonde estamos levando nossos filhos de 14, 15, 16, 17 anos.” No final de cada livro, ela publica todos os endereços dos centros para que os pais possam descobrir se o local freqüentado pelos filhos pertence ao Opus Dei.

Betty e Josefa uniram-se a outras mães de numerários – poucas ainda – para formar o “Grupo de mães de famílias prejudicadas pelo Opus Dei”. Acompanharam, empunhando faixas, os eventos públicos da visita do papa Bento XVI, em São Paulo e Aparecida. “Fomos atraiçoadas pelo que mais amamos na nossa vida, a nossa fé católica”, diz Josefa. As mães entregaram uma carta aberta aos bispos reunidos na 5a Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em maio. Nela, pediam a criação de “um grupo de trabalho” para tratar “dos casos em que famílias solicitam apoio e socorro no conflito com o Opus Dei”.
Quando levaram seus filhos a centros da Obra, eles eram menores de idade. Hoje, têm mais de 18 anos e declaram querer permanecer na instituição. Quando Taís não voltou para casa, Josefa e Francisco, católicos praticantes, não tiveram dúvidas sobre o que fazer. “Fomos pedir ajuda ao bispo”, diz Josefa. A pedido dos pais, dom Gil Antônio Moreira, bispo de Jundiaí, conversou com Taís. “Ela disse a dom Gil que está feliz no Opus Dei”, afirma o padre Jorge Demarchi, coordenador da pastoral de comunicação da diocese. “Ele não notou nada de estranho nela. Se a moça é maior de idade, o que mais o bispo pode fazer?”
As mães esperam da Igreja Católica que obrigue o Opus Dei a ter “transparência no processo de recrutamento” e investigue os meios de “descoberta da vocação”. “O Opus Dei é como o traficante na porta da escola”, diz Betty. “Sem contar que, em todas as congregações, os seminaristas passam por vários testes para ter certeza da vocação. Na Obra, ela é imposta.”

O Opus Dei, procurado por ÉPOCA por meio de seu escritório de comunicação, em São Paulo, não quis dar entrevista. Taís, a filha do casal Josefa e Francisco, marcou entrevista para as 18 horas do dia seguinte ao primeiro contato. No horário marcado, disse que não iria falar. Ela vive em um centro no Paraná.

A voz dos bispos 
O Opus Dei é a única prelazia pessoal da Igreja Católica. Esse status o torna mais influente que qualquer um dos movimentos conservadores aninhados no amplo regaço do catolicismo. Como prelazia, o Opus Dei não tem limite de território. Circula na sociedade mundana protegido pelo escudo milenar da Igreja Católica. Mas só responde a seu prelado, hoje dom Javier Echevarría. s E ele só presta contas ao papa. Por esses privilégios especiais, concedidos à organização pelo papa João Paulo II, em 1982, seus inimigos costumam dizer que o Opus Dei é “uma igreja dentro da Igreja”.
Seu fundador, Josemaría Escrivá, foi canonizado em 2002, menos de 30 anos depois de sua morte, período rápido para a média na Igreja Católica. Basta lembrar que Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro, morreu em 1822 e só foi canonizado neste ano – quase dois séculos mais tarde. Ter sido liderada por “santos” parece ter virado uma meta no Opus Dei. A causa de canonização do sucessor de Escrivá, monsenhor Álvaro del Portillo, falecido em 1994, já foi oficialmente aceita em Roma.
A maioria dos dissidentes da Obra se mantém católica. E vem aumentando a pressão para que a cúpula da Igreja tome uma posição diante de suas denúncias. “Afinal, somos ou não parte do rebanho? Quando temos um problema dentro da Igreja, a quem devemos recorrer?”, diz Betty. “Acho que não é ao rabino ou ao bispo da Universal.” ÉPOCA enviou a dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o relato dos sucessivos pedidos de providências aos bispos e à CNBB feitos por Josefa Rodrigues e pelo grupo de mães. Em 27 de junho, dom Dimas respondeu com uma nota de 11 itens – oito deles explicavam o que é uma prelazia pessoal. No nono, dom Dimas declarava: “Em outras palavras, a CNBB não tem nenhuma autoridade para interferir nos assuntos internos do Opus Dei”.
Por considerar as denúncias “graves”, dom Dimas deu instruções precisas: as mães devem “recorrer diretamente à Congregação para os Bispos ou ao Tribunal da Rota Romana, ambos em Roma. Para isso, convém consultar um advogado especialista em Direito Canônico, disponível no Tribunal Eclesiástico mais próximo”.
EM COMBATE
Foi a primeira mãe a denunciar
os métodos de recrutamento
Opus Dei. Bancou a edição de
dois livros.

Uma semana depois, na terça-feira passada, dom Dimas procurou ÉPOCA para explicar que teve tempo para conversar com alguns colegas e queria fazer uma “pequena modificação” na nota. Dom Dimas retirou a referência à gravidade das denúncias e acrescentou: “O processo de discernimento vocacional na prelazia é prolongado e cuidadoso e, pelo que me consta, marcado por um profundo respeito à liberdade das pessoas, de modo que só cheguem a formalizar seu compromisso estável aqueles e aquelas que tenham demonstrado maturidade suficiente e plena convicção do caminho que escolheram no seguimento de Cristo. Além disso, conheço diversos membros do Opus Dei. São pessoas de excelente formação intelectual, espiritual e moral e grande dedicação apostólica, e que não demonstram minimamente os desequilíbrios de que se tem falado”.
Dom Dimas também declarou-se, por telefone, “provocado a chegar à verdade”. Disse que neste final de semana começaria a ouvir, no Rio de Janeiro, os filhos das denunciantes – ele ainda não sabia quem, exatamente. Também estaria disposto a conversar depois com o grupo de mães – “talvez dividindo a tarefa com dom Geraldo Lyrio”, atual presidente da CNBB. “Como trouxeram o problema à CNBB, me sinto no dever de aprofundar a questão”, afirmou dom Dimas. “É uma atitude de ajuda fraterna. Se percebermos que há alguma coisa errada na formação, vou falar com o superior da Obra para ajudar a resolver.”
Em 29 de maio de 2006, dom Geraldo Majella Agnelo, então presidente da CNBB, respondeu a Josefa por meio de sua secretária: “Informo que sua Eminência fez o devido encaminhamento do assunto aos órgãos responsáveis, pedindo que lhe seja dado uma resposta”. ÉPOCA solicitou uma entrevista com dom Geraldo para esclarecer quais eram “os órgãos responsáveis” e se havia alguma resposta. Uma semana depois, dom Geraldo enviou a ÉPOCA a mesma nota de dom Dimas, “por estar inteiramente de acordo”. Só fez um adendo: “Acrescento somente o fato de as jovens que ingressaram no Opus Dei serem de maior idade. É tudo”.
Ex-membros do Opus Dei têm denunciado – insistentemente – que foram “pressionados e manipulados” para entrar na Obra.“Será que alguém tem vocação para lavar louça e limpar banheiro? Eu queria estudar”, diz Rosidalva. Ela afirma só ter conseguido abandonar o Opus Dei depois de sete anos, em 2002. “Percebi que não adiantava continuar repetindo que não tinha vocação”, diz. “Disse à diretora que tinha mentido. Que não era casta antes de chegar à Obra, que tinha tido vários homens, era muito pior que Maria Madalena.” Embora a diretora não conseguisse entender como Rosidalva havia sido escolhida, achou melhor liberá-la. “Me deram R$ 350 e me botaram na rua uma semana depois”, afirma. “Saí virgem como tinha entrado.”
No Opus Dei, ela só podia usar o uniforme azul ou roupas em tons pastel. No lançamento do livro, vestiu-se de vermelho. Rosidalva afirmou que agora é uma mulher não apenas sensata – mas sábia.

Fotos: Marcelo Min/ÉPOCA e Maurilo Clareto/ÉPOCA
Fonte:Época

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