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terça-feira, 13 de julho de 2021

PARA CORRIGIR INJUSTIÇA - 25 parlamentares entram com medida judicial no Caso Mariana Ferrer



"Ela não foi ouvida devidamente, não foi considerada devidamente, e não foi defendida devidamente. Ela foi humilhada", afirma Maria do Rosário, uma das deputadas que encabeça o grupo
Por Lucas Rocha 12 jul 2021 - 19:40

Mariana Ferrer - Foto: Reprodução/Twitter


Vinte e quatro deputadas federais e uma senadora apresentaram nesta segunda-feira (12) um pedido para ingressarem como “amigas da corte” no caso da influenciadora digital Mariana Ferrer. Ferrer acusa o empresário André de Camargo Aranha de estupro em um clube de luxo, em Florianópolis (SC). Ela ainda foi vítima de violência institucional com a exposição de vídeos de seu julgamento.

Segundo a denúncia da influenciadora, o abuso aconteceu na festa de abertura do verão Music Sunset do beach club Café de la Musique, em Jurerê Internacional, em Florianópolis, praia conhecida por ser point de ricos e famosos. Aranha foi absolvido em setembro de 2020 em primeira instância por falta de provas – in dubio pro reu.

O grupo das 25 parlamentares – de dez diferentes partidos e representadas por três advogadas paulistas – deu entrada no Tribunal de Justiça de Santa Catarina para se somar à ação em segunda instância. O “amicus curiae”, caso seja admitido pela justiça, pretende desenvolver duas linhas de argumentação. Uma para demonstrar que o processo em si constituiu uma violação aos direitos humanos, tendo como base a legislação brasileira e internacional, e a outra abordará o estado de vulnerabilidade de Mariana Ferrer durante todo o processo.

Uma das mentoras do “amicus curiae”, a deputada Maria do Rosário (PT/RS), já foi alvo de ataques violentos que resultaram em um processo por danos morais contra Jair Bolsonaro, que foi condenado na ação. Sobre a ação, a parlamentar afirma: “Não é possível que quem sofra violência, de qualquer tipo, sobretudo uma mulher que é alvo desta violência, acreditando nas leis, seja julgada, e os seus algozes sejam inocentados. Ela não foi ouvida devidamente, não foi considerada devidamente, e não foi defendida devidamente. Ela foi humilhada”.

A iniciativa acontece sob a condução da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados, com o trabalho elaborado pelas advogadas paulistas Gabriela Shizue Soares de Araújo, Maíra Calidone Recchia Bayod e Priscila Pamela dos Santos.

“Nunca aconteceu de deputadas se reunirem com o mesmo objetivo em apoio a uma vítimas, isso abre também para uma responsabilidade adicional como mulheres na vida política, que é estarmos atentas e procurando enfrentar a violência de gênero aonde quer que ela se manifeste, a violência machista, onde quer que ela se instale, seja violência física, sexual, psicológica, patrimonial como prevê a Lei Maria da Penha, seja a circunstância de violência política, que nós também vivenciamos no ambiente político”, afirma Rosário.

Abrem a lista de signatárias a deputada Teresa Nelma (PSDB-AL) e Rosário, seguidas de parlamentares autoras e coautoras de dois Projetos de Lei já aprovados pela Câmara dos Deputados (PL 5096/2020 e PL 5091/2020) e que tramitam no Senado, inspirados pelos fatos que envolveram Mariana Ferrer. O primeiro busca reassegurar direitos e integridade das mulheres vítimas de violência sexual em processos judiciais e o outro altera a Lei de Abuso de Autoridade, caracterizando a violência institucional.

Assinam o pedido: Tereza Nelma da Silva Porto Viana Soares (PSDB-AL); Maria do Rosário (PT/RS); Sâmia Bomfim (PSOL/SP); Benedita da Silva (PT/RJ); Gleisi Hoffmann (PT/PR); Tábata Amaral (Sem partido); Margarete Coelho (PP/PI); Erika Kokay (PT/DF); Celina Leão (PP/DF), coordenadora da Bancada Feminina; Fernanda Melchionna (PSOL/RS); Lídice da Mata (PSB-BA); Iracema Portella (PP/PI); Taliria Petrone (PSOL/RJ); Professora Dorinha (DEM/TO); Professora Marcivânia (PCdoB/AP); Luísa Canziani (PTB/PR); Marília Arraes(PT/PE); Rosa Neide (PT/MT); Luizianne Lins (PT/CE); Vivi Reis (PSOL/PA); Natália Bonavides (PT/RN); Perpétua Almeida (PCdoB/AC); Carmen Zanotto (CIDADANIA/SC); Leda Sadala (Avante/AP); Norma Ayub (DEM/ES); e senadora Leila Barros (PSB/DF).

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Lucas Rocha

Lucas Rocha é formado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ e cursa mestrado em Políticas Públicas na FLACSO Brasil. Carioca, apaixonado por carnaval e latino-americanista convicto, é repórter da sucursal do Rio de Janeiro da Revista Fórum e apresentador do programa Fórum América Latina


Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/vinte-e-cinco-parlamentares-mariana-ferrer/

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