Teófilo Hayashi falou sobre as manifestações políticas que aconteceram no Brasil, as profecias e a idolatria no meio evangélico.
por Carla Stracke
O pastor Teófilo Hayashi, líder do movimento universitário cristão Dunamis, concedeu uma entrevista exclusiva ao Gospel Prime para falar sobre os mais diferentes assuntos, principalmente sobre as manifestações que tomaram conta do país nos últimos meses.
Na visão do pastor, a diminuição do número de protestos não significa que “o Gigante adormeceu”, mas o começo de uma mudança que terá resultados a longo prazo. “A grande questão é que não achávamos que seríamos ouvidos, fomos para as ruas porque nossos direitos e ideais haviam sido violados, estávamos lutando ANTI alguma coisa. Atualmente estamos vivendo o momento PRÓ alguma coisa e infelizmente nenhuma proposta a favor de algo ainda nos levou as ruas”, disse.
Outro assunto comentado pelo pastor Teófilo foi sobre a cultura idólatra presente na sociedade brasileira onde até mesmo os evangélicos passaram a idolatrar cantores e pastores. “O que acontece na doutrina evangélica é que não sabemos a diferença entre honrar e idolatrar alguém. Honrar é ver o lado bom e ruim de alguém e ainda sim optar por enxergar o lado bom dela. Idolatrar é ver alguém como perfeito e igualar essa pessoa a Deus”.
Confira:
Gospel Prime – Teófilo, cerca de um mês atrás o Brasil estava em polvorosa com multidões de Jovens nas ruas e certas denominações cristãs tanto apoiando quanto desmotivando os jovens a participarem das manifestações por diversos motivos. Ações isoladas de grupos menores de manifestantes ainda estão ocorrendo, porém a igreja brasileira não tem mais se manifestado sobre, alguns até dizem que o Gigante adormeceu. Qual é a sua opinião sobre o momento atual que estamos vivendo?
Teófilo Hayashi – Não, eu não acho que o gigante tenha adormecido. O que vivemos recentemente foi somente o começo de uma mudança a longo prazo. Creio que dentro dos próximos 5 anos viveremos mudanças políticas cruciais com novos movimentos e lideranças. A grande questão é que não achávamos que seríamos ouvidos, fomos para as ruas porque nossos direitos e ideais haviam sido violados, estávamos lutando ANTI alguma coisa. Atualmente estamos vivendo o momento PRÓ alguma coisa e infelizmente nenhuma proposta a favor de algo ainda nos levou as ruas. Já sabemos do que somos contra, fomos ouvidos, mas talvez ainda não saibamos do que somos favor.
GP – Algumas lideranças cristãs, em sua maioria cantoras foram convidadas pela presidente Dilma para se reunirem e orarem por ela, o que causou uma repercussão negativa por mais que elas tenham se pronunciado depois sobre o encontro. O que você acha dessa reunião?
TH – Eu acho esse encontro válido desde que quem esteve ali e a igreja cristã em geral permaneça em bondade, porém sendo astuta quanto ao governo.
GP – Com esse ‘boom’ de política X igreja, algumas profecias de algum tempo atrás sobre nosso país feitas por profetas estrangeiros se tornaram virais na internet como a de Cindy Jacobs e Boz Hazzlett e se tornaram satirizadas e distorcidas por maior parte do público que teve acesso as notícias. Porque você acha que as pessoas têm a necessidade de desmerecer profecias só porque as mesmas reforçam o agir de Deus no momento vivido? E principalmente a necessidade de dizer que se fossem verdadeiros profetas deveriam então estar falando de seus próprios países ao invés do nosso?
TH – Falar porque alguém está profetizando sobre nosso país e não o dele é um dos argumentos mais fracos que já ouvi. Se a pessoa é um missionário internacional como a Jacobs e o Hazzlet, Deus liberará profecias em todos os lugares que eles forem dentro e fora do país deles. Conheço os 2 pessoalmente e realmente são pessoas usadas por Deus. O reino de Deus é de forma global e infelizmente a igreja de forma geral sofre de ignorância ao mover profético, até mesmo aquelas que têm grandes profetas e são conhecidas por isso. Muitos se calam por medo da reação das pessoas e começam a duvidar das palavras vindas de Deus. As pessoas julgam profecias como óbvias muitas vezes porque não procuram saber o momento e contexto histórico em que elas foram ditas como a de Hazzlet, por exemplo, que foi em 2011 e só agora chegou aos ouvidos do grande público.
GP – Tanto o Dunamis quanto o Nova Geração e outros movimentos universitários cristãos tem como lema o despertar do Jovem para que ele descubra sua identidade em Cristo e invista seu dom em esferas da sociedade, rompendo as barreiras do templo. Depois de 5 anos de Dunamis, e 3 anos de JOCUM, como você avaliaria os frutos desses trabalhos?
TH – Sinto que ainda estamos numa fase adolescente, imatura. Precisamos dar aos jovens uma base sólida para que eles saibam lidar com os dias de crise. É preocupante ver a pregação de um evangelho superficial onde mostram um Deus que só pode te abençoar em tudo que você quer. O que vai acontecer com esses jovens no dia da crise? No dia que eles tiverem problemas financeiros, de relacionamento, etc? Provavelmente se revoltarão contra Deus porque não ensinaram a eles que Deus não é só prosperidade e faz tudo que queremos. Eles precisam entender que a vida com Deus é muito além de você dar seu dízimo e Deus te recompensar por isso, esse sistema que Deus age conforme nossos desejos precisa acabar.
As vidas realmente estão sendo salvas por pura misericórdia de Deus, pois infelizmente os jovens não são ensinados a amar ao próximo e fazer de tudo para que as pessoas sejam salvas.
Não é sobre o próximo milagre, mas sim quanto tempo aguentamos esperar por nossa promessa. Fazemos parte de uma geração imediatista que quer operar milagres a todo o momento, mas que desiste no meio do caminho, pois não aguenta esperar o cumprimento da promessa de Deus em suas vidas. O mesmo ímpeto que temos para fazer milagres deveríamos ter para saber esperar as coisas se cumprirem.
O senso de merecimento é a raiz da ingratidão. Enquanto acharmos que merecemos algo de Deus, não faremos nem seremos quem ele deseja que sejamos.
GP – Em uma entrevista recente, Rodolfo Abrantes mencionou de sinais e maravilhas que acontecem em algumas igrejas como na Bethel Church, por exemplo, e que ele indagando a Deus porque ele não via tais sinais aqui no Brasil, recebeu a resposta de Deus falando que um dos fatores era porque temos um país culturalmente idólatra. Então se esses sinais acontecessem por aqui, as pessoas começariam a idolatrar o palpável e aqueles que talvez estivessem envolvidos direcionando o momento do milagre de Deus. Você concorda com ele?
TH – Concordo com tudo que Rodolfo disse. Nossa cultura vem de uma raiz idólatra gerada pelo catolicismo e acabamos idolatrando coisas e pessoas muito rapidamente. Pessoas idólatras jogam fora seu senso crítico e são facilmente manipuladas. O que acontece na doutrina evangélica é que não sabemos a diferença entre honrar e idolatrar alguém.
Honrar é ver o lado bom e ruim de alguém e ainda sim optar por enxergar o lado bom dela. Idolatrar é ver alguém como perfeito e igualar essa pessoa a Deus.
Deus diz que devemos honrar as pessoas e não venerá-las.
GP – Missionários pelo mundo tem reportado sinais de avivamento em certos países muitas vezes ignorados pela mídia. Fatos palpáveis de novas conversões e salvação que nem ficamos sabendo devido a pouca divulgação e talvez pouco interesse do público que consome notícias cristãs. Você como missionário da JOCUM tem testemunhado essa onda de avivamento em outros países, você poderia nos contar um pouco do que anda acontecendo por aí?
TH – Atualmente muitos líderes jovens capacitados têm sido levantados por Deus em Singapura e há um avivamento nascendo na Europa também, principalmente na Noruega e Suíça. Mas creio que o grande avivamento com muitas conversões genuínas está acontecendo no norte da Índia e está se espalhando pelo país.
Fonte: GOSPEL PRIME
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