Ele endossou o relatório Malleus Maleficarum, que se tornou um manual para perseguir e matar mulheres
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Por intermédio da bula de 5 de dezembro de 1484, o papa Inocêncio VIII ordena uma investigação acerca dos bruxos, bruxas e bruxaria, com vistas a definir os sinais pelos quais se poderia reconhecer o pacto do indivíduo com o diabo.
Considerado um dos papas mais fracos do século XV, sua indicação aconteceu graças a um impasse na feroz disputa pelo papado entre os cardeais Bórgia e Giuliano della Rovere. Temerosos de que a disputa entre os dois levasse à escolha do cardeal Barbo, tido como homem de princípios rígidos e um possível reformador da Igreja, uniram forças e conseguiram eleger o inofensivo Cibo, que se tornou papa com o nome de Inocêncio VIII.
Foi o primeiro papa a reconhecer publicamente seus filhos e filhas bastardos, para os quais procurou arranjar casamentos vantajosos. Um de seus filhos, Franceschetto, tornou-se conhecido por seus excessos, e deve ter dado um bocado de dor de cabeça, até que o papa conseguiu casá-lo com uma das filhas do poderoso Lourenço de Médici, Madalena.
Seu papado foi gasto com os luxos e as disputas políticas usuais da época. Para elevar a arrecadação, aumentou o número de cargos negociáveis, e acabou perdendo o controle da corrupção dos seus administradores, o que resultou no escândalo da venda de bulas falsificadas.
Teve o mérito de apoiar a proposta de Cristóvão Colombo junto ao rei de Espanha, mas também promulgou o édito expulsando da Espanha todos os judeus não convertidos ao cristianismo.
Em 1492, Inocêncio VIII tornou-se a primeira pessoa a receber uma transfusão de sangue, numa tentativa desesperada de reanimá-lo quando já estava em coma. Não resolveu e os três jovens doadores também morreram pouco depois, possivelmente devido à perda de sangue ou embolia.
Infelizmente para milhares de pessoas, principalmente mulheres, que foram as mais afetadas, Inocêncio VIII logo no início de seu pontificado teve a atenção voltada para a questão da bruxaria, e emitiu em dezembro de 1484 a bula “Summis desiderantes affectibus”. Os dois inquisidores dominicanos encarregados do assunto, Heinrich Kramer e James Sprenger produziram em seguida um dos mais tenebrosos documentos já escritos, o “Malleus Maleficarum” (Martelo das Feiticeiras), no qual apresentaram justificativas teológicas e “oficializaram” as superstições da época que provocavam a perseguição às supostas bruxas, e que logo se tornou o manual dos que se dedicavam a essa tarefa.
A importância histórica desta bula é que por meio dela a Igreja reconheceu a existência das bruxas e da bruxaria e deste modo autorizou as perseguições que se seguiram, não só na Alemanha, mas em todos os outros países em que tinha influência.
A bula foi julgada necessária devido à resistência de autoridades eclesiásticas e civis em apoiar o “trabalho” dos dois fanáticos inquisidores no Sul da Alemanha.
Curiosamente, no fim da Idade Média, enquanto a fé medieval recuava em proveito da filosofia greco-romana, é que as pretensas feiticeiras são designadas para a vingança pública.
Na Idade Média não se queimavam as feiticeiras e sim se as expunham e a tratavam como pobres loucas. Tudo muda a partir do momento em que desaparece a Inquisição na França e nos países germânicos. Os tribunais civis herdam os processos de bruxaria e os juízes, à diferença dos inquisidores, acreditam plenamente no poder maléfico das bruxas, Em consequência a fazem queimar a exemplo dos heréticos.
A caça às bruxas é um fenômeno característico da Renascença – fim do século XV, séculos XVI e XVII. Começam por volta de 1430 e a maior parte tem lugar entre 1560 e 1630. Entre 30 e 60 mil infelizes foram enviadas à fogueira em cerca de dobro de processos.
Essas perseguições seviciavam com mais intensidade nas regiões germânicas e sobretudo na Suíça. Somente no cantão de Vaud, pôde-se contar um total de 1.700 fogueiras. A última bruxa, Anna Göldi, foi decapitada em 1782 no cantão suíço de Gladis. Foi reabilitada em 28 de agosto de 2008.
Fonte: OPERA MUNDI
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