A galeria do entreguismo do Brasil se confunde com a galeria dos gerentes de turno da semicolônia tupiniquim. Por ser esta a condição imposta pelo imperialismo para a ascensão a tal posto, os gerentes se esmeram em promover a derrama e assim serem recebidos na sede do império com as honras dignas de um lacaio.
Sarney, Luiz Inácio, Rousseff, FHC e Collor: décadas de serviços prestados às classes dominantes e ao imperialismo
Historicamente, o entreguismo tem recebido várias denominações geralmente eufemísticas, como “aliança para o progresso”, “consenso de Washington” e coisas do gênero. Em tempos recentes, denominações como “globalização” e “neoliberalismo” passaram a fazer parte do vocabulário de tantos quantos se especializaram teórica ou praticamente na tarefa de vender a pátria.
Setores estratégicos como petróleo, minérios, portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, sistema elétrico e de telefonia são disponibilizados pelos vende-pátria de turno que, ato contínuo, remetem o apurado para pagar juros e serviço da interminável dívida pública por eles realimentada sistematicamente.
COLLOR, FHC, LULA E DILMA UNIDOS PELA ENTREGA
O lançamento do pacote de “concessões” de Dilma Rousseff, com “investimentos” da ordem de duzentos bilhões de reais, concentrados nos setores de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, é nada mais nada menos do que o prosseguimento do itinerário do entreguismo moderno que foi impulsionado pelo FMI, Banco Mundial e tesouro do USA, como diretrizes para os países semicoloniais sob a denominação de “Consenso de Washington”.
Na oportunidade, Cardoso e Luiz Inácio chegaram a participar de algumas reuniões, logicamente na qualidade de ouvintes das diretrizes, ou melhor dizendo, dos ordenamentos imperialistas.
Mas foi Fernando Collor de Melo que deu início a esta nova fase da derrama. Com ele passaram às mãos do sistema financeiro boa parte do parque siderúrgico nacional a começar pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), trocada por papéis podres segundo as determinações do Programa Nacional de Privatização do famigerado Plano Collor. Com sua queda, o vice Itamar Franco, embora com menor ímpeto, deu continuidade aos ditames do FMI, abrindo caminho para a ascensão de FHC.
Coube a Cardoso dar prosseguimento ao processo de desnacionalização do patrimônio público brasileiro, jogando nas mãos das aves de rapina do mercado financeiro os setores elétrico e telefônico do país. Na edição n° 5 (dezembro de 2002) de AND, FHC foi denunciado como “O mais imoral e vende-pátria de todos os tempos”. Na mesma ocasião, AND destacou que “justiça seja feita, nenhum antecessor de Cardoso encontrou a oportunidade de doar ao invasor tantas riquezas, de permitir que a exploração do povo brasileiro e dos recursos geográficos pelo império alcançasse um nível tão inimaginável ”.
Luiz Inácio envereda pelo mesmo caminho de FHC, mas dando um toque pessoal a seu entreguismo ao criar as famosas PPP’s (parcerias público-privadas) e as concessões, garantindo financiamento público para serviços que seriam tocados pelo setor privado. Instituiu também uma espécie de seguro para esses investimentos, no caso deles não terem o retorno esperado.
Além de privatizações de bancos e parte do setor elétrico, todas as grandes obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) foram ou estão sendo tocadas através das PPP’s, inclusive a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio e os estádios da Copa. Abriu, ainda, as porteiras para o ingresso de “investidores” devidamente financiados pelo BNDES para abocanharem “concessões” de ferrovias e rodovias.
Dilma Rousseff também foi alvo de um editorial do AND quando, de forma atropelada, tentou aprovar a concessão dos portos em 2013. Numa avaliação, não apenas do gerenciamento de Dilma, mas de todo período petista, afirmamos: “Não se trata de um concurso, nem tampouco de declarar bandido apenas quem roubou mais, dando salvo-conduto ao que afanou menos. Porém, convém destacar que, sob eufemismos como “concessões”, “leilões” e outros, o que Luiz Inácio e Dilma fizeram e fazem é privatizar, alienar o restante do patrimônio estatal, que nem público é, posto que o Estado não é popular. Tratando-se do caráter de gerenciamentos do velho Estado, todos eles são imorais e vende-pátria”. E arrematamos: “Ainda doloridos com a condenação pelo ‘mensalão’, batem no peito para dizer que na gerência de Cardoso se roubou mais. O que essa gente toda precisa entender é que seus maiores crimes não são o roubo e a corrupção, mas a entrega do solo, subsolo, espaço aéreo e águas territoriais aos monopólios estrangeiros”.
NÃO VAI FALTAR DINHEIRO
Indagado sobre os recursos para cobrir as despesas com os investimentos, o ministro Levy declarou que não vai faltar dinheiro, como também não faltará dinheiro para o agronegócio, que já foi aquinhoado com cerca de 180 bilhões a título de custeio e investimentos para a safra 2015/16. Vale salientar que estes recursos são captados no mercado financeiro pelo tesouro a taxas superiores à SELIC (taxa básica de juros) e repassados com subsídios que variam entre um terço e a metade de referidas taxas.
Acontece que, na hora de resgatar as captações no mercado financeiro, são os brasileiros que vão pagar as bondades do gerenciamento petista com as classes dominantes. Como vemos, com Dilma Rousseff continua a mesma cantilena dos gerenciamentos PMDB e PSDB, ou seja, para os de cima, tudo. Para os de baixo, o ajuste fiscal com desemprego e corte de direitos conquistados.
FÓRUM DO IMPERIALISMO E DAS CLASSES DOMINANTES
Sugerimos aos leitores examinarem a matéria escrita por Henrique Júdice Magalhães na edição passada do AND, sob o título ‘Sem rumo e com poder’, na qual poderemos entender melhor as promíscuas relações do gerenciamento petista com os representantes do imperialismo, da grande burguesia e do latifúndio.
Destacamos um parágrafo que afirma:
“O Fórum — sabem os leitores de AND —é o grande dispositivo de articulação do capital transnacional e associado e de sua interlocução com a partidocracia. Mesmo que a soma dos vícios tecnocráticos de seus próceres e o conteúdo antinacional e antipopular das medidas preconizadas resulte em textos cheios de eufemismos, o recado é sempre claro para bons entendedores. Seus documentos políticos e macroeconômicos são, assim, sempre uma boa chave para conhecer as reivindicações e manobras dos setores dominantes.”
Fonte: A NOVA DEMOCRACIA
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