Por Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - Políticos do Partido Socialista da Venezuela consideraram nesta sexta-feira um "abuso" e uma "intromissão" a viagem de senadores brasileiros a Caracas para visitar na prisão alguns opositores do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
A visita da delegação brasileira na quinta-feira foi interrompida depois que os senadores disseram que o microônibus no qual viajavam foi apedrejado por simpatizantes de Maduro e que ruas foram bloqueadas, forçando a comitiva a voltar ao aeroporto e embarcar ao Brasil no mesmo dia.
Os senadores esperavam visitar os políticos detidos, incluindo o líder Leopoldo López, que faz greve parcial de fome numa prisão militar, e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, que está sob prisão domiciliar.
Os membros do Partido Socialista de Maduro disseram que a meia dúzia de parlamentares brasileiros fazia parte de uma conspiração internacional de direita.
"Há uma intenção doentia destes grupos políticos, não só para vir e ameaçar... mas também para minar as boas relações entre Venezuela e Brasil", disse a vice-presidente da Assembleia Nacional, Tania Diaz, a repórteres.
"Eles querem o mesmo que a extrema direita da Venezuela: isolar o país e sabotar a integração."
O apoio estrangeiro a líderes da oposição é uma questão sensível para o governo de Maduro, que os considera agitadores apoiados pelos Estados Unidos com a intenção de fomentar um golpe de Estado.
Um representante da Venezuela no Parlamento Latino-Americano disse que uma queixa contra os senadores brasileiros será apresentada durante uma reunião de sua comissão de direitos humanos em 30 de junho.
"Vamos denunciar esta ingerência política incontestável, rude, arrogante e desrespeitosa", disse Marelys Perez.
Líderes da oposição venezuelana, que formaram uma ampla coalizão chamada Unidade Democrática e que estão em campanha antes da eleição parlamentar no fim deste ano, disseram que o incidente ilustra a natureza ditatorial do governo de Maduro.
"Os senadores brasileiros vieram ontem (quinta-feira) para checar os direitos humanos dos venezuelanos e foram embora sabendo que até os seus próprios direitos foram violados", disse o chefe da coalizão de oposição, Jesus Torrealba.
O governo brasileiro condenou o incidente e chamou a embaixadora da Venezuela em Brasília para esclarecer o ocorrido. [nL1N0Z52JW]
(Reportagem adicional de Paula Andino, Anina Roche e Anthony Boadle)
Fonte: br.reuters.com
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