ZB/AFP/Arquivos / Patrick Pleul
Montadoras alemãs acusadas de testar diesel com macacos e humanos; na foto, logo da Volkswagen
Os fabricantes de automóveis alemães Volkswagen,
Daimler e BMW se confrontavam nesta segunda-feira com informações da
imprensa segundo as quais foram realizados testes de emissões de gás com
macacos e também humanos.
Desde sábado, a Volkswagen afirma que
"toma claramente distância de qualquer forma de maus-tratos animais",
após a revelação do jornal The New York Times sobre testes realizados
com macacos pelas três montadoras citadas, e também pelo grupo alemão
Bosch.
Tais experiências "são indesculpáveis do ponto de vista
ético", lamentou nesta segunda-feira Steffen Seibert, porta-voz do
governo alemão, que exigiu explicações dos grupos envolvidos.
"A
confiança da indústria automobilística voltou a ser afetada", declarou o
ministro dos Transportes e da Agricultura, Christian Schmidt.
Ele
anunciou que as montadoras serão convocadas ante a comissão ministerial
responsável pelo 'dieselgate' e intimou as empresas a "cessar
imediatamente este tipo de testes".
Volkswagen, BMW, Daimler e
Bosch enfrentam dois casos distintos, mas revelados quase
simultaneamente, ambos envolvendo um organismo de pesquisa que eles
financiavam, o EUGT, que foi fechado.
Os primeiros testes em
macacos teriam sido realizados em 2014 em território americano, segundo o
New York Times, que relata que os animais eram trancados em frente a
desenhos animados e obrigados a respirar a fumaça emitida por um Beetle,
o novo fusca, da Volkswagen.
O objetivo era "provar que os
veículos a diesel de tecnologia recebte são mais limpos que os velhos
modelos", aponta o jornal, um argumento usado pelas montadoras para
alavancar o mercado americano.
E o caso adquiriu uma nova
dimensão nesta segunda, quando o jornal alemão Süddeutsche Zeitung
afirmou que estes testes sobre os efeitos de inalação de óxidos de
nitrogênio (NOx) também foram realizados com 25 humanos com boa saúde.
Um
instituto médico de Aix-la-Chapelle, subordinado ao EUGT, fez com que
25 pessoas saudáveis inalassem em 2013 e 2014 dióxido de nitrogêneo
(NO2), em concentrações variáveis, segundo os dois jornais.
Este
estudo "não tem nada a ver com o escândalo do diesel", garantiu o
instituto. O objetivo seria medir o efeito da exposição de NO2 no local
de trabalho, "por exemplo para os motoristas de caminhão, mecânicos e
soldadores", explicou.
Daimler "distanciou-se expressamente do
estudo e do EUGT", segundo um porta-voz questionado pela AFP, enquanto
BMW negou ter participado.
Mas nenhuma dessas declarações foram
suficientes para abafar a polêmica, reavivando a crise de confiança que
atinge as grandes construtoras desde a revelação do escândalo da
adulteração em grande escala dos motores a diesel.
Bernd
Althusmann, ministro da Economia da Baixa Saxônia, um estado federal
acionista da VW, classificou essas experiências de "absurdos
indesculpáveis", informou a agência DPA.
"O comportamento do grupo deve respeitar as exigências éticas em todos os aspectos", ressaltou.
No
final de 2015, o grupo Volkswagen admitiu ter equipado 11 milhões de
veículos diesel com um programa de computador que falseava os testes
antipoluição e ocultava as emissões que eram, às vezes, 40 vezes
superiores ao autorizado pelas normas vigentes.
Depois do
"dieselgate", as montadoras alemãs decidiram acabar com a atividade do
UEGT, atualmente em liquidação, segundo o Süddeutsche Zeitung.
Fonte: AFP
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