Declarações do Papa sobre os abusos no Chile não ajudam a perseguir o crime
O Papa Francisco faz uma declaração aos jornalistas a bordo do avião durante o voo de volta para a Itália depois de sua visita à América do Sul. LUCA ZENNARO / POOL EFE
El País
23 JAN 2018 - 21:00 BRST
A defesa que o Papa fez durante sua recém-concluída viagem à América do Sul do bispo chileno Juan Barros, acusado de encobrir casos de pedofilia, constitui um infeliz passo em falso na política iniciada por Bento XVI de combater os casos de abuso sexual e pedofilia na Igreja Católica.
Francisco descartou com um desdenhoso “no dia que me trouxerem uma prova contra o bispo Barros, aí vou falar” sobre os protestos das vítimas dos abusos que exigem que Roma tome medidas contra o bispo.
O escândalo Karadima está no centro desta controvérsia. Trata-se de um caso de abusos sexuais cometidos pelo padre Fernando Karadima nas décadas de 80 e 90. Várias vítimas escreveram na época ao arcebispo de Santiago denunciando os fatos, mas a carta foi destruída pelo secretário pessoal do prelado, que não era ninguém menos do que Barros. Além disso, ele viajou a Roma para desacreditar as vítimas quando as notícias do que estava acontecendo chegaram ao Vaticano. Os fatos foram investigados, Karadima foi declarado culpado e obrigado a se aposentar.
Com suas palavras, em vez de confortar as vítimas, Francisco colocou em dúvidas que as numerosas provas sobre o caso sejam válidas. Pior ainda, ele se colocou ao lado daqueles que acreditam que as vítimas devem provar sua inocência. Logicamente as críticas não demoraram a chegar, mesmo dentro da própria hierarquia. Sean O’Malley, atual arcebispo de Boston – diocese devastada pelos casos de pedofilia – declarou publicamente que as palavras de Francisco são “uma fonte de grande dor para os sobreviventes de abuso sexual”.
Em um pedido de desculpas incomum, o Pontífice pediu desculpas pelas palavras escolhidas. Francisco, dado a declarações espontâneas, deveria ser mais cuidadoso em algumas questões. E, como continuam reivindicando as vítimas, não só pedir desculpas, mas agir.
O Papa Francisco faz uma declaração aos jornalistas a bordo do avião durante o voo de volta para a Itália depois de sua visita à América do Sul. LUCA ZENNARO / POOL EFE
El País
23 JAN 2018 - 21:00 BRST
A defesa que o Papa fez durante sua recém-concluída viagem à América do Sul do bispo chileno Juan Barros, acusado de encobrir casos de pedofilia, constitui um infeliz passo em falso na política iniciada por Bento XVI de combater os casos de abuso sexual e pedofilia na Igreja Católica.
Francisco descartou com um desdenhoso “no dia que me trouxerem uma prova contra o bispo Barros, aí vou falar” sobre os protestos das vítimas dos abusos que exigem que Roma tome medidas contra o bispo.
O escândalo Karadima está no centro desta controvérsia. Trata-se de um caso de abusos sexuais cometidos pelo padre Fernando Karadima nas décadas de 80 e 90. Várias vítimas escreveram na época ao arcebispo de Santiago denunciando os fatos, mas a carta foi destruída pelo secretário pessoal do prelado, que não era ninguém menos do que Barros. Além disso, ele viajou a Roma para desacreditar as vítimas quando as notícias do que estava acontecendo chegaram ao Vaticano. Os fatos foram investigados, Karadima foi declarado culpado e obrigado a se aposentar.
Com suas palavras, em vez de confortar as vítimas, Francisco colocou em dúvidas que as numerosas provas sobre o caso sejam válidas. Pior ainda, ele se colocou ao lado daqueles que acreditam que as vítimas devem provar sua inocência. Logicamente as críticas não demoraram a chegar, mesmo dentro da própria hierarquia. Sean O’Malley, atual arcebispo de Boston – diocese devastada pelos casos de pedofilia – declarou publicamente que as palavras de Francisco são “uma fonte de grande dor para os sobreviventes de abuso sexual”.
Em um pedido de desculpas incomum, o Pontífice pediu desculpas pelas palavras escolhidas. Francisco, dado a declarações espontâneas, deveria ser mais cuidadoso em algumas questões. E, como continuam reivindicando as vítimas, não só pedir desculpas, mas agir.
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