Samir Oliveira
Em seu último mês de mandato, o governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) cancelou um acordo que havia firmado em abril de 2013 com a empresa israelense Elbit. O contrato previa uma parceria entre a companhia militar de Israel, o Palácio Piratini e universidades gaúchas no estabelecimento de um polo aeroespacial no estado.
Desde que foi firmado, o protocolo com a Elbit tem sido alvo de constantes críticas da comunidade palestina no Rio Grande do Sul, de movimentos sociais pela causa e do próprio governo da Autoridade Nacional Palestina. Isso porque a Elbit, maior corporação militar de Israel, é denunciada pela colaboração na construção do muro que isola os territórios palestinos na Cisjordânia. A empresa também fornece equipamentos de segurança para os assentamentos israelenses, que já foram declarados ilegais pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A Elbit, que possui uma empresa subsidiária no Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre – a AEL Sistemas – já vem sofrendo sanções em países da Europa, que orientam seus fundos públicos a não investirem nas ações da companhia. Agora, nesta terça-feira (02), Tarso Genro entregou em mãos ao embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, uma carta onde informa o cancelamento do protocolo com a empresa militar israelense.
O diplomata está em Porto Alegre para um ato de comemoração ao Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, que foi celebrado no dia 29 de novembro. “Quero agradecer ao senhor governador pelos atos valorosos, ele sempre acompanhou a luta a favor de um Estado palestino independente”, elogiou o embaixador num evento na Assembleia Legislativa gaúcha.
Chefe da Assessoria de Cooperação e Relações Internacionais do governo do estado, Tarson Núñez defendeu a campanha por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o Estado de Israel. “Se hoje o governo israelense tem uma força militar capaz de vencer qualquer conflito direto, nós temos a força moral de quem está com a razão e com a justiça. Temos que prestar atenção ao movimento internacional por BDS, todo e qualquer produto de Israel não deve ser consumido por ninguém no Brasil e toda e qualquer empresa brasileira não deve fechar parcerias comerciais com Israel”, conclamou.
Tarson disse que o acordo com a Elbit já estava enfraquecido, pois o governo federal não havia liberado todos os recursos necessários para a concretização da parceria. Contudo, ele frisa que a decisão do Palácio Piratini foi política, já que, mesmo assim, ainda havia possibilidade de se tentar captar financiamentos junto ao BNDES, por exemplo. “O governador foi sensível às demandas contínuas da comunidade palestina, do governo palestino e dos movimentos sociais”, explicou.
O ato na Assembleia Legislativa ocorreu no mesmo dia em que a exposição de fotografias “Retratos da Resistência – Um povo que luta para não desaparecer” foi inaugurada no saguão de entrada do Parlamento. Fruto de um trabalho dos fotógrafos paranaesnes Leandro Taques e Rafael Oliveira, a exposição retrata o cotidiano dos territórios palestinos.
A carta entregue por Tarso à Embaixada Palestina informando sobre o cancelamento do acordo com a Elbit será divulgada ainda na noite desta terça-feira pelos movimentos sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário