Kertzer defende que
apoio do Vaticano deu
sobrevida ao fascismo
O livro do norte-americano David Kertezen que relata o apoio da Igreja Católica a Mussolini obteve na categoria biografia o Pulitzer de 2015. O prêmio literário é mais importante dos Estados Unidos.
Kertezen contou que o pacto sinistro quase não saiu porque Pio 11 tinha intenção de denunciar o regime de Mussolini e o de Hilter como antissemitas e racistas. Mas o papa morreu e o seu substituto, Pio 12, fechou o acordo.
Trata-se da barganha mais vergonhosa da história recente da Igreja Católica.
No The Pope and Mussolini – The Secret History of Pius XI and the Rise of Facism in Europe ("O Papa e Mussolini – A história secreta de Pio 11 e a ascensão do fascismo na Europa"), Kertezen relatou como a Igreja Católica ajudou o fascismo a se consolidar na Europa, e em troca Mussolini restaurou os poderes que o Vaticano tinha até antes da unificação da Itália, no século 19.
“O fascismo se estabeleceu na Itália graças ao apoio do Vaticano”, lembrou Kertzer. “E Hilter, nos anos 1920, se espelhou muito no seu herói Mussolini, cujo busto ele manteve por anos num lugar de destaque em seu escritório.”
Pio 12 passou para a história como o “Papa de Hitler” por ter se mantido em silêncio sobre o holocausto promovido pela nazista.
Em entrevista à Folha, o autor disse que a Igreja Católica reescreveu a sua história e a Itália foi convenientemente negligente, porque somente tempos depois da Segunda Guerra descobriu que “quase ninguém tinha sido fascista ou antissemita”.
Kertezen, que é professor de antropologia na Universidade de Brown (EUA), escreveu o livro com base em pesquisa em documentação liberada pelo Vaticano desde 2006 e no Arquivo dos Jesuítas, em Roma.
Ele tem a esperança de que o papa Francisco libere mais documentos.
O livro será lançado no Brasil em 2016.
Com informações da Folha de S.Paulo e outras fontes.
Leia mais em http://www.paulopes.com.br
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