Cavalos - Você os "adora", mas ...

Mesmo com toda a informação que existe e os métodos de doma racional tão largamente difundidos, você ainda tem coragem de aplicar corretivos severos ao equino da sua "estimação"?
Você é daqueles que ainda aplica a terrível doma tradicional, onde se "quebra o queixo" do animal que quer submeter aos seus caprichos? 

Basta que não lhe obedeça, ou que mostre-se "lerdo", quando você está a exigir-lhe que seja "ligeiro", para aplicar-lhe  rosetas de esporas, ou acicate, furar-lhe o couro, provocar-lhe sangramento e dores atrozes?

Você ainda é daqueles que, dizendo gostar muito de cavalos,  força-os a trabalhar com embocaduras severas (os denominados freios duros, dotados de correntes/barbelas, as quais cortam o couro e a pouca carne de trás do queixo, chegando até o osso), para mostrar que são "bons de rédeas", obedecem, param de chofre (esbarro ou brocha) e considera isto um grande feito?
Você é daqueles que aplica o relho à cabeça do animal, sabendo do risco de lesionar-lhe um olho e até cegá-lo, porque, "comido de carrapatos e fraco de nutaliose, não tem forças para agilizar-se, mesmo quando "convidado" com as esporas?

Você considera normal aprisionar sua montada em uma baia infecta (fedendo a urina e cocô), impedindo que conviva com os da sua espécie e tornando-se um ser mentalmente desequilibrado, que se porta como um doente mental, mesmo sem que tenha cometido "crime" algum?

Você é daqueles que, ficando meses sem montar seu animal, que está obeso, programa, de uma hora para outra, uma cavalgada de 60 kms e exige que o seu parceiro tenha resistência para enfrentar a maratona, apesar de despreparado, até mesmo desferrado e mesmo que isto lhe custe uma laminite e possa perder os cascos por força do "aguamento"? 

Você é daqueles que não dá a menor importância para a proteção do lombo do seu cavalo e que exige que ele aceite a sela bem apertada, mesmo sobre horrendas "mataduras", sem corcovear e tentar retirá-lo de cima de si? 

Você é daqueles que coloca freios que beliscam os lados da boca do seu cavalo, esfolando-os e reclama que o bicho é ruim de rédeas e pegou "barda" de morder a embocadura?

Você é daqueles que depois de usar exaustivamente sua montada, não lhe dá um banho, deixando-a na baia sem nada para comer, ou para comer só ração seca industrializada e padecer cólicas intestinais horríveis, podendo até morrer?
Você é daqueles que não liga para a qualidade da água que o bicho será obrigado a beber, estando o bebedouro (ou balde) cheio de sujeira, por pura preguiça de higienizar o recipiente?

Você é daqueles que, depois do ferrageamento do seu cavalo, sentindo-o manquejar de dor, porque o ferrador aplicou-lhe cravo no "mole" do casco, exige que ele o ature no seu lombo, assim mesmo? 
Você é daqueles que aplica correntes, à guisa de maneias, aos braços dos animais, para forçá-los a "marchar"? 
Você é daqueles que derruba um potro e extrai-lhe os grãos, numa cirurgia brutal, sequer precedida de anestesia, porque o dono do animal quer que ele se torne dócil? 
Você é daqueles que exige que seu cavalo de carroça arraste peso descomunal, nem que seja de joelhos e sob forte surra de chicote no lombo, nas virilhas e no pênis? 
Você é daqueles que aplica o relho, impiedosamente, ao pênis do bagual excitado com a presença de uma égua no cio, para que esconda a "peça"? 
Você está entre os que pensam que cavalo que quebra uma perna tem que ser sacrificado, porque não lhe servirá para mais nada e terá que alimentá-lo, mesmo que ele tenha quebrado a perna por culpa sua, numa competição de salto ou ao entrar/sair do caminhão?
Você é daqueles que vende seu velho e cansado companheiro para o "miolo", sabendo que será transformado em salsichas, comida para cachorros ou sabão?

E, mesmo fazendo isto tudo, considera-se um "bom cristão", porque foi batizado, crismado, leu o catecismo, fez primeira comunhão, sabe versículos bíblicos de cor, vai à missa, se confessa, papa hóstia todo domingo e paga o dízimo?

Então, convença-se: você é uma fera, que não pensa como gente, que não evoluiu nada, em termos de civilização. Não passa de um indivíduo hipócrita, vaidoso, cruel e insensível, digno de contundente repulsa. Um "bruto", um "bronco", muito mais rude do  que qualquer cavalo não domesticado e insubmisso. Um grosso incurável.

Você é quem está a merecer os castigos que aplica nos animais, para despertar e se arrepender da sua repugnante qualidade de desalmado torturador. Ou, quem sabe, um belo coice duplo nas fuças, que venha a mexer seriamente com seus miolos e forçar uma mudança de comportamento.