Muitos encaram o vício da bebida como um hábito natural.
Por Cláudia Machado
PERGUNTA CM Bebe álcool com frequência? SIM NÃO A viuvez, o isolamento ou a entrada na reforma levam muitos idosos portugueses a procurar no álcool um consolo e uma forma de atenuar a dor e o sofrimento. Perante uma situação de dependência, o primeiro grande obstáculo passa por admitir que o hábito, considerado cultural em várias regiões do País, é um problema de saúde a tratar com a máxima urgência. "É frequente que, nesta faixa etária, os doentes não admitam o problema, até porque é um hábito que mantêm há anos. Acham que é normal, já que sempre beberam", explica ao CM Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral. "Esta componente cultural tem de ser, de certo modo, posta em causa", afirma Manuel Cardoso, subdiretor- -geral do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), sublinhando que, numa época de aumento da esperança média de vida, "o problema é conseguir que esses anos sejam vividos com qualidade". "Achar que se pode beber o que se bebia antes é um erro. Nos idosos, o efeito é muito maior", alerta Manuel Cardoso. Outro risco associado a esta dependência na terceira idade passa pelos vários remédios que muitos destes idosos necessitam. "Um comportamento tão preocupante como o de misturar álcool com medicamentos é o de deixarem de os tomar para poderem continuar a consumir", refere ainda Rui Nogueira.
É nos cuidados de saúde primários que pode ser dado o primeiro alerta face a uma situação de dependência. Para que os profissionais possam atuar é, no entanto, necessária uma resposta verdadeira do doente sobre os seus hábitos de consumo.
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