Para quem quiser saber a verdade sobre a Monarquia, sugiro a leitura de LAURENTINO GOMES - "1889"- Editora GLOBO S.A - 2013.
O autor revela um dado interessante: um dos republicanos mais "sanguinários", juntamente com o advogado Silva Jardim, foi Joaquim Inácio Cardoso, então com 29 anos, que viria a ser avô do futuro presidente Fernando Henrique Cardoso.
Outro fato curioso, divulgado por GOMES, é que até o próprio D. Pedro II, imperador quando foi proclamada a República, tinha simpatias pelo regime republicano. Chegou a anotar num dos seus livros: ". Desejaria (...) que a civilização do Brasil já admitisse o sistema republicano, que, para mim, é o mais perfeito, como podem sê-lo as coisas humanas (...)"(p. 129)
Mais curiosidades: "A improvisada cerimônia de Proclamação da República aconteceu por volta das 6 horas da tarde. Na falta de símbolos genuinamente brasileiros que representassem o novo regime, foi preciso improvisar. Cantou-se a Marselhesa, o hino nacional da França, e hasteou-se uma bandeira cujo desenho imitava os traços do estandarte dos Estados Unidos da América, substituindo-se apenas as cores azul e branco das faixas horizontais pelas cores verde e amarelo" (p. 62).
Curiosamente, ontem, tomei o livro mencionado da minha estante e iniciei sua releitura, pensando exatamente que se a monarquia no Brasil não prosperou, a República revelou-se igualmente ilusória. E acabei por encontrar na mesma obra e página mencionadas, uma referência a Auguste Comte, o positivista, que apregoava para o Brasil uma "ditadura republicana" como solução. Aqui, cabe uma frase do estudante Júlio César da Fonseca Filho, citado por Laurentino (p. 151): "Cuidado com o Exército: onde ele predomina, a liberdade é uma mentira".
Mais: o jornalista historiador revela que a mulher escolhida para D. Pedro II, a imperatriz Tereza Cristina, era um autêntico trubufú (final da p. 119), razão pela qual ele teve 12 namoradas (quando já casado), dentre elas a mulher do embaixador uruguaio André Lamas e a esposa de Júlio Constâncio de Villeneuve, dono do Jornal do Comércio.
E diz mais o autor do livro: o imperador era um homem muito culto, dominando diversas línguas e apreciando escritores do porte de Victor Hugo (p. 137), francês que chegou a esnobá-lo, para depois tornar-se grande amigo.
Há muitas outras curiosidades na obra mencionada, que é daquelas que prende a atenção do leitor. Por isto a recomendo.
Um trecho merece especial destaque, para aquilatar-se se a volta da Monarquia é uma boa ideia. Discorrendo sobre os títulos de nobreza, LAURENTINO GOMES afirma: "a farta distribuição desses títulos, iniciada com a chegada de dom João ao Rio de Janeiro em 1808, resultava de uma troca de favores entre a coroa e os senhores da terra. Traficantes de escravos, fazendeiros, donos de engenho, pecuaristas, charqueadores e comerciantes davam o apoio político, financeiro e militar necessário para a sustentação do trono. Em troca, recebiam do monarca posições de influência no governo, benefícios e privilégios nos negócios públicos e, especialmente, títulos de nobreza".(p. 95).
Como visto, na monarquia, como na república, as sacanagens, as negociatas, podem estar presentes, se o povo não é politicamente instruído.
Arremato: Laurentino cita o escritor sergipano Tobias Barreto, dizendo que o mesmo se referia à "nobreza feita à mão, que produzia fidalgos de nomes pitorescos como o barão de (...) Batovi, com o qual foi agraciado o marechal de campo Manuel de Almeida da Gama Lobo D'Éça (...) (p. 99), velho conhecido dos florianopolitanos, homenageado com nome de rua, até hoje não mudado.
Mulheres, escravos, índios, assalariados, estrangeiros e pessoas que não professassem a religião católica estavam excluídos do processo eleitoral (p. 109).
O ensino superior era proibido para mulheres no Brasil (p. 126)
O ensino superior era proibido para mulheres no Brasil (p. 126)
Quer saber mais? Procure ler a obra recomendada, facilmente encontrável no comércio local.
-=-=-=-=
Monarquia é solução para a baixaria na política brasileira?
Os defensores da volta da monarquia pegaram carona de vez nas manifestações de ontem. E com diversos bordões “moralizadores”:
Para acabar com a baixaria, só a monarquia
República no Brasil sempre foi sinônimo de desgraça nacional
Abaixo à Ré-Pública
Panfletos distribuídos pelos monarquistas por todo país defendiam que, para se manter, a república brasileira apelou por concentrar todos os direitos e regalias no Estado, excluindo sistematicamente as liberdades e prerrogativas individuais.
Será mesmo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário