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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

BALEIAS - Notícias de SC e outras

- Na Ilha de SC – O historiador MANOEL JOAQUIM D’ALMEIDA COELHO – Memória Histórica D’Infantaria de Linha da Província de Santa Catharina – Typografia Catharinense/Fpolis-SC/1853, p. 16, informa que  a pesca de baleas (balêas) em Santa Catharina rendia duzentos a trezentos  cruzados por anno aos Contratadores e dez ao Estado – nota 23, de rodapé.

- Um excelente livro sobre a caça às baleias, na costa do Brasil, foi escrito por MYRIAN ELLIS - A baleia no Brasil colonial - Melhoramentos e Editora da Universidade de SP/1969. Ela noticia que a atividade de caça (pesca?) aos cetáceos em destaque, no Brasil, foi inciada em 1602, pelo Capitão Pêro de Urecha e um grupo de biscainhos (naturais de Biscaia – Espanha), no Recôncavo Baiano (p. 25)

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Proíbe a pesca de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 1º Fica proibida a pesca, ou qualquer forma de molestamento intencional, de toda espécie de cetáceo nas águas jurisdicionais brasileiras.
Art. 2º A infração ao disposto nesta lei será punida com a pena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos de reclusão e multa de 50 (cinqüenta) a 100 (cem) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, com perda da embarcação em favor da União, em caso de reincidência.
Art. 3º O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua publicação.
Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 18 de dezembro de 1987; 166º da Independência e 99º da República.

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- MANOEL JOAQUIM D’ALMEIDA COELHO (major), in  Memória Histórica da Província de Santa Catarina - Typografia Desterrense/Fpolis-SC/1856 (que pode ser encontrado na Biblioteca Pública de Florianópolis -– catálogado sob o nº SC/OR 981.64 C 673), sobre a Pesca das Balêas (pág. 52 e seguintes), registrou que a atividade foi iniciada em 1746, quando implantado o estabelecimento industrial que emprestou nome à Armação da Piedade (hoje Município de Governador Celso Ramos), de propriedade  do contratador THOMÉ GOMES MOREIRA, de Lisboa, que se associou a mais 7 portugueses, que atuaram aqui na região até 1777, tendo matado 523 baleias. Aduz o historiador que, nas regiões baleeiras de SC, em alguns anos, chegaram a ser mortos cerca de 1000 daqueles cetáceos. Acrescenta que a Armação da Lagoinha (Costa leste da Ilha de SC) foi estabelecida em 1772.

-  A baleia é uma besta enorme e tem de cem a duzentos côvados. Por ser essa costa cheia de muitas baías, enseadas e estreitos, acode grande multidão delas a estes recôncavos, principalmente de maio até setembro, quando parem seus filhos. Às vezes vêm quarenta a cinqüenta juntas. Têm o toutiço furado e por ele resfolegam e botam grande soma d’água, e assim a espalham pelo ar como se fosse chuveiro. A baleia permanece tanto tempo em um mesmo lugar que sobre seu costado crescem arbustos e ervas. Os navegantes, em sua ignorância, fundeiam ao seu lado pensando estarem na orla de uma ilha. Depois acendem fogo em cima dela para preparar sua comida e, quando o monstro sente o calor, submerge ao mais profundo do mar e arrasta consigo a nave e todos os marinheiros. A baleia significa o mundo e os marinheiros são os homens, mas não passam estes de uns tolos, pois ignoram que tudo é efêmero e desconhecem que, se um dia estamos sobre as ondas, no outro podemos afundar - COSME FERNANDES - Liber monstrorum de diversis generibus - citado por JOSÉ ROBERTO TORERO e MARCUS AURELIUS PIMENTA – Terra Papagalli – Editora Objetiva/RJ/2000, pág. 116. Há certa semelhança entre o que se fala sobre acender fogo em cima de baleia e a biografia do sábio talmúdico babilônio RABA BAR CHANA, que viveu no século XIII, segundo ALAN UNTERMAN -  Dicionário Judaico de Lendas e Tradições -  Jorge Zahar Editor/RJ/1997, pág. 216, senão vejamos: (...) Ele deparou um peixe gigantesco, tão grande que os marinheiros pensaram ter chegado a uma ilha e começaram a cozinhar a comida sobre as costas dele, até o calor fazê-lo virar-se. Outro peixe de dimensões enormes morreu e foi arrastado para a praia. Nesse processo ele destruiu sessenta cidades portuárias, e um dos olhos do peixe forneceu trezentos jarros de óleo. Ainda outro peixe desse tipo tinha duas barbatanas tão afastadas uma da outra que um navio levava três dias para navegar de uma barbata à outra enquanto o próprio peixe nadava na direção contrária.

-  (...) avistaram uma baleia, o que é sinal de proximidade de terra, porque elas sempre andam por perto da costa. (...) - CRISTÓVÃO COLOMBO -  Diário da descoberta da América -  L&PM Editores/SP e RS/1998,  pág. 42.


- Foi introduzida a indústria da pesca da baleia em 1603 no nordeste do Brasil. A estrutura da pequena vila da armação foi aproveitada, a fim de criar um posto de mastreação e velame (provavelmente clandestina, de corsários, pois a primeira armação legal da região foi instalada em 1729 em São Sebastião com monopólio do governo português) para embarcações pesqueiras de baleias.

- Frei SANTA RITA DURÃO -  Caramuru -  Livraria Martins Fontes Edit. Ltda/SP/2001, pág. 230 e seguintes, versejou sobre a espécie, em termos bastante interessantes:  

(...) De junho a outubro para o mar se alarga,/Qual gigante marítimo, a  baleia,/Que palmos vinte e seis conta de larga,/Setenta de comprido, horrenda e feia:/Oprime as águas com a horrível carga,/E de oleosa gordura em roda cheia,/Convida o pescador que ao mar se deite,/Por fazer, derretendo-a, útil azeite. Tem por espinhas ossos desmarcados,/O ferro as duras peles representam,/Donde pendem mil búzios apegados,/Que de quanto lhe chupam se sustentam:/Não parecem da fronte separados/Os vastos corpos na areia assentam,/Entre os olhos medonhos se ergue a tromba,/Que ondas vomita como aquátil bomba. Na boca horrível, como vasta gruta,/Doze palmos comprida a língua pende,/Sem dentes, mas da boca imensa e bruta/Com elas para o estômago transmuta/Quanto por alimento n’água prende,/O peixe ou talvez carne, e do elemento/A fez imunda, que lhe dá sustento. Duas asas nos ombros tem por braços,/Que aos lados vinte palmos se difundem,/Com asa e cauda os líquidos espaços/Batendo remam, quando o mar confundem:/e excitando no pélago fracassos,/Chorros d’água nas naus de longe infundem;/E andando o monstro sobre o mar boiante,/Crê que é ilha o inexperto navegante. Brilha o materno amor no monstro horrendo,/Que, vendo prevenida a gente armada,/Matar se deixa n’água combatendo,/Por dar fuga, morrendo, à prole amada:/Onde no filho o arpão caçam metendo,/Com que atraindo a mãe dentro à enseada,/Desde a longa canoa se alanceia,/Ao lado de seus filhos a baleia. (...).

- Frei VICENTE DO SALVADOR (in História do Brasil -  Edições Melhoramentos/SP/1954, pág. 67), refere-se à circunstância de as baleias lançarem à costa muito âmbar do que do fundo do mar arrancam quando comem, e conhecido na praia porque aves, caranguejos e quantas coisas vivas há acodem a comê-lo.

- JOSÉ ANTONIO (BONIFÁCIO) DE ANDRADA E SILVA (o Patriarca da Independência), homem letrado (que teve o privilégio de cursar várias faculdades em Portugal), escreveu  Memória sobre a pesca de baleias e a extração do seu azeite, co algumas reflexões a respeito de nossas pescarias. Na Ilha de SC e continente fronteiriço, a atividade de pesca de baleia e produção de óleo para a construção civil chegou a ser significativa, vindo a minguar por concorrência/interferência de interesses ingleses, segundo os historiadores.

- Sobre a pesca da baleia em Portugal, notadamente no arquipélago de Açores, vale consultar a obra de RIOPARDENSE DE MACEDO, intitulada  Porto Alegre/História e vida da Cidade – Editora URGS/1973, págs. 17 e seguintes. Ali aparece, inclusive, a figura que denominamos  vigia, que o escritor chama de  atalaia.

-  Tradicionalmente é chamado assim o monstro marinho Ketos (em latim “Cetus”que o herói Perseu mata para libertar a filha do rei, Andrômeda; por analogia, na Bíblia, com esse nome se entende o “grande peixe” do livro de Jonas, que engole o profeta. “Jonas permaneceu nas entranhas do peixe três dias e três noites. Então orou ao Senhor...Então o Senhor falou ao peixe e este vomitou Jonas sobre a terra firme  (Livro de Jonas 2). Em Mateus 12,40, o episódio bíblico é interpretado como “premonição” da ressurreição de Jesus: “Pois como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites, assim ficará o Filho do Homem três dias e três noites, assim ficará o filho do Homem três dias e três noites no seio da terra”. Este trecho da Sagrada escritura é interpretado reiteradamente como símbolo universal da ressurreição dos mortos e deste modo representado artisticamente. – Na lenda  marinha de São Brandão (“Navigatio Sancti Brandani”) encontra-se o motivo dos monges navegantes que, à maneira de Simbad, atingem a costa sobre o dorso do monstro marinho cresce até mato, e “por esse motivo os marinheiros acreditam que se trate de uma ilha, atracam nele suas embarcações e acendem fogueiras, mas assim que o animal sente o calor, imerge repentinamente na água, precipitando a embarcação no abismo”(coisa que foi poupada a São Brandão e seus confrades). ‘O mesmo ocorre também àqueles homens que não conhecem nada a respeito da astúcia do demônio...Esses serão atirados junto com ele às profundezas do abismo do fogo infernal”. Conta-se também que da boca aberta da baleia exala um perfume (cf. Pantera), com o qual atrai os peixes para devorá-los. “O mesmo acontece com aquele que não possui uma fé sólida, se abandona a todos os prazeres, seguindo todas as tentações, e que se verá engolido repentinamente pelo diabo” (F. Unterkircher, 1986, Bibl. 14). - HANS BIEDERMANN -  Dicionário ilustrado dos símbolos – Cia Melhoramentos de SP/SP/1994, pág. 50 e 51.

- Ver HUGO SCHLESINGER e HUMBERTO PORTO -  Dicionário Enciclopédico das Religiões – Edit. Vozes Ltda/Petrópolis-RJ/1995, vol. A-J, p. 314.

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