- ÉRICO VERÍSSIMO - Israel em Abril - Editora Globo/RJ, SP e P. Alegre/1978, pág.
309, escreveu, sobre hábitos de moradores de uma ilha grega: (...)
Dentro da taverna homens jogam cartas, fumam e bebem ouzo. A poucos passos de
nós um velho pescador, o cachimbo
entre os dentes, remenda sua rede dum amarelo âmbar (...).
- LÚCIO DE MENDONÇA - soneto O Rebelde:
- É um lobo do mar: numa espelunca/mora, à beira do oceano, em rocha
alpestre./Ira-se a onda e, qual tigre silvestre,/de mortos vegetais a praia
junca,/ e ele, olhando como um velho mestre/o revoltoso que não dorme
nunca,/recurva o dedo como garra adunca/sobre o cachimbo, único amor terrestre.
E então assoma-lhe um sorriso amargo.../É um rebelde também, cérebro
largo,/que odeia os reis e os padres excomunga.
À noite, dorme sem rezar: que importa?/Enorme cão fiel, guarda-lhe a
porta/o velho mar soturno que resmunga.
- ROBERT LOUIS STEVENSON - A Ilha do Tesouro - Editora Martin Claret/SP/2002, pág. 142,
refere-se ao vício do tabagismo, com uso de cachimbo, entre os marinheiros.
- O uso do tabaco, pelos europeus, só ocorreu após as
viagens de descobrimento das Américas, posto que, até, então, não conheciam o
hábito de fumar. Do nosso Dicionário de
Vícios extraímos o material que segue:
CACHIMBA
- (Espanhol) - Cachimbo. - Dic. Brasileiro - Oficina de
Textos/SP/1996.
CACHIMBADA
-
Porção de fumo ou tabaco com que se enche
o cachimbo; fumaça aspirada no cachimbo.- FRANCISCO
FERNANDES - Dicionário Brasileiro
Contemporâneo - Edições Melhoramentos/1968, p. 204.
CACHIMBADOR
-
Que, ou aquele que cachimba. - FRANCISCO FERNANDES – Dicionário Brasileiro Contemporâneo - Edições melhoramentos/1968,
p. 204.
CACHIMBAZO
- (Espanhol) - Trago de licor.-
Gran Enciclopedia del Mundo - Durvan S. A. de Ediciones - Bilbao/Espanha/1966
(Léxico).
CACHIMBEIRO
- O
mesmo que cachimbador. Apelido
atribuído pelos nativos
da Praia
de Canasvieiras, na Ilha de Santa Catarina, ao
descendente de açoriano residente no lugar Ponta das Canas,
distrito de Cachoeira do Bom Jesus, adeptos do hábito de
fumar cachimbo.
CACHIMBO (Ver AJUÁ, BONG,
CHELUM, CHILLUM, CRACK, FUMAÇADA, FUMAR, LULKE, NACIONALISMO, NARGUILÉ, PITAR e
WHOPE)
- A
criatividade também aparece na confecção
de cachimbos, que podem
ser de madeira, vidro com forma
irregular, pintados, com identificação,
formato de caveira ...- MARCO
ANTONIO UCHÔA - Crack,
o caminho das pedras - Edit. Ática/SP/1996, p. 49.
- (...) Abandone o cigarro,
disse-me ele; você o acende, fuma pela metade e joga fora como a uma
prostituta. É uma vergonha. Case-se com o cachimbo; é coo uma mulher fiel.
Quando voltar para casa, ele estará sempre lá, esperando você, sem se mexer.
Você o acenderá, verá a fumaça subindo no ar e se lembrará de mim (...) - NIKOS
KAZANTZAKIS - Zorba, o grego -
Círculo do Livro S. A./SP/p. 58.
- Aparelho constando de um tubo
com recipiente côncavo na ponta, próprio para fumar. É muito usado nos
terreiros pelos médiuns incorporados com Pretos Velhos (...) - OLGA GUDOLLE
CACCIATORE - Dicionário de Cultos
Afro-brasileiros/RJ/1977.
-
Aparelho para fumar, constituído de um fornilho onde arde o tabaco e de um tubo
por onde se aspira o fumo (...)
- FRANCISCO FERNANDES - Dicionário Brasileiro Contemporâneo - Edições melhoramentos/1968, p. 204.
- de
taquari: (...) pousando no chão o enorme cachimbo de taquari do Pará. - ALUÍSIO AZEVEDO
- O mulato -
Edit. Ática S.A./SP/1988, p. 73.
- Em
países como a Gautemala, por exemplo, constituem eixo da vi da econômica
nacional: ano após ano, ciclicamente, abandonam suas terras sagradas, terras
altas, para forneceram 200 mil braços
à
colheita
do café, algodão e açúcar nas terras baixas. Os empreiteiros os transportam em
caminhões, como gado, e nem sempre a necessidade decide: às vezes decide a
cachaça. Os empreiteiros pagam uma
orquestra de marimba e fazem correr o álcool forte; quando o índio acorda da
bebedeira, já o acompanham as dívidas. Pagará trabalhando em terras quentes que
não conhece, de onde regressará ao fim de alguns meses, talvez com alguns
centavos no bolso, talvez com tuberculose ou impaludismo. - EDUARDO
GALEANO - As
veias abertas da América Latina - Edit. Paz e Terra/1983, p. 61.
-
(...) escarranchado na rede durante horas esquecidas, em ceroulas, fumando o
seu cachimbo de cabeça preta, fabricado na província. - ALUÍSIO AZEVEDO - O mulato - Edit. Ática
S.A./SP/1988, p. 35.
-
Externamente, o craqueiro pode apresentar queimaduras nos
lábios, na língua e no rosto por causa da proximidade da chama
do isqueiro no cachimbo, onde a pedra
é fumada. -
MARCO ANTONIO UCHÔA - Crack, o caminho das pedras -
Edit. Ática/SP/1996, p. 107.
- Ìkokotába, em Yorubá (nagô).
-
Instrumento de fumar, de madeira, osso ou barro. Era usual entre os indígenas. Os portugueses revelaram
o cachimbo brasiliense aos espanhóis. Antes do português no Brasil, nenhum
europeu fumou cachimbo no século XVI. O cachimbo tupi era o petim-buáb,
dando pintinguá e petibaú. Também canguera ou cangoeira, de acang, osso, era o cachimbo tubular, por semelhar o
osso longo e oco. Fumar, em tupi, do
verbo pitéra, chupar.
Decorrentemente, pito é cachimbo e piteira, por onde se fuma ou
chupa o
tabaco, petin, petun, pitin,
betun. Cachimbo ainda petibáu, de peti-mbaú, canudo de tabaco, o tubo de fumar
(Teodoro Sampaio): Luis da Câmara Cascudo, Interlúdio
do Fumo, Jornal do Comércio, 27/11/1966, Rio de Janeiro.(...) - LUIS DA CÂMARA CASCUDO - Dicionário
do Folclore Brasileiro -
Edit. Itatiaia Ltda/BH-RJ/1993, p. 170.
- Mãe
Chiquinha nos amava/com seu calor de nascença;/o riso dos dentes sãos/ a
liberdade em desuso/trazida da escravidão./Mãe- Chiquinha possuía/no olhar
segredos gerais/À luz do cachimbo aceso/de repente se perdia/na pele dos
ancestrais. - FRANCISCO CARVALHO - Os Mortos Azuis - PAULO RÓNAI - Dicionário Universal Nova Fronteira de
Citações - Edit. Nova Fronteira/RJ/1985, p. 307.
- Não
concebeis, uma perda imensa, irreparável ...era o meu
cachimbo.(...)
Eis aí um cachimbo primoroso. É de
pura escuma do mar. O
tabu é de pau de cereja. O bocal de âmbar.
- ÁLVARES DE AZEVEDO - De Macário (primeiro episódio)
- O
amigo que havia passado mal levou um embrulho diferente. Eram as pedras.
Perguntou: "Maria, você gosta de doce?
Então experimenta esse". Ele
montou o cachimbo e me ensinou a pipar. -
MARCO ANTONIO UCHÔA - Crack, o
caminho das pedras
- Edit. Ática/SP/1996, p. 16.
- O cachimbo do Presidente - No
tempo em que Andrew Jackson era Presidente dos Estados Unidos, certo membro do
Congresso tentou em vão obter um posto que desejava. Por fim, decidiu recorrer
a táticas nada sutis. Um dia, visitou o Presidente, que estava fumando seu
cachimbo como sempre e disse-lhe: "Vim pedir-lhe um favor que nada custará
ao erário, mas muito significa para mim". - O que é? - Meu velho pai tem
pelo senhor toda a admiração que um homem possa ter por outro. Seu maior desejo
é possuir um dos seus cachimbos como lembrança. - Com prazer, disse Jackson. E
mandou um auxiliar trazer dois ou três cachimbos. - Não interrompeu o
solicitante, o que gostaria de levar para meu pai é o cachimbo que o senhor
está fumando. O Presidente acedeu e começou a esvaziar o cachimbo das cinzas.
Mas o congressista interveio de novo: "Presidente, eu quero o cachimbo
assim mesmo como acaba de deixar os seus lábios". Após receber o cachimbo,
embrulhou-o cuidadosamente num papel e saiu com ar de quem tinha realizado a
maior ambição de sua vida. Três semanas depois, era encarregado da desejada
missão sem ter tido que a pedir de novo (Paul F. Boller, Jr. - Anedotas
Presidenciais), citado por MANSOUR CHALITA - Os mais belos pensamentos de todos os tempos - As. Cult. Intern.
Gibran/RJ, p. 212.
- O cachimbo eu logo fumei como
um velho; se depois eu ainda comprimia o polegar no fornilho (...) - FRANZ
KAFKA - Um médico rural - Edit.
Brasiliense/SP/1991, p. 63.
- O cachimbo extrai sabedoria
dos lábios do filósofo, e cerra a boca do tolo; promove um estilo de
conversação filosofante, benévolo e desataviado. - THACHERAY (1811-1863),
citado em A Importância de Viver, de Lin Yutang - PAULO RÓNAI - Dicionário Universal Nova Fronteira de
Citações - Edit. Nova Fronteira S.A./RJ/1985, p. 126.
- O sonho em que você fuma
cachimbo promete que será capaz de enfrentar as próprias obrigações e resolver
os próprios problemas. Esse augúrio aplica-se a qualquer sonho em que figure um
cachimbo, a não ser que este apareça quebrado, caso em que significa a
despedida de um grande amigo. - STEARN ROBINSON e TOM CORBETT - Dicionário dos Sonhos - Edit. Pensamento
Ltda/SP/1997, p. 71.
- Oposição é como cachimbo: só
leva fumo. - Frase atribuída ao Dep. Federal José Lourenço, do PFL-BA, sobre as
tentativas de obstrução da votação das reformas. - Revista VEJA, 21/01/98, p. 13.
- Os
que eram apresentados à droga a fumavam em cachimbos feitos com pedaços de antena de carro, bocal
de lâmpada, copos de iogurte e água mineral. Quem ensinou aos nossos
brasileiros o know-how do cachimbo improvisado? É a segunda pergunta
sem resposta no mistério sobre o pai do crack em São
Paulo.(...) A maneira de fumar crack é curiosa, rudimentar. Os cachimbos
são improvisados com potes de
iogurte, por exemplo. Na metade do pote é introduzido um tubo, canudo. Embaixo,
um pouco de água. O pote é recoberto com papel laminado perfurado. A pedra de
crack é colocada sobre os furos do papel para ser queimada
junto com cinzas de cigarro. Aspira-se a
fumaça, que desce para o interior do pote. Esse
é o sistema tradicional, adotado
pelos viciados americanos. Algumas pessoas preferem fumar a pedra direto
num cachimbo. Neste caso, a fumaça, não concentrada, evapora-se com
facilidade. Outros acoplam cachimbos tradicionais a recipientes
improvisados onde possa ser possível
colocar um pouco de água para concentrar mais a
fumaça. Esse sistema é o mais usado na periferia e no centro de São
Paulo. - MARCO ANTONIO UCHÔA - Crack,
o caminho das
pedras - Edit. Ática/SP/1996, p.
54.
- Pfeife, em Alemão.
- Sim
...O Oriente! Mas que achas de tão belo naqueles homens que fumam sem falar,
que amam sem suspirar? É pelo fumo? Fuma
aqui ...Vê, o luar está belo: as nuvens no céu parecem a fumaça do
cachimbo do Onipotente que resfolga dormindo. - ÁLVARES DE AZEVEDO - De
Macário (primeiro episódio).
- Símbolo da potencialidade do
Homem Primordial invulnerável e imortal em seu ser à imagem do macrocosmos.
Voltado para o centro do universo realiza pela prece materializada no fumo, que
é o sopro da alma, a união das forças terrestres com as celestes. Assim é visto
entre os indianos. Mas o significado especial do uso do cachimbo é de ordem
ritual. Os peles vermelhas oferecem as primeiras baforadas ao grande Wah-Konda,
senhor da vida, e em seguida dirigem uma baforada para os quatro pontos
cardeais, para terminar com três bem destacadas para o Zenit, para o sol e para
a terra. O cachimbo da guerra fazia parte do rito guerreiro de várias tribos,
sendo como tal um emblema social. Ao fumar o cachimbo, acreditavam os indígenas
que a divindade lhes comunicava poder e invulnerabilidade. À semelhança do
cachimbo da guerra, havia também o cachimbo da paz que transmitia um ao outro,
ao passar de boca em boca, o sopro benfazejo do deus da vida. - HUGO
SCHLESINGER e HUMBERTO PORTO - Dic. Enc.
das Religiões - Edit. Vozes Ltda/RJ/1995, vol. I, p. 465.
- Um
vidro de maionese vazio, com antena de televisão, funcionava como
cachimbo.(para fumar crack) - Depoimento de
um viciado em crack
a MARCO ANTONIO UCHÔA - Crack, o
caminho das pedras - Edit. Ática/SP/1996, p. 216.
CACHIMBO
(Bebida)
-
Bebida feita com mel de abelha e aguardente. "E bebia cachimbo,
mistura
de aguardente e mel de abelha dos cortiços pendurados no
beiral
do alpendre" (Graciliano Ramos, Infância, 140, Rio de Janeiro, 1945) (...) - LUIS DA CÂMARA CASCUDO
- Dicionário do Folclore Brasileiro - Edit. Itatiaia
Ltda/BH-RJ/1993, p. 170.
- (...)
Com as mãos trêmulas, mal segurando o copo com quatro dedos de saboroso
cachimbo (...) - CLARIBALTE PASSOS - Estórias
de Engenho (O vendedor de ilusões) - Comp. Edit. de Pernambuco/Edit.
Paralelo Ltda/Recife/1972, p. 243.
- Em
Esperanto, pipo. - ALLAN KARDE AFONSO
COSTA - Novo Dicionário de
Português-Esperanto - Fed. Esp. Bras./RJ/1987, p. 116.
- Não
havia dinheiro para remédios e, quando uma
ficava doente, era tratada
com "xarope caseiro" - cachimbo. - RUY CASTRO - Estrela Solitária (...) - Companhia das Letras/1996, p. 370.
- O
cachimbo era uma mistura de cachaça com mel
de abelhas e canela em pau, posta
para curtir numa garrafa envolta em cortiça e pendurada numa viga do teto. O
pai se certificava se a cachaça era boa.
O cachimbo não era usado para fins recreativos ou embriagantes -, mas
medicinais. As mulheres o tomavam durante a gravidez. Depois do parto,
continuavam tomando-o enquanto durasse o resguardo. Adultos e crianças o
tomavam como purgante, xarope e fortificante e para combater gripes, lombrigas,
coqueluche, asma e dor de dente. Aos
bebês era dado como tranqüilizante: uma ou
duas colheres antes de dormir, para não
terem sonhos agitados. Graciliano Ramos admite em Infância
ter sido
embriagado muitas vezes dessa
forma. Nas Alagoas, amaro e seus irmãos
tinham sido criados a cachimbo.
Em Pau Grande, os filhos de amaro,
inclusive Garrincha, seriam criados do mesmo jeito. - RUY CASTRO - Estrela
Solitária - Companhia das Letras (...)/1995, p. 21.
-
Porque, separados, todos já tinham tomado seus primeiros e inocentes porres.
Nas buchadas promovidas por Amaro, ninguém proibia que Garrincha e outros
meninos bebericassem à vontade - sem contar
muitas doses de cachimbo que tomaram durante a chupeta. – RUY CASTRO - Estrela Solitária (...) - Companhia das Letras/1996, p. 36.
- Turco
(com tubo comprido) - Em Esperanto, cibuko.
- ALLAN KARDEC AFONSO COSTA - Novo
Dicionário de Português-Esperanto - Fed. Esp. Bras./RJ/1987, p. 116 - Ver
NARGUILÉ
CACHIMBO
A MOTOR
- Os números - como as cartas,
não mentem jamais. E os números garantem
que três das quartas partes da humanidade fumam. Os fumantes de cigarros
são os mais numerosos e, portanto, há toda uma máquina à sua disposição, armada
para inventar novos tipos de filtros e até novas cores para os papéis que
envolvem o fumo. Em segundo lugar, vêm os fumadores de charutos e cigarrilhas.
Depois, só depois, aparecem os fumadores de cachimbo (os psiquiatras e outros
estudiosos do assunto não se pronunciaram; Freud não explica). E os muitos
fumadores de cachimbo ficam sabendo agora que têm muita gente pensando em seu
caso. A ultima novidade é uma espécie de motorzinho destinado a não deixar que
o cachimbo se apague e a gente fique acompanhando os fósforos toda hora. Quem
inventou isso foi um homem chamado Richard Paul. Ele não fuma, mas em
compensação pensa muito nos problemas de quem fuma. Seu motorzinho consiste num
injetor de carburante (butano) com uma chama que atua permanentemente sobre o
fumo, mantendo-o aceso sem queimá-lo mais do que o faz o fumante normal. Mas
apesar de, teoricamente, seu invento estar perfeito, antes de considerá-lo
pronto, ele teve de fazer algumas modificações. Entre outras, solucionar o
problema da refrigeração. Seu piloto de provas foi justamente Ray Kemp, que tem
um recorde: o de fumar mais tempo se que se apague a carga normal de fumo. Com
o novo aparelho, então, esses recordes deverão cair, certamente. - Revista MANCHETE, 11/julho/1970, p. 105.
CACHIMBO
DA PAZ
- A criminalidade toma conta da
cidade/A sociedade põe a culpa nas autoridades/O cacique oficial viajou pro
pantanal/Porque aqui a violência tá demais/E lá
encontrou um velho índio que usava fio dental e fumava um cachimbo da
paz/O Presidente deu um tapa no cachimbo e na hora de voltar pra capital ficou
com preguiça/Trocou seu palitó pelo fio dental e nomeou o velho índio pra
Ministro da Justiça/E o novo Ministro, chegando na cidade, achou aquela tribo
violenta demais/Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades e chamou a TV e
os jornais/E disse: Índio chegou, trazendo novidade/Índio trouxe cachimbo da
paz/Maresia,/Sente a maresia/Maresia.../Apaga a fumaça do revólver, da
pistola/Manda a fumaça do cachimbo pra cachola/Acende, puxa, prende,
passa/Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça/Todo mundo experimenta o
cachimbo da floresta/Dizem que é do bom/Dizem que não presta/Querem proibir,
querem liberar/E a polêmica chegou até o Congresso/Tudo isso deve ser pra
evitar a concorrência/Porque não é Holywood mas é o sucesso/O cachimbo da paz
deixou o povo mais tranqüilo/Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos/E
o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva e prometeu voltar com uma
tonelada/Só que quando ele voltou sujou!!!/A Polícia Federal preparou uma
cilada - O cachimbo da paz foi proibido/Entra na caçamba, vagabundo!/Vamo pra
DP/Ê, Ê, Ê, Ê! Índio tá fudido porque lá o pau vai comer!/Maresia,/Sente a
maresia/Maresia/Apaga a fumaça do revólver, da pistola,/Manda a fumaça do
cachimbo pra cachola/Acende, puxa, prende, passa/Índio quer cachimbo, índio
quer fazer fumaça/Na delegacia só tinha viciado e delinqüente/Cada um com um
vício e um caso diferente/Um cachaceiro esfaquiou o dono do bar porque ele não
vendia pinga fiado/E um senhorbebeu uísque, acordou com um travesti e
assassinou o coitado/Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta e ela
foi seqüestrada/Era tanta ocorrência, tanta violência, que o índio não tava
entendendo nada/Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento e acendeu um
da paz pra relaxar/Mas quando foi dar um tapinha levou um tapão violento e um
chute naquele lugar/Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um acidente
provocado por excesso de cerveja:/Uma jovem que bebeu demais atropelou um padre
e os noivos na porta da igreja/E pro índio nada mais faz sentido/Com tantas
drogas porque só o seu cachimbo é proibido?/Maresia, sente a maresia/Maresia
...Apaga a fumaça do revólver, da pistola/Manda a fumaça do cachimbo pra cachola/Acende
, puxa, prende, passa/Índio quer cachimbo, índio quer fumaça/Na penitenciária o
índio fora da lei conheceu os criminosos de verdade/Entrando, saindo e voltando
cada vez mais perigosos pra sociedade/Aí, cumpadi, tá rolando um sorteio na prisão/Pra
reduzir a superlotação todo mês alguns presos têm que ser executados/E o índio
dessa vez foi um dos sorteados/E tentou acalmar os outros presos:/Peraí, vamo
fumar um cachimbinho da paz.../Eles começaram a rir e espancaram o velho índio
até não poder mais/E antes de morrer ele pensou: Essa tribo é atrasada
demais.../Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra a lei e a lei
é contra a paz/E o cachimbo do índio continua proibido/Mas se você quer comprar
é mais fácil que pão/Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que
mataram o velho índio na prisão. - Letra de música composta por GABRIEL, O
PENSADOR,BOLLADO EMECÊ e MEMÊ, do CD do primeiro intitulado Quebra-cabeça.
-
Cigarro de maconha quando fumado em círculo. - EDSON FERRARINI - Tóxico e alcoolismo, p. 187.
- Em
Esperanto, pacpipo. - ALLAN KARDEC
AFONSO COSTA - Novo Dicionário de
Português-Esperanto - Fed. Esp. Brasileira/RJ/1987, p. 116.
CACHIMBO
D'ÁGUA (Ver NARGUILÉ)
- (...) Não se tratava mais de
guimbas, agora usávamos o cachimbo d'água. Um certo americano, de passagem
entre nós por alguns dias, trouxera um exemplar do exótico Afeganistão, e
mergulhávamos todos naquela euforia, bebendo muito, dançando (...) - JULIE - Confissões de uma drogada de 15 anos -
Editora Rocco/RJ/1986, p. 34.
CACHIMBO
DE BREJAÚVA
- (...) Nos mercados, para onde
leva a quitanda domingueira, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que
vigia os cachimbos de brejaúva ou o
feixe de três palmitos (...) - AFRÂNIO PEIXOTO - Humour (...) - W. M. Jackson Inc./RJ/1944, p. 312.
CACHIMBO
DE CABEÇA DE BARRO PRETO (Ver RESTILO)
CACHIMBO
DE CATLINITE (Ver CATLINITA)
-
(...) cachimbos de catlinite, pedra mole que, uma vez extraída, se
torna dura em contato com o ar. Estes cachimbos têm uma
base achatada
relativamente larga e são encimados
no centro por um
fornilho chanfado, enquanto a base tem um furo no sentido do comprimento. Estes
cachimbos são desprovidos de tubo. O fornilho pode ter todas as formas, mas os
cachimbos mais belos são os talhados em forma de animal ou de ave, principalmente falcões, castores e esquilos.
Estas figuras tiradas da natureza são esculturas que testemunham um naturalismo
direto e muito expressivo; os pormenores
descritivos, muitas vezes em baixo-relevo ou gravados linearmente, traduzem em
superfície as diferentes texturas. Estes cachimbos foram encontrados
unicamente no norte desta região dos
EUA - que tinha relações comerciais com territórios mais distantes, como
testemunha a variedade de materiais.(...) - EVERARD M. UPJOHN, PAUL S. WINGERT e JANE GASTON
MAHLER - História Mundial da arte -
Bertrand Editora S.A./Lisboa/7ª ed., vol. 6, ps. 102 e 103.
CACHIMBO
DE RAIZ
-
GUSTAVO BARROSO, em seu conto A moça
sapiranga, integrante de Praias e
várzeas/Alma sertaneja - Livraria José Olympio Editora/RJ/1979, p. 83 - usa
a expressão: acendera o cachimbo de raiz.
(...). Na nota de rodapé de n° 8, naquela página, o editor explica: Não vimos
respeitando a grafia de Gustavo Barroso - Caximbo, apesar do pressuposto da
intenção sua de manter na palavra brasileira o x do original, da língua
quibundo: quixima.(...)
CACHIMBO
FEITO DE BATATA
- Em
Atenas, Grécia, é comum os portuários se reunirem em pequenos grupos, no fim da tarde, após o
trabalho. Conversam entre si, fumam
maconha em um cachimbo feito de batata
sem que comportamento anormal ou anti-social seja observado; apenas à medida
que vão fumando diminuem gradativamente a conversação. - JANDIRA MANSUR - O que
é toxicomania - Edit. Brasiliense/SP/1993, p. 55.
CACHIMBO
QUILOTADO
- Cachimbo quilotado é que dá fumaça boa. - Adágio afro-negro- brasileiro
registrado por NELSON DE SENNA - Africanos
no Brasil - BH-MG/1938, p. 254.
CACHIMBO SAGRADO (Ver CACHIMBO
DE CATLINITA, CALUMET e MOVIMENTO AMERÍNDIOS ...)
- É o
"calumet" dos indígenas norte-americanos próximo ao
curso superior do Mississipi. Na Europa e no Brasil
é denominado na maioria das vezes "cachimbo da
paz", e "fumar juntos o cachimbo da paz" é uma frase para
demonstrar a intenção de cessar as
hostilidades tornada proverbial já na
primeira metade do
século passado, graças aos livros de Fenimore Cooper). Na realidade,
o cachimbo sagrado era um objeto ritual e simbólico típico do mensageiro, como o caduceu na Europa antiga.
Plumas brancas sobre o calumet significam
paz, e vermelhas, guerra. Note-se que,
apesar do uso lingüístico comum, nem todo cachimbo indígena é
definido como calumet em sentido restrito. Originariamente, o calumet
se apresentava em dupla, representando um sistema
dualístico (Céu masculino e Terra
feminino), no qual os dois princípios
interpenetrados poderiam também ser representados invertidos (por exemplo entre os Omaha: Terra-masculino,
Céu-feminino). Os dois canos emplumados do
cachimbo representavam juntos
o simbolismo da águia. Durante as cerimônias de bênção
eram agitados sobre os representantes das tribos da pradaria. No fumo ritual
"se acendia o tabaco e se passava o cachimbo ao porta-voz, que
dava algumas tragadas, lançando
a fumaça em direção ao céu, à mãe Terra e aos quatro pontos cardeais, apontando o local
do objeto sagrado
em direção aos pontos visados. Por fim, passava o cachimbo adiante que girava entre os presentes, como o
Sol, de
este para oeste ...(Esta cerimônia protegia de
qualquer tipo de hostilidade o hóspede que havia participado dela - pelo
menos enquanto estives sem no acampamento (H. Harmann, 1973). Todos os
cachimbos sagrados eram objetos
simbólicos proibidos no uso cotidiano; seu
fornilho era, na maioria das vezes, de pedra (catlinita)
esculpida com figuras. As tribos das pradarias parecem ter herdado
o uso dos cultivadores de milho
da costa oriental da América do Norte. O
tabaco ("Kinni-kinnik") era preparado segundo regras precisas e
misturado com folhas de sumagre, uva-ursina e cascas cortadas de
certas
árvores. Nos retratos do século XIX,
freqüentemente os chefes têm nas
mãos cachimbos sagrados. - HANS BIEDERMANN
- Dicionário ilustrado de
símbolos - Companhia
Melhoramentos de SP/1994, ps. 63
e seguintes. Obs.: COPIAR DESENHOS DE FLS. 63.
CACHIMBO
SIMBÓLICO (Ver WAMPUM)
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