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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Perseguição aos cristãos pelos romanos é mito, afirma livro



Este quadro não faz sentido porque
romanos eram tolerantes religiosos

O filósofo Friedrich Netzsche escreveu que os cristãos gostam de fazer o papel de vítimas, de coitadinhos, para tirar proveito disso. É como se eles dissessem a todo instante: “Somos perseguidos, embora sejamos bonzinhos.”
O livro The Myth of Persecution: How Early Christians Invented a Story of Martyrdom (“O mito da perseguição: como os primeiros cristãos inventaram uma história de martírio”, em tradução livre), de Candida Moss, reforça a abordagem de Nietzsche, pelo menos quanto à suposta perseguição dos cristãos pelos romanos. Ela é professora de Novo Testamento e de cristianismo primitivo na Notre Dame, universidade católica dos Estados Unidos.

De acordo com a tradição da Igreja Católica e a crença popular, os primeiros cristãos foram implacavelmente perseguidos pelo Império Romano e muitos deles, vivos, serviram de comida de leões, no Coliseu, tornando-se mártires que são venerados até hoje. Tudo ficção.

A verdade é que até um século depois de o cristianismo se tornar religião oficial do Império Romano, na época de Constantino, não havia sequer um único registro de fonte fidedigna de execução de cristão por romano. “Acusações aos cristãos eram raras”, constatou Candida.

Com certeza, alguns cristãos sentiram o peso da brutalidade romana, como pessoas de outras crenças, mas não pelo fato de eles acreditarem em uma divindade chamada Jesus.Foi por algum outro motivo.

Politeístas, os poderosos romanos não se importariam e nem se sentiriam ameaçados por uma pequena seita cujos seguidores adoravam um único deus. Seita que era apenas mais uma entre tantas outras. Os cristãos não tiveram na época a importância a qual hoje afirmam que tiveram.

As histórias sobre a vida e a morte dos mártires se firmam no século II dC como um novo gênero de ficção. Elas se tornaram muito popular, conta Candida Moss. Nos relatos, havia muita violência: cristãos sendo pisoteados até a morte ou decapitados por oficiais romanos. 

Alguns historiadores classificam essas histórias como “pornografia sagrada de crueldade", porque se referiam a homens e mulheres da igreja primitiva os quais teriam sido submetidos a tortura e sofrimentos de toda ordem por professarem a fé cristã. 

Se essas histórias foram verdadeiras e tão impactantes, como entender a demora para que viessem à luz tanto tempo depois? 

A resposta é simples: elas foram inventadas para reforçar a mitologia cristã ainda em formação naquela época.


Histórias de martírio foram
inventadas, afirma autora
Isso não impediu que a partir do século 18 alguns papas declarassem o Coliseu como local santificado com o sangue de mártires.

A abordagem do livro de Moss retoma uma questão que já tinha sido debatida no século 18 por Voltaire (1694-1778), entre outros pensadores.

No livro "Tratado sobre a Intolerância", ele disse que as histórias de perseguição aos cristãos não têm nenhum substância porque os romanos eram extremamente tolerantes em relação às religiões. Tanto que, entre eles, existia o princípio Deorum offensae diis curae ("Somente os deuses devem ocupar-se das ofensas feitas aos deuses").

“Os romanos não professavam todos os cultos, nem dava a todos a sanção pública, mas permitiam que todos fossem celebrados”, afirmou Voltaire.

O filósofo francês escreveu que, para os romanos, a tolerância religiosa era tida como a lei mais sagrada dentre os direitos humanos.

“Segundo nos dizem, assim que os cristãos apareceram, eles foram perseguidos por esses mesmos romanos que não perseguiam ninguém. Parece-me evidente que tais fatos são totalmente falsos.”



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