Manifestantes culpam discurso do presidente do país, Juan Manuel Santos, que os comparou a membros de guerrilhas
Dois trabalhadores rurais foram mortos e oito ficaram feridos neste último final de semana na Colômbia durante uma manifestação na região de Catatumbo, noroeste do país. De acordo com relatos de camponeses à imprensa local, a polícia teria começado a atirar indiscriminadamente nos manifestantes, que reclamavam das políticas agrícolas e de mineração na região, além de reivindicar a criação de uma zona de reserva própria.
A ação policial resultou na morte dos jovens Leonel Jacome, de 20 anos, e Edílson Jaime Franco, de 21. A manifestação contou com a presença de cerca de sete mil trabalhadores, que ocuparam o aeroporto de Ocaña, fator que teria provocado a intervenção das forças de segurança. Os camponeses criticaram o pronunciamento do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, em uma coletiva de imprensa, no qual ele afirmou que os camponeses eram integrantes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ordenou a evacuação.
Telesur
De acordo com Juan Carlos Quintero, porta-voz dos manifestantes em entrevista à multiestatal Telesur, a responsabilidade pela violência e as mortes é do presidente Santos. Para ele, ocorreu “um ato desproporcional de forças públicas”, que dispararam armas de fogo contra os manifestantes, usando inclusive fuzis, cujas balas provocaram as mortes.
“Não é possível que o governo responda desta maneira a protestos sociais, muito menos a reivindicações”, afirmou.
Os camponeses têm organizado protestos desde o último dia 12, e reclamam de descaso por parte do governo. Segundo o porta-voz, estão planejadas duas reuniões, uma delas na Casa de Nariño (sede presidencial da Colômbia, em Bogotá), onde irão propor a nomeação de mediadores entre camponeses e o governo. Outro encontro está marcado para o próximo dia 3, em julho, com o ministro da Agricultura.
Reivindicações
Catatumbo está localizado na fronteira do país com a Venezuela. É uma região montanhosa, onde há vários anos os camponeses se organizam para que se reconheça seu território como uma ZRC (Zona de Reserva Camponesa), decisão que garantiria uma série de direitos aos trabalhadores locais, inclusive na tomada de decisões.
De acordo com o site Agenda Colômbia-Brasil, esta região é afetada por cultivos ilícitos de coca, como muitas regiões da Colômbia, pela falta de políticas agrícolas que permitam aos seus moradores ter acesso a terra e desenvolver programas de agricultura sustentável. O governo colombiano teria concedido a empresas estrangeiras o direito de exploração de minérios nessas terras sem consultar a seus habitantes.
Telesur
A cidade de Ocaña, segunda maior cidade do departamento de Norte de Santander, com cerca de oitenta mil habitantes, fica a 687 km da capital do país, Bogotá. O aeroporto da cidade só tem voos domésticos e é utilizado também pelas empresas estrangeiras de mineração e pelo exército colombiano para realizar operações militares.
As comunidades camponesas do Catatumbo exigem a presença de organizações de direitos humanos nacionais e internacionais para a verificação das violações dos direitos. Da mesma forma, tem definido manter os protestos que já completam doze dias e divulgaram uma lista com suas demandas. Eles exigem o fim da exploração de minérios, de políticas consideradas nocivas contra a região, o reconhecimento da ZRC, a construção e manutenção de estradas e a realização de um programa agrário com a participação ativa da população camponesa
Fonte: ÓPERA MUNDI
Nenhum comentário:
Postar um comentário