Por Aureliostupp
Nos últimos dias, as redes sociais depararam-se com uma “reclamação” inusitada: entrevistada pelo Jornal da Cidade, Da TV Cidade de São Luís, reclamou do valor que recebia do Bolsa Família: apenas R$134,00. Segundo a mesma, com este valor ela não poderia nem mesmo comprar uma calça para sua filha de 16 anos, a qual custaria, hoje em dia, R$300,00.
Tal declaração pode suscitar algumas reflexões: de que modo o dinheiro do Bolsa Família está sendo aplicado? Sua ênfase não era na educação? É justo que contribuintes que jamais pensaram em dispender valores de três dígitos para o vestuário concedam parcela de suas rendas para que outros, alegando estado de miséria, o façam?
Em que medida tal programa está patrocinando a exploração do contribuinte? Isso tem alguma fundamentação eleitoreira e demagógica, isto é, consiste em uma explícita compra de votos? A atitude desta senhora é comum ou se trata de uma exceção? Os justamente beneficiados – admitindo-se a existência – compensam os efeitos sociais de tais fraudes?
Por que esta senhora se crê no direito de receber aumentos no valor do Bolsa Família para a compra de peças de vestuário luxuosas, exigindo-o, de certa forma, de modo inclusive grosseiro? Por que esta senhora não está buscando maior qualificação profissional, um melhor emprego ou até uma oportunidade de trabalho para seus familiares, inclusive para sua filha, de modo a custear seus anseios de consumo? Mais do que uma política social, o Bolsa Família está atuando como mais um meio de manifestação do “jeitinho malandro” brasileiro, sobretudo considerando-se a mínima fiscalização no que toca à renda dos beneficiados?
Ficam as indagações.
Caio Barbosa é sociólogo.
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