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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Colômbia - Novo Israel latino-americano


O que está por trás da tentativa de impulsionar o governo colombiano contra os países governados na América do Sul pelos nacionalistas?

O governo da Colômbia está assumindo um novo papel na América Latina, no contexto da necessidade, cada vez mais urgente, para o imperialismo norte-americano, de repassar o peso da crise sobre a América Latina devido às perdas sofridas por causa das derrotas nas demais regiões do mundo e do aprofundamento da crise capitalista.

A assinatura dos tratado de livre comercio com o objetivo de fortalecer a Aliança Pacífico, imposta pelo imperialismo busca reeditar a fracassada ALCA (Aliança para o Livre Comercio nas Américas), na década passada, que tem como objetivo se opôr aos blocos nacionalistas, como a Alba (Aliança Bolivariana), a Unasul (União dos Países do Sul), a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) e o Mercosul.

Nos início de junho, foi assinado um acordo de livre comercio com os sionistas israelenses, que facilitará as importações de produtos alta tecnologia, principalmente tecnologia militar e de segurança, além de serviços de inteligência militar, como a conhecida participação do Mossad (disfarçada por trás de empresas controladas por Israelenses ou nas bases norte-americanas) no treinamento dos esquadrões da morte e na luta contra os guerrilheiros. Israel é o segundo maior fornecedor de armas da Colômbia, após os Estados Unidos, de equipamento militar, de inteligência, detecção de voos, movimento de tropas e análise de informação.

No início de junho, o presidente Santos declarou que o governo tinha a intenção de ingressar na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que foi respaldado imediatamente por funcionários do primeiro escalão da Administração Obama.

O aprofundamento da crise capitalista está levando o governo a tentar reduzir as concessões no processo de paz promovido com as FARC-EP. No primeiro trimestre deste ano, o crescimento (oficial) da economia foi de 2,8%, muito abaixo dos 5,4% registrados no ano passado. A produção industrial caiu 4,1% e a produção de carvão, o segundo principal produto das exportações, cresceu apenas 1,4%. O movimento grevista e dos protestos, em escala nacional, se encontra em ascenso.



Por que o governo colombiano rejeitou a proposta das FARC-EP de convocar uma assembleia constituinte?



A questão da assembleia constituinte proposta pelas FARC-EP na discussão do processo de paz, foi colocada como um dos principais instrumentos para abrir um debate nacional, onde mesmo com as limitações do regime, seria discutida “a paz com justiça social” proposta pelos guerrilheiros. A rejeição da proposta pelo governo mostra que o objetivo não é realizar reformas que impliquem em mudanças importantes.

As relações do governo de Colômbia com a OTAN datam de longa data. O imperialismo norte-americano contratou militares colombianos que atuam na guerra do Afeganistão, na Turquia e que também atuaram no Iraque, devido à experiência em operações de contra-insurgência.

As FUDRA (Forças de Deslocamento Rápido), estruturadas no contexto do Plano Colômbia, têm como objetivo lançar operações militares rápidas, inclusive em outros países. Nas operações helitransportadas podem participar 50 ou mais helicópteros. Tudo encoberto sob a demagogia do suposto combate ao narcotráfico, mas que, na realidade, tem como objetivo realizar operações de contra-insurgência ou contra movimentos guerrilheiros, como ficou claro no caso da operação contra Sucumbios, Equador, onde foi assassinado o comandante das FARC, Reyes, o principal articulador do processo de paz na época e mais duas dúzias de guerrilheiros que o acompanhavam. Sob o comando indireto do imperialismo norte-americano essas forças têm capacidade de intervir militarmente não somente no Equador, mas também na Venezuela.

A aliança do governo colombiano com a ultradireita venezuelana ficou evidente após o presidente Manuel Santos ter recebido pessoalmente o golpista venezuelano Hugo Capriles. Esse fato mostra a pressão da ultradireita, liderada politicamente pelo ex presidente Álvaro Uribe Vélez, ligado diretamente à elite narco-paramilitar, impulsionada pelo imperialismo, que tinha perdido espaço para o setor de direita tradicional, liderado por Manuel Santos, embora que muito “infiltrado” pela ultradireita. Se bem os monopólios imperialistas procuram avançar na extensão do agronegócio e da indústria extrativista sobre os territórios controlados pela guerrilha, também, ao mesmo tempo, colocam como prioridade o avanço sobre os regimes nacionalistas da América do Sul a partir da Colômbia por tratar-se de um país importante que é a porta de entrada para o subcontinente a partir dos Estados Unidos.

Os grupos paramilitares de ultradireita continuam trabalhando, de maneira ativa, tanto nas várias tentativas de infiltração terrorista da Venezuela como na continuidade do combate às organizações guerrilheiras, num trabalho sujo e fascistoide onde o principal alvo é atacar a base social dessas organizações. Esses pitch bulls colombianos representam a versão armada das hordas fascistas que foram liberadas pela burguesia para conter o ascenso dos protestos no Brasil.

O imperialismo tenta converter a Colômbia no Israel da América Latina, ou seja, um revolver apontado diretamente para a cabeça das massas na região. A Aliança Pacífico, da qual a Colômbia é um dos pilares, está enquadrada na preservação da Doutrina Monroe no continente. Além da manutenção do controle dos recursos naturais e de obras estratégicas, como o Canal de Panamá, a Aliança Pacífico busca contrapor políticas abertamente neoliberais aos órgãos multilaterais criados na região pelos governos nacionalistas, tais como a Alba, o Mercosul e a Unasul.

A tarefa dos revolucionários é agrupar-se contra a tentativa golpista, promovida pelo imperialismo norte-americano, numa grande frente única antifascista latino-americana. A desconfiança nas pseudo-democracias latino-americanas deveria ser absoluta, pois, como o demostram até os recentes acontecimentos no Brasil, representam apenas a outra cara do filhote fascista que a burguesia libera quando a situação escapa ao seu controle.

Os revolucionários proletários, ao mesmo tempo, devem lutar pela organização independente dos trabalhadores, os operários e os camponeses, de todas as alas da burguesia, impulsionando a criação do próprio partido que tem como tarefa histórica dirigir a luta por um governo operário e camponês, o único que terá condições de romper as amarrações imperialistas e aplicar as reformas democráticas que atenderão as necessidades mais sentidas das massas trabalhadoras, em direção aos Estados Unidos Socialistas da América Latina.

Fonte: Portal do PCO

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