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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Mosquito, de saudosa memória

Nestes tempos de manifestações, em que a corrupção ocupa o centro das discussões (graças à tentativa de aprovar a PEC 37), não há como deixar de lembrar as batalhas travadas pelo destemido  blogueiro Amilton Alexandre, o Mosquito.
A canalha que ele denunciou e os muitos outros cujos atos ilícitos ele não chegou a conhecer, ou se absteve de denunciar, continua impune, incensada pela justiça, cuja morosidade é bastante providencial para a corja de ladrões.
De qualquer sorte, a contribuição do Mosquito para acordar a população foi muito significativa e merece ser relembrada.
Ele teve que responder a muitos processos - criminais e cíveis - apanhou em plena ALESC e, por fim, abdicou da vida (?), desencantado da inércia (pra não usar termo mais contundente) do Ministério Público, da Polícia, do Tribunal de Contas, do Poder Judiciário, os quais só contra ele funcionaram com celeridade.
A sua morte tirou da boca dos seus detratores o discurso que lhe atribuía a prática de injúria, calúnia, difamação, etc...
Que o seu exemplo frutificou, não tenho a menor dúvida. Muita gente, que nunca ousou denunciar as mazelas da administração pública (incluindo o Judiciário), aprendeu que o destemor vale os riscos, quando se tem prova das acusações levadas ao conhecimento público.
Mosquito colocou no chinelo muitos daqueles que se julgam profissionais do jornalismo, mas são obedientes e subalternos ao poder econômico dos grandes grupos de comunicação. Era um apaixonado pela notícia, mormente aquela que mostrava os ataques covardes dos políticos aos interesses coletivos e a parcialidade do Judiciário, quando no banco dos réus encontra-se gente influente.
Lembro-me do caso dos garotos de classe média alta envolvidos em estupro de garotas também menores e do comportamento servil dos atores do judiciário naquele caso. O Mosquito, enfrentando todos os poderosos, não lhes deu descanso, senão quando morreu ou foi "morrido". Tiveram que retirar o seu blog (Tijoladas) do ar, praticando a mais abjeta censura, como forma de evitar a repercussão das suas bombásticas postagens.
A sua luta serviu, quando menos, para deixar patente a falsidade do que se convencionou chamar de democracia no Brasil. A própria justiça incumbiu-se de fazer prova cabal de que o Brasil é dirigido por tiranetes, coadjuvados por vários magistrados no mínimo lenientes.
Penso que se estivesse vivo, festejaria muito os protestos que estão a ocorrer e tais acontecimentos serviriam como um tremendo estímulo à sua permanente vontade de expor as vísceras podres da política brasileira.

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