A clinica é soberana porque o médico não aprende mexendo nas máquinas, aprende mexendo no corpo. Nenhuma imagem resume a doença. A clínica é soberana porque um diagnóstico de uma imagem ou de um exame de laboratório não explica a doença. Só o diagnóstico do médico.
Num passado recente - 40 anos -, o senador Magalhães Pinto, hipocondríaco confesso, cunhou a frase: "O melhor remédio de Brasília é a ponte aérea".
Não existiam naquela cidade - até porque ela só existia há 20 anos -, faculdades e médicos renomados. O senador tinha razão.
Foram várias casos que justificaram a tese dele. O mais conhecido da época foi o do senador Petrônio Portela.
Agora, querer dizer que no Rio a melhor medicina é a ponte aérea é uma agressão ao mais conceituado estado da federação pela quantidade de médicos que aqui se formam e clinicam. Vários deles pós-graduados nos maiores centros científicos do mundo.
A UFRJ formou no passado os maiores médicos brasileiros, como Oswaldo Cruz e Pereira Passos. Nomes como o de Abreu Fialho também se destacavam, além dos de médicos que tratavam de presidentes da República, como Aloísio Sales Fonseca, Clementino Fraga e muitos outros.
No mundo, o Brasil - antes do futebol e do próprio samba -, tem como referência para intelectuais, reis, governantes e suas mulheres a cirurgia plástica, consagrada internacionalmente com o grande professor Ivo Pitanguy.
Mesmo sem a capital, e sem o poder e a importância da Santa Casa da Misericórdia - onde se fez um elevador para que que o presidente Dutra pudesse circular sem usar a escada -, a instituição, hoje pobre e decadente, tem nas suas enfermarias que o mundo respeita nomes relevantes. O que mais podemos destacar é a sucessão dos grandes Niemeyer.
Todos os Vaz, Couto, Kós, Ristow, Franco, Kligerman e Medina e tantos outros mostram que a medicina do Rio não sofreu nada com o empobrecimento do estado. Seus médicos continuaram os mais importantes e renomados no Brasil e fora do Brasil.
Nos grandes encontros de medicina no mundo, os trabalhos dos brasileiros muitas vezes estão entre os mais importantes. Nos últimos anos, João Mansur, Marcos Moraes e Glaciomar Machado tiveram seus trabalhos destacados nas conferências que fizeram. Se não bastasse, esses dois últimos senhores também presidiram os centros mundiais de suas especialidades.
Quantos estrangeiros nos últimos anos já vieram ao Brasil se tratar. Podemos citar um rei e um presidente - um sucessor da monarquia saudita e um presidente da Angola - que vieram buscar não só os grandes hospitais do Rio, mas fundamentalmente alguns de seus médicos, entre eles Celso Porterla e Carlos Giesta.
Pode a notícia ter razão no sentido tecnológico. Contudo no Rio, também as máquinas são avançadas.
Mas para o doente, que sabe o que é doença é quer bem se tratar, não são as máquinas que o tranquilizam, são sim os médicos.
O JB sabe que nomes como Adib Jatene, Silvano Raia, David Uip, João Pedro, entre muitos outros que não são do Rio, também glorificam a medicina brasileira. Mas com todo o respeito a todos eles, a quantidade de médicos de saber notório que se destacam no mundo e que se formaram e criaram suas raízes profissionais aqui no Rio - mesmo tendo nascido em outros estados -, permite que o Rio de Janeiro possa ser conhecido como maior centro de referência de profissionais que consagram a grande frase: a clínica é soberana.
Fonte: JORNAL DO BRASIL
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