Em 2021, um jubileu significativo é celebrado na Alemanha. Uma nova exposição permanente no Museu Judaico de Berlim dá espaço a pluralidade de vozes em torno dos 1700 anos de vida judaica no que hoje é o território da Alemanha.
O fio condutor da exposição, de acordo com a diretora do museu, Hetty Berg, é "a relação dos judeus com a sociedade não judaica, esta dinâmica entre pertencimento e exclusão."
No ano 321, um judeu recebe pela primeira vez a permissão para ocupar um cargo oficial. Porém, durante séculos, os judeus em solo alemão eram apenas tolerados, muitas vezes excluídos - também da maioria das profissões. Na Idade Média, alguns enclaves prósperos foram criados sob a proteção dos bispos. Mesmo assim, seus residentes eram repetidamente afugentados, difamados e perseguidos. Sorte de quem era requisitado pelos príncipes como banqueiro e conselheiro financeiro. No século 17, os príncipes firmavam cartas de proteção a alguns judeus da corte - mas a relação de dependência permanecia.
No século 18, o Iluminismo deu a esperança de emancipação ao defender a liberdade religiosa, igualdade e direitos humanos a todos. Ao mesmo tempo, o filósofo Moisés Mendelssohn impulsiona a Haskalá, o iluminismo judaico, um movimento que promove um judaísmo moderno em diálogo com a cultura europeia. Esses acontecimentos levaram a um intenso intercâmbio de ideias entre escritores e filósofos judeus e não judeus sobre economia, ciência e cultura.
"Na Primeira Guerra Mundial, muitos judeus lutaram como soldados. E isso foi na época um sinal para os judeus de que eles realmente se tornaram parte da sociedade. Eles realmente se sentiram alemães", comenta Hetty Berg. Mas com a ascensão do regime nazista, os judeus foram sistematicamente excluídos da sociedade, marginalizados, perseguidos, forçados ao exílio e assassinados.
Antes de 1933, havia cerca de meio milhão de judeus na Alemanha, e depois de 1945, apenas poucos milhares. Uma ferida aberta na sociedade alemã até hoje.
"Acho que o Holocausto ainda é um ponto de referência muito importante na história judaica na Alemanha, em toda a Europa. Mas a novidade da atual exposição permanente é que o Holocausto não é mais apresentado como o fim de uma história. O mais importante é que as pessoas saibam mais sobre a vida judaica e os judeus. Porque muitos desses pensamentos preconceituosos vêm de uma lacuna de informação e conhecimento. Temos uma tarefa muito importante que é fazer com que os nossos visitantes tenham um encontro com essa cultura que desde a Idade Média faz parte do que hoje chamamos de cultura alemã", afirma a diretora do museu.
Fonte: https://www.dw.com/pt-br/1700-anos-de-vida-judaica-na-alemanha/av-56303066
Nenhum comentário:
Postar um comentário