O desenvolvimento humano é, com muita frequência, um conto de violência, escrito com o sangue de seres mais fracos.
Esse período está em itálico, obviamente, porque não é de minha autoria, mas sim de YONGEY MINGYUR RINPOCHE, na obra intitulada A alegria de viver (Descobrindo o segredo da felicidade) - Elsevier Editora Ltda/RJ/2007, p. 106.
Isto me fez lembrar o genocídio dos íncolas das Américas, dizimados pelos espanhóis, portugueses, franceses, ingleses, italianos e alemães, dentre tantos outros colonizadores que buscavam melhores oportunidades na vida, ou simplesmente gananciosos, ávidos por ouro, prata e pedras preciosas, mão de obra barata, madeira, dentre outras tantas riquezas, indispensáveis para impulsionar o desenvolvimento almejado e a acumulação de riquezas.
Mas não só seres humanos foram vítimas do desvario capitalista, senão também incontáveis espécies de outros seres sencientes, notadamente, o cavalo, o boi, a mula, o cão, o porco, aves domesticáveis (peru, ganso, patos, galinhas, principalmente) e silvestres, dentre tantos outros animais como anta, paca, tatu, tamanduá, veado, jacaré, peixes e crustáceos, cujas carnes, couros, peles, chifres e cascos tanto serviram para manter os aventureiros (e gananciosos) vivos. Até as abelhas foram vítimas do ser humano, que as ataca com fogo e fumaça, para apossar-se do mel. O rol de seres explorados e dizimados pelos humanos que buscam desenvolvimento e entesouramento é inesgotável.
A conclusão a que se chega é que, quando há interesses velados ou subjacentes, a compaixão humana desaparece ou, quando muito vê-se bastante mitigada.
Há uma tendência para a agressão, mas em alguns indivíduos, felizmente, há uma propensão, ainda maior, para a gentileza, a compaixão, o amor e o cuidado com o outro, o que nos leva a reconhecer a necessidade de proteger e cuidar dos pobres, dos fracos e dos indefesos, que caracteriza uma espécie de senso ético, que parece não depender de educação formal e de escolaridade, ou seja, que é uma característica biológica de nossa espécie. (Obra citada, p. 107).
Essa tendência inata para a compaixão e respeito pelos mais frágeis parece estar em franco crescimento, se observarmos o contingente dos que se engajam no reconhecimento de direitos naturais dos animais e na defesa intransigente de tais direitos.
Esse tipo de engajamento traz resultados muito positivos, também em relação aos seres humanos. Dificilmente alguém que tenha respeito pelos animais e zele pelos direitos deles age diversamente em relação aos direitos humanos e vice-versa. Tais pessoas tendem a ser mais solidárias, éticas, piedosas, sejam ou não religiosas. Não raramente, fazem sacrifício de confortos pessoais, abdicam de melhores condições de vida, sentindo-se gratificados por dividir com outras pessoas o pouco que possuem.
É nesse tipo de gente - e não os tipos individualistas, que só contemplam seus próprios umbigos, donos de um egocentrismo exacerbado e que resulta em atitudes ou omissões maliciosas - que residem as esperanças da humanidade.
Em suma: o desenvolvimento é importante, desde que submetido a princípios éticos inerentes à parcela da humanidade menos imbuída de maldade, mais respeitosa com o próximo, humano ou não, que pensa não só na sua, como nas próximas gerações.
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