Esquema soma US$ 40 bi em ativos estatais no Caribe, entre ações, carros e casas de luxo e dívidas não cobradas
Redação
Tradução: Roxana Baspineiro
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 05 de Janeiro de 2021 às 11:37
Deputado Juan Guaidó não conta com apoio nem mesmo do maior partido de oposição - Sputnik
O jornal estadunidense Washington Post confirmou no último sábado (2) a existência de atos de corrupção no ambiente do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, como resultado do tratamento irregular de ativos que o país caribenho tem no exterior e que foram confiscados na aliança com a Casa Branca.
O esquema confirmado ao jornal pelos empresários venezuelanos Jorge Reyes e Pedro Antar, que fizeram parte da trama fraudulenta, revelou como os empresários haviam identificado até US$ 40 bilhões em ativos do governo venezuelano em todo o Caribe, que incluem ações de empresas, carros de luxo, casas de luxo e dívidas não cobradas ligadas à empresa petrolífera estatal venezuelana (PDVSA).
Reyes e Antar disseram que esta informação foi dada a Guaidó em abril de 2019, e este último expressou seu interesse em capturar os recursos do povo venezuelano. O que levou a mais de uma dúzia de reuniões com altos membros da oposição de Guaidó apoiados pelos Estados Unidos e seus agentes.
No entanto, durante dezembro de 2019, aliados próximos do autoproclamado presidente, como Fernando Blasi e Javier Troconis — este último nomeado pelo próprio Guaidó como comissário presidencial para a gestão e recuperação de ativos —, pediram subornos e propinas, disse Reyes ao Washington Post.
Os dois membros ligados a Guaidó já haviam sido acusados pelo governo legítimo do presidente Nicolás Maduro, por meio do Ministério Público dirigido por Tarek William Saab, de supostamente coletar subornos para "roubar os ativos" no Caribe.
Saab acusou Blasi e Troconis e três outras pessoas ligadas à oposição de Guaidó de participar de um contrato assinado em Miami (EUA), que finalmente não foi executado, no qual eles concordaram em cobrar US$ 750.000 a um consórcio que solicitava autorização da "presidência interina da Venezuela" para iniciar um litígio sobre bens estatais em 19 países.
De acordo com a pesquisa do Washington Post, que incluiu mais de 20 entrevistas e uma revisão de documentos incluindo possíveis contratos, foram descobertas múltiplas propostas de acordos envolvendo a Troconis que teriam exigido o que alguns membros da oposição caracterizaram como pagamentos altos e inusitados. Estes incluíam um possível contrato com o Governo do Paraguai por uma comissão de US$ 26 milhões a ser paga a terceiros, levantando alarmes dentro da própria equipe jurídica do Guaidó. Outro acordo proposto, para recuperar ativos em um banco britânico, teria envolvido um contrato que os funcionários da oposição disseram que o Troconis não estava autorizado a assinar.
Troconis, um ex-executivo do setor petrolífero apoiado por poderosas figuras da oposição, ainda serve como comissário especial de Guaidó para a recuperação de ativos, trabalhando a partir do exílio especialmente em Miami, Bogotá, Colômbia e Washington. Em uma extensa entrevista, ele negou qualquer ato ilícito, disse o jornal estadunidense.
Inicialmente, as denúncias de Reyes e Antar foram reveladas pela primeira vez em 14 de setembro de 2020 pelo site Factores de Poder, sediado em Miami, da jornalista venezuelana Patricia Poleo, gerando rejeição por parte da oposição liderada por Guaidó.
Edição: Camila Maciel
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2021/01/05/washington-post-noticia-atos-de-corrupcao-na-venezuela-no-entorno-de-guaido
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