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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Sobre PEDRO WAYNE

Determinados episódios humanos a que eu presenciei, animados por criaturas desamparadas então de qualquer legislação social, mesmo rudimentar, vítimas passivas que eram dos tentáculos de um capitalismo industrial sem entranhas, ficaram muito além das cenas chocantes que Pedro Wayne fixou. 

Foi Pedro Wayne o primeiro romancista sul-riograndense a tratar do assunto. E ainda não se fez sobre "Xarqueada" o estudo que o livro está a exigir. Mas o romance focalizou um momento da vida do Rio Grande, justamente o período de transição da indústria da carne salgada, com todas as suas misérias e tragédias, para o moderno processo técnico dos Frigoríficos (***).

Palavras de MANOELITO DE ORNELLAS -  Máscaras e murais da minha terra -  Of.  Graf. da Livraria do Globo S. A./1968, ps. 22 e 23.

Com efeito, o quadro dantesco que o escritor mencionado descreve, tendo por cenário um matadouro, mostrando as angústias dos animais prestes a serem mortos e destrinchados, impressiona e choca qualquer espírito minimamente sensível.

"De a par" (*) com o terror dos animais, as condições de trabalho dos operários da charqueada (**) também causam compaixão, em quem ainda é capaz de senti-la, obviamente.

Tem razão Ornellas: Wayne descreveu com maestria aquela atividade sinistra dos matadouros e hoje em dia, quando a maioria das pessoas já tem conhecimento de que os animais são seres sencientes, também, o livro de Pedro deveria ganhar maior notoriedade.

Garanto que, quem não sentir, ao ler o livro, compaixão pelos seres humanos explorados em condições aviltantes de trabalho, pelo menos ficará impressionado com a descrição dos animais, ao sentir a proximidade da morte. Ou vice-versa.

-=-=-=-

(*) Como diz o nosso serrano

(**) Outros preferem tal grafia

(***) O moderno processo técnico dos frigoríficos, expressão com a qual ORNELLAS tentou mitigar o impacto de suas palavras com os influentes capitalistas, ao que parece, não tem servido para evitar condições adversas de trabalho dos operários. Ainda recentemente, em plena pandemia de Covid-19, circularam notícias de obreiros laborando infectados, fragilizados, por medo, certamente, de serem demitidos.

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