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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

SOBRE A ENSEADA DO BRITO

Lendo o interessante blog de CARLOS DAMIÃO (https://carlosdamiao.wordpress.com/2020/05/12/paroquia-da-enseada-de-brito-comemora-270-anos/),  encontrei, sobre a vetusta comunidade do litoral catarinense destacada no título desta postagem, um material relativamente recente, provavelmente resultante de informações trocadas entre o blogueiro e o museólogo/folclorista PENINHA, este um ilustrado aluno do meu ex-professor FRANKLIN CASCAES, de saudosa memória. 

Dentre outras considerações, na matéria publicada por DAMIÃO, encontra-se uma atinente ao nome daquele distrito, que o articulista defende como sendo Enseada DE Brito e não DO Brito.

Sem querer questionar os conhecimentos e razões das pessoas que fizeram a matéria encontrável no link acima, insta destacar que no livro abaixo reproduzido, a denominação da Paróquia observava a fórmula DO Brito



Pág. 668, do vol. A-E 




Pág. 901, do Vol. P-Z





Na obra de AUGUSTE DE SAINT HILAIRE denominada Viagem à Província de Santa Catarina, p. 202, nota de rodapé 5, a grafia do nome da freguesia também constou como  Enseada DO Brito







Na obra de ROBERT AVÉ-LALLEMANT intitulada Viagens pelas Províncias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo (1858), publicada pela Editora Itatiaia, em colaboração com a Editora da USP, em 1980, p. 29, lê-se:  

Pôs-se o sol, soprou um frio vento da tarde, quando chegamos a Rosário ou Enseada DO Brito, estava a noite desagradável. Na p. 30, da mesma obra, a grafia foi repetida.

O IBGE e o Conselho Nacional de Geografia publicaram no RJ, em 1950, Vocabulário Geográfico do Estado de Santa Catarina e naquela publicação pode-se ler: 

Enseada DO Brito -  Vila e sede do Distrito da Enseada DO Brito, que pertence ao município, termo e comarca de Palhoça.  

De outro vértice, o Arcipreste JOAQUIM GOMES DE OLIVEIRA PAIVA, no seu Dicionário Topográfico, Histórico e Estatístico da Província de Santa Catarina, escrito em 1868, ao redigir o verbete FURADINHO, p. ex., preferiu grafar DE Brito, o mesmo acontecendo quando referiu o rio Massambu, assim como ao reportar-se à Tapera, do outro lado da Baía.

Já no livro A massambu, de DUARTE PARANHOS SCHUTTEL (Edit. Movimento/1988), utilizou o escritor Enseada DE Brito, em diversos trechos.

O mesmo deu-se na obra intitulada Santa Catharina na Marinha, (1912), de autoria de Henrique Boiteux, pág. 18 da biografia de JOÃO DE SOUZA MELLO E ALVIM: 

Pouco tempo de descanso teve ao chegar á capital, pois a 10, de julho seguia para o sul, em, companhia do presidente da província, em visita a S. José, enseada de Brito, Garopabas  (*)Mirim, Villa Nova, Laguna, Tubarão, Pescaria Brava e Imaruhy, no exame de estradas, igrejas, escolas e cadeias.
Ainda na obra do mesmo autor e biografia já citada, lê-se: 

Suspenso temporariamente o serviço, devida a muitas chuvas, foi nesse intervallo incumbido do exame da ponte do Silvestre, na enseada do Brito. (p. 15)

Como se costuma dizer modernamente, "há controvérsias", ou seja, não há consenso sobre o detalhe. Há que se recorrer aos originais dos atos oficiais para desfazer-se o  imbroglio, embora, forçoso admitir, não seja tão relevante assim.  


-=-=-=
 (*) SIC


Um comentário:

I.A.S. disse...

Lendo Henrique Boiteux, no livro que aborda a vida de JOÃO NEPOMUCENO DE MENESES, intitulado *Santa Catarina na Marinha*, constato caso semelhante, onde prevaleceu o DO, em vez do DE.
O escritor catarinense referiu a *enseada DO Pinheiro*, na pág. 13.