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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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domingo, 30 de junho de 2013

Para a frente ou para trás?

As dificuldades (ou má vontade política?) dos governos de todos os níveis para identificar as verdadeiras carências populares é notória, pouco importando o partido que se encontra detendo o poder. Não ouvem as comunidades e acabam por fazer obras suntuosas, que rendem publicidade e comissões, alimentando o monstro da corrupção.
Arruaceiros, bando de ladrões que fazem arrastões não são nenhuma novidade  surgida com os protestos, todos sabemos. Logo, utilizar as ações espetaculosas desses nojentos que roubam descaradamente para tentar coibir as manifestações legítimas constitui rematado exemplo de má fé dos políticos, pior do que a ação deletéria dos outros marginais, que é pontual.

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Se as arruaças de marginais forem motivo para opor-se à continuação das manifestações pacíficas, como se começa a perceber, estará dada aos governos e suas polícias a solução mais fácil contra os protestos e reivindicações. É só incentivar baderneiros. Ou, ainda mais simples, não os reprimir.



Os ataques a bens públicos e a quebradeira são revoltantes. Mas fazem parte da movimentação de protesto em sociedades com presença grande de marginalidade e delinquência. No Brasil temos vários outros casos de oportunismo arruaceiro na violência de torcidas violentas, em festas de massa como a Virada Cultural paulistana e mais. Nem por isso se acabaram os eventos.

As manifestações provocadas pelas passagens de ônibus já trouxeram resultados muito além de sua motivação. A partir dos R$ 0,20 nas passagens, estamos discutindo questões institucionais complexas. Seja o que for que daí resulte, esses temas não terão recuo, deles só se irá adiante, mais cedo ou mais tarde.

É difícil controlar as arruaças. Mas prejudicar, por isso, manifestações de interesse público seria manifestar-se também, mas em marcha a ré.

A CORRERIA

Uma gloriosa exibição de cinismo coletivo --assim se define a repentina eficiência da Câmara e do Senado, demonstrada até na quantidade de horas de atividade parlamentar, além das aprovações de projetos já amarelados pelo tempo e pela perversão política.

As duas Casas do Congresso cumprem o seu dever de ouvir as ruas, dizem os dirigentes do Senado e da Câmara, com ares de pessoas ocupadas. Nos plenários, amplíssimas maiorias aprovam o que frearam ou recusaram, como no episódio inigualável dos ruralistas dando votos favoráveis ao projeto, que os levava à ira, contra o trabalho análogo à escravidão no campo.

Até quando trabalha, o atual conjunto de congressistas é a negação de um Congresso ao menos minimamente respeitável.

O BOM-SENSO

Quatro helicópteros, inúmeros carros e motos da PM, contingentes de repórteres e fotógrafos, todos acompanhando metro a metro a passeata de moradores da Rocinha à moradia de Sérgio Cabral, na praia do Leblon. Tudo preparado pela certeza de uma baderna daquelas.

A PM não deixou que a passeata se aproximasse do acampamento montado, e permitido, por um grupo da classe média diante do prédio de Cabral. Agora, na certa viria o choque. Outra frustração: a passeata apenas tomou o caminho de volta, sob a mesma vigilância. Se alguma coisa foi quebrada, nos dois percursos, é o pé de quem pisou em um dos buracos da avenida Niemeyer recém-recapeada.

A Rocinha perdeu a viagem, mas quem não estava na passeata perdeu muito mais. A mensagem levada a Cabral era uma demonstração prática, e fundamental, da distância entre as alturas políticas e a realidade social: "Não precisamos de teleférico, use esse dinheiro para o saneamento de que nós precisamos". O planejado pelos governos estadual e federal é assim: no alto o bondinho suspenso, embaixo os valões de esgoto aberto entre as casas.

Não houve a baderna, logo, ninguém se interessou pelo que merecia interesse.

Daniel Marenco/Folhapress
Janio de Freitas, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa com perspicácia e ousadia as questões políticas e econômicas. Escreve na versão impressa do caderno "Poder" aos domingo
Fonte: FOLHA DE SP

2 comentários:

Liaseal disse...

"Não houvem as comunidades e acabam por fazer obras suntuosas, que rendem publicidade e comissões, alimentando o monstro da corrupção."

Houvem? Ou ouvem?

I.A.S. disse...

Ouvem, do verbo ouvir (e não do verbo haver), Cara LIASEAL.
Claro que não tem "h".
Obrigado por me alertar para o erro de digitação.
Um forte e respeitoso abraço.