Napoleão chamou de volta, por sua concordata (espécie de Tratado assinado com o Vaticano), os padres, em vez de tratá-los como o Estado trata os médicos, os advogados, os astrônomos, nos quais vê apenas cidadãos, sem se preocupar com a maneira como buscam ganhar a vida. - em itálico um trecho da obra de STENDHAL - O vermelho e negro.
A França, sob Napoleão e o Brasil, sob vários governos - inclusive os rotulados como "comunistas" (*), Lula entre eles - cometeram, por conveniência eleitoreira, o erro - verdadeiro atentado à laicidade estatal - de prestigiar, além do devido, religiosos de todos os matizes.
Religião é coisa de foro íntimo. Que cada qual tenha as suas crenças - mesmo aquelas mais escandalosas e reveladoras de parcos tinos - não diz respeito ao Estado.
Mas, a bem da verdade, não somente os governos, como também os outros poderes (Legislativo e Judiciário) revelam-se vergonhosamente subservientes aos pregadores, dos quais têm medo, "como o diabo da cruz", diriam os cristãos.
Enfim, a grande derrota de Napoleão para a Igreja Católica, continua a ser admitida atualmente por outros governantes, com a agravante de que, no presente, não somente os padres, mais uma verdadeira multidão de outros charlatões impõe suas vontades e conveniências aos interesses públicos difusos.
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(*) - Em prosseguimento a gestões iniciadas durante a visita do papa Bento XVI ao Brasil, em maio de 2007, foi firmado um acordo, ou concordata, entre o Brasil e o Vaticano/Santa Sé, em novembro de 2008, pelo ministro brasileiro das relações exteriores e o secretário de Estado do papa. Em 27 de agosto de 2009, o acordo foi homologado pela Câmara dos Deputados, mediante o decreto legislativo 1.736. Depois de tramitação rapidíssima, ele foi aprovado pelo Senado. Em 11 de fevereiro de 2010, o presidente Lula assinou o decreto 7.107 promulgando a concordata Brasil-Vaticano/Santa Sé.
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