Polícias Civil e Militar estão investigando o caso
Aline Camargo
Uma carta que está sendo distribuída no comércio de Brusque, no Vale do Itajaí, e circula nas redes sociais, de autoria de um grupo que ameaça atacar pessoas vindas de outros estados, é investigada pela Polícia Civil. Ela seria um alerta a imigrantes que vivem no município, de que 28 integrantes de um grupo discriminatório estariam planejando agredir quem vem de fora. No texto, a justificativa para a ameaça seria a perturbação de sossego.
Um diretor da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), que preferiu não se identificar, recebeu uma versão impressa da carta. Preocupado, pediu que a entidade informasse a Polícia Militar sobre a mensagem.
— Ele não quis levar diretamente, mas ficou preocupado porque tem vários funcionários baianos que trabalham na empresa e que ficaram assustados. Por isso pediu que levássemos a carta para a polícia — revela o diretor executivo da Acibr, Candido Godoy.
O comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar (PM), tenente-coronel Heriberto Rocha Peres, diz que o Setor de Inteligência está monitorando a situação para buscar uma forma de punir os responsáveis pela mensagem. A Polícia Civil de Brusque soube da carta pela internet.
O delegado Ismael Gustavo Jacobus diz que o caso é investigado e não tem maiores detalhes. Porém, destaca as consequências do choque cultural que acontece na cidade:
— Isso causa conflitos que acabam em agressões e brigas de vizinhança. É o discurso de uma parcela da população brusquense para parte da população de outras regiões que fomenta o preconceito.
O mestre em História do Brasil Meridional, Marlus Niebuhr, observa que as últimas três décadas que registraram migrações de paranaenses e baianos para Brusque é um tempo curto para avaliar se há choque cultural com a população local. Ele reforça que desde a formação do município, a cidade recebeu imigrantes de diferentes etnias: irlandeses, portugueses, alemães, italianos, africanos, entre outros.
— Esta coisa pejorativa remonta desde a colonização alemã, quando imigrantes de uma região brincavam de forma depreciativa sobre conterrâneos de outras regiões —explica Niebuhr.
Para a titular promotora Susana Perin Carnaúba, a carta que circula nas redes sociais não identifica a formação de um grupo de extermínio, mas precisa ser considerada:
— Grupo de extermínio não avisa, vai lá e faz. Mas não vejo isso, até porque essa atitude iria contra o que eles dizem querer, que é sossego. Quem quer paz não vai buscar isso matando outras pessoas.
Susana também destaca que o índice de criminalidade de Brusque é considerada baixo em comparação às cidades da região:
— Mesmo com o crescimento da população, Brusque ainda é considerada uma cidade tranquila nesse ponto. Gaspar, Camboriú, Itajaí e até Blumenau vivem uma realidade muito pior.
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