Dilma (Brasil), Cristina (Argentina) e Michelle (Chile) estão sendo vítimas de machismo?
Só para lembrar, mesmo antes de lançar oficialmente sua candidatura, a Hillary Clinton, nos Estados Unidos, já foi atacada com uma história envolvendo e-mails.
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Bachelet desmente rumor de renúncia em meio a pressão por escândalo de corrupção no Chile
Victor Farinelli | Santiago
Caso apura participação de filho de Bachelet na concessão de empréstimos à empresa da esposa por um banco que financiou a campanha presidencial
“Não pensei em renunciar, nem penso em fazê-lo. De maneira nenhuma”, disse nesta quarta-feira (08/04) a presidente chilena, Michelle Bachelet, em meio ao escândalo de corrupção que afeta seu governo. Diante de rumores espalhados na imprensa de que estaria estudando afastar-se do cargo, a líder do Partido Socialista declarou: “Isto seria uma quebra institucional”.
Apesar do desmentido, o boato sobre a possível renúncia da presidente soma mais um capítulo à crise institucional instalada na política chilena, que, embora envolva partidos governistas e opositores, levantou suspeitas sobre a atuação do filho, Sebastián Dávalos, e da nora, Natalia Compagnon, da mandatária.
Agência Efe
Presidente Michelle Bachelet veio a público para desmentir boato de que estaria estudando renunciar ao cargo
“Existe corrupção no Chile, mas não é generalizada, e o fato de que se descubram casos, se investigue e se puna os responsáveis significa que a instituição funciona, e é esse o sinal de confiança que a cidadania espera”, afirmou Bachelet.
"O fato de que se esteja investigando seus próprios familiares ou que haja empresários em prisão preventiva demonstra que o governo do Chile não está tentando ocultar nada", assegurou Bachelet. E prosseguiu: "Aqui não há cidadãos de primeira e de segunda classe", destacou a chefe de Estado, cuja popularidade caiu abruptamente nas últimas semanas, segundo mostram as pesquisas.
“Noragate”
Filho mais velho da presidente, Dávalos renunciou em fevereiro ao cargo de diretor sociocultural que ocupava, tentando colocar fim aos questionamentos sobre supostos conflitos de interesse. Dávalos vinha enfrentando pressão desde o mês anterior, quando a imprensa chilena divulgou um empréstimo entregue pelo Banco do Chile, no valor de 2,5 bilhões de pesos (R$ 11,5 milhões), para a empresa da esposa, a empresária Natalia Compagnon, dias depois da vitória de Bachelet no segundo turno.
A nora de Bachelet havia investido em um empreendimento imobiliário de alto risco, e, para isso, obteve crédito de um banco privado que foi um dos principais financiadores da campanha presidencial de Bachelet.
Antes de confirmar a renúncia, Sebástian Dávalos, a primeira vítima do escândalo conhecido como “Noragate”, se defendeu da denúncia dizendo que não havia cometido ilícito algum, já que o Banco do Chile é uma instituição privada e que o negócio não envolveu dinheiro público. No entanto, afirmou que compreendia “o mal-estar da opinião pública, e que a situação causava dano à imagem da presidente da República”.
Para lidar com o escândalo, Em março, a presidente criou uma comissão de especialistas para levantar propostas anticorrupção, que foi criticada pelos movimentos sociais, por contar com representantes dos partidos. O deputado independente Giorgio Jackson, oriundo do Movimento Estudantil chileno, afirmou que “essa iniciativa carece de sensibilidade, porque a sociedade não ficará satisfeita com uma solução nascida a partir dos próprios suspeitos de corrupção”.
Agência Efe
Natalia Compagnon, nora da presidente Michelle Bachelet, deixa o prédio da promotoria após prestar depoimento sobre o caso
Oposição: caso Penta
Antes de eclodir o “Noragate”, outro escândalo, em 2014, já havia vindo à tona envolvendo partidos da oposição, num esquema em que se triangulava lavagem de dinheiro através do financiamento de algumas campanhas políticas com recibos falsos. A operação foi montada pelo Grupo Financeiro Penta, um dos mais importantes do país, e envolvia políticos da direita, principalmente do partido UDI.
Mais tarde, outro flanco investigativo apareceu, com o mesmo enredo do esquema entre a empresa Penta e políticos da UDI, mas dessa vez protagonizado pela empresa mineira Soquimich e relacionado com políticos de quase todos os partidos chilenos, inclusive alguns ligados ao governo. Uma das acusações do Caso Soquimich envolve o democrata cristão Alberto Undurraga, atual ministro de Obras Públicas.
O capítulo sobre a participação de governistas no Caso Soquimich também causou polêmica porque a participação de deputados de esquerda no esquema criou também uma controvérsia ideológica, já que a Soquimich é conhecida por ser uma das empresas símbolos do pinochetismo.
O dono da Soquimich é Julio Ponce Lerou, ex-genro de Pinochet, que recebeu a empresa quase herdada através das privatizações realizadas durante a ditadura. Seu principal assessor financeiro desde os 2000 é Hernán Büchi, ex-ministro da Fazenda durante a ditadura e um dos mais renomados Chicago Boys – economistas chilenos formados na Universidade de Chicago, orientados pelo professor Milton Friedman, que impulsaram as bases da doutrina neoliberal no país durante o regime de Pinochet – e possui outros famosos pinochetistas em sua direção executiva, como os economistas Patricio Contesse e Pablo Wagner, sendo este último ex-subsecretário de Mineração do governo de Sebastián Piñera (2010-2014) e também envolvido nos escândalos de corrupção.
Fonte: OPERA MUNDI
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