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quarta-feira, 29 de abril de 2020

ESPERANÇA DE UM HISTORIADOR OTIMISTA

Das condições físicas aí ligeiramente esboçadas decorre a salubridade geral do país. Todos os cronistas dos primeiros séculos têm uma só palavra de admiração pela excelência da terra. O único mal que atacava os índios em certas situações era a malária. Mas, êsse mesmo não se conhecia nos núcleos policiados. 
Com o tempo isso mudou. Aumentava a população, formavam-se grandes centros, que se punham em comunicações com outros portos do exterior, e sem que a essas mudanças correspondessem medidas de cautela contra os "ares novos" que assim se iam criando. 
Começamos, pois, a perder, desde o século XVI, a nossa imunidade contra invasões de epidemias; e para isso, além das causas referidas, concorria também a importação de africanos em massa. Por cêrca de duzentos anos (de 1666 a 1880) os morbos que nos invadiram quase todos levaram a flagelar-nos periodicamente; e alguns, de certa época em diante, com insistência tal que chegaram a persuadir de que se tratava mesmo de males endémicos, ou quando menos, de epidemias sempre iminentes, de modo especial o da febre amarela, que todo mundo acreditava ser o nosso grande inimigo, e que afinal foi completamente extinta em todo o país. 
E umia observação que a ninguém escapa é que, desde que começamos a proscrever a velha desídia por tudo quanto respeita à higiene e à saúde pública, também melhorou a salubridade geral do nosso meio. 
A julgar pela coragem com que se reage em toda parte contra a incúria colonial, tudo nos autoriza a confiar que o Brasil vai ser em breve outra vez o que foi como natureza — terra capaz de criar homens fortes e sãos, tal como a encontraram os primeiros europeus que vieram aqui viver.

Excertos de  História do Brasil, de ROCHA POMBO

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