Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



segunda-feira, 4 de maio de 2020

ALDIR BLANC e a história do "ALMIRANTE NEGRO"

Imagem


Desde já, caro leitor, tire da sua cabeça, que eu esteja a fazer "reclame" da Antártica.

Na verdade, estou a homenagear o compositor ALDIR BLANC, falecido agora, que juntamente com João Bosco, compôs a música Mestre Sala dos Mares e aproveitando para relembrar o episódio histórico que serviu de inspiração à dupla da foto.

Seguem a letra e a história do "Almirante", contada por um historiador profissional. 
-=-=-=-
E, por falar em historiador, o presidente anti-cultura atual andou vetando a lei que regulamentava a profissão, e o que se pode dizer de tal decisão é que atenta contra a preservação da memória da nação.
Mas, por que motivo Bolsonaro não gosta de historiadores? 
Talvez porque ele e seu destrambelhado Ministro da área antevejam o que os profissionais da História irão escrever sobre as suas figuras patéticas, desastrosas para os destinos do Brasil, incluindo as muitas "lutas inglórias" dos que se batem contra esse governo despótico.
-=-=-=-

Mas, voltemos ao que interessa. Coincidentemente, estou a reler a obra dos historiadores CARLOS URBIM, LUCIA PORTO, MAGDA ACHUTTI e EMILIANO RUBIM, intitulada  Rio Grande do Sul - Um século de História Edit. Mercado Aberto Ltda/P. Alegre-RS/1999) e no vol. 1, p. 208 a 210 encontra-se sintetizada a revolta da Chibata, que também é contada pelo historiador abaixo: 

REVOLTA DA CHIBATA E O MESTRE-SALA DOS MARES

ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM


Nesta proposta de aula, o professor poderá debater com os alunos temas como racismo e repressão, tendo por base a música Mestre-Sala dos Mares, referente à Revolta da Chibata.


A música Mestre-Sala dos Mares, de Aldir Blanc e João Bosco, é um interessante ponto de partida para se discutir em sala de aula a repressão contra os movimentos populares durante a República Velha. Tendo como tema a ação de João Cândido durante a Revolta da Chibata, a música busca manter viva na memória popular a ação dos marinheiros contra o racismo, os castigos físicos e as péssimas condições de trabalho na marinha brasileira.

Um primeiro passo a ser dado é apresentar aos alunos a música para que eles possam entrar em contato com a letra e a melodia. 

Peça que os alunos apontem na letra o que eles conseguem identificar sobre esse fato histórico. Depois faça um glossário com os alunos, indicando as palavras cujo significado é desconhecido por eles.

Posteriormente, divida a turma em quatro grupos para realizar uma pesquisa no laboratório de informática da escola. Cada grupo ficará responsável pelo levantamento de informações referentes aos seguintes assuntos:

- a forma de recrutamento dos marujos pela marinha no final do século XIX e início do XX. Muitos dos marujos eram recrutados compulsoriamente, sendo a maioria descendente de escravos, ficando sob as ordens dos oficiais brancos. É possível, neste ponto, discutir sobre o racismo que ainda permanecia nas Forças Armadas brasileiras, mesmo após o fim da escravidão, uma breve biografia sobre a vida de João Cândido, buscando inseri-lo no contexto social da época;

- os fatos da Revolta da Chibata, como a luta por melhores condições de trabalho e contra os castigos físicos, que haviam sido extintos da legislação brasileira, permanecendo apenas na Marinha;

- as tentativas de manter viva a memória dessa luta e as ações de repressão frente a isso. Pode ser citada a recusa da Marinha em aceitar a colocação de uma estátua de João Cândido na Praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro, a recusa no pagamento de uma pensão aos familiares do almirante negro e a própria censura imposta à música de João Bosco e Aldir Blanc pelo regime militar de 1964-1985, com a alteração de vários termos.

Como avaliação desta atividade, o professor deverá pedir a elaboração de um texto com o resultado da pesquisa e uma apresentação oral desse mesmo resultado por cada um dos grupos, para que todos da turma possam ter acesso às informações. Durante este momento da atividade, o professor poderá estimular um debate, direcionando as análises para a questão do racismo, da repressão contra os movimentos populares, a atuação dos governos da República Velha nesses casos e a busca por manter viva a memória desses fatos da história brasileira.

Abaixo segue a letra da música Mestre-Sala dos Mares.

O Mestre-sala dos Mares.

João Bosco/Aldir Blanc

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu.

Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala.
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas.

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então:

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias.

Glória à farofa
à cachaça, às baleias.

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais.

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais.

Mas salve.
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais.

Mas faz muito tempo.

Por Tales Pinto - Graduado em História
Fonte: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/revolta-chibata-mestre-sala-dos-mares.htm

Devidamente desancados o fascista que ocupa a Presidência e seu apedeuta que ocupa o Ministério, dou por encerrada a presente homenagem, a qual, em verdade, homenageia três pessoas: JOÃO CÂNDIDO, ALDIR BLANC e JOÃO BOSCO, além dos historiadores, é claro. 

Nenhum comentário: